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Como a desigualdade de gênero prejudica a economia

Saiu no site EXAME

 

Veja publicação original:   Como a desigualdade de gênero prejudica a economia

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Uma série de estudos prova que a maior igualdade entre os gêneros melhora o desempenho econômico dos países e, consequentemente, a vida das pessoas

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Por Ligia Tuon

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São Paulo — Quem já estudou o tema, confirma: as gerações atuais e futuras podem se beneficiar enormemente se o mundo caminhar para uma maior igualdade entre homens e mulheres.

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Cerca de 49% das mulheres no mundo estão inseridas no mercado de trabalho, contra 75% dos homens, de acordo com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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São 26 pontos percentuais de diferença. No caso do Brasil, a situação é só um pouco melhor: 56% de participação entre as mulheres contra 77% entre os homens.

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O dado foi destacado recentemente pela economista Monica de Bolle em um vídeo no seu Twitter, onde ela questionou: o que aconteceria se a participação fosse equiparada?

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“A OIT fez essa conta e chegou à conclusão de que num período de 8 anos, isso levaria a um crescimento de 6 pontos percentuais adicionais na economia brasileira”, diz de Bolle.

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Uma série de estudos chegou de formas diferentes à conclusões similares. Um deles, feito no ano passado pelo Banco Mundial, calcula que a riqueza total no mundo teria uma alta de 14% se fosse alcançada a igualdade salarial entre homens e mulheres.

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Globalmente, para os 141 países analisados, a perda em riqueza de capital humano devido à desigualdade de gênero é estimada em US$ 160 trilhões, cerca de duas vezes o valor do PIB global.

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“Alcançar a igualdade de gênero traria benefícios dramáticos para o bem-estar e a agência de mulheres e meninas. Isso, por sua vez, beneficiaria enormemente seus lares e comunidades e ajudaria os países a alcançar seu pleno potencial de desenvolvimento”, diz o documento.

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Como isso acontece

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O estudo do Banco Mundial também mostra que filhos de mães jovens e com pouca instrução correm mais risco de morrer antes dos cinco anos de idade, de desnutrição e de ter um péssimo desempenho escolar.

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No Brasil, a fragilidade social das mães afeta diretamente a mortalidade masculina e dificulta a redução dos níveis de violência, ressalta Carmen Miguele, professora da FGV. Segundo ela, quase metade dos lares das classes C, D e E são liderados por uma mulher sozinha.

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“O abandono parental afeta boa parte das mulheres de baixa renda. Essa mulher fica numa situação vulnerável no mercado de trabalho e tem baixa flexibilidade para se destacar”, explica.

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Uma publicação da organização americana Council of Foreign Relations destaca que a literatura acadêmica encontrou correlação positiva entre igualdade de gênero e cumprimento de direitos econômicos e sociais, assim como evidências que a saúde das crianças é influenciada positivamente pelo poder de barganha das mulheres em casa.

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Estudos também mostram que taxas mais baixas de fecundidade e aumento do nível educacional das mulheres têm efeito positivo sobre o crescimento.

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Elas trabalham mais e estudam mais, mas ganham menos

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As mulheres brasileiras trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A conta leva em consideração trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas.

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Essas tarefas paralelas são o que a professora da Facamp (Faculdades de Campinas) e doutora em economia, Daniela Salomão Gorayeb, chama de “trabalho de reprodução”.

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Ele está relacionado com a própria gravidez, mas também com o cuidado com dependentes, sejam eles crianças ou idosos que não podem mais se inserir no mercado de trabalho.

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“Esse universo, tanto no Brasil como no mundo, cai muito sobre as mulheres, o que as torna menos disponíveis ao trabalho remunerado”, explica Gorayeb.

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Ela nota que no Brasil, as mulheres trabalham 20 horas por semana nos afazeres domésticos, o dobro de horas dos homens.

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Isso ajuda a explicar porque a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por tempo parcial também é o dobro daquela registrada entre os homens (28,2% contra 14,1%).

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Além da taxa de desemprego delas (14,9%) ser mais alta do que a deles (10,9%), as mulheres são maioria da força de trabalho subutilizada, ou seja, daquelas pessoas que tem jornada de trabalho inferior a 40 horas e desejam trabalhar mais.

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Quase um terço da força de trabalho feminina está nessa situação e o cenário se agravou no primeiro trimestre, de acordo com um estudo feito por Daniela com Juliana de Paula Filleti e Maria Fernanda Cardoso de Melo, também economistas da Facamp.

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A análise, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, mostra que as mulheres recebem, em média, 81% da remuneração masculina: R$ 2.142 contra R$ 2.644.

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Essa diferença, segundo o estudo, também se dá pela maior participação das mulheres em posições mais precárias de emprego e de ocupação.

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E ao contrário do que se pode pensar, quanto maior o nível de escolaridade, maior a desigualdade salarial. Segundo os dados do PNAD, mulheres com maior nível de escolaridade recebem em média apenas 64,3% dos rendimentos de homens na mesma situação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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