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Por que nós, mulheres, estamos sempre pedindo desculpas?

Saiu no PORTAL GELEDÉS

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Nos últimos dias andei pensando muito no significado da palavra “desculpa”. Essa reflexão nasceu depois de uma reunião de trabalho, quando foi apresentado a mim e ao meu time uma proposta de campanha que girava em torno do tema. Na hora, eu e boa parte da equipe, majoritariamente formada por mulheres, pensamos “será que nós, mulheres, pedimos tantas desculpas assim?”. A resposta logo apareceu.

Em diversas reuniões e ações do meu dia a dia em que, quase como vício de linguagem, um pedido de desculpas saía. Foi a partir daí que me questionei: por que as mulheres estão sempre pedindo desculpas? Por que expressamos essa palavra em excesso sempre antes de nos posicionarmos ou simplesmente para justificar ações do cotidiano?

Estudos mostram que esse fenômeno tem raízes histórico-culturais e religiosa que serve como elemento estruturante e legitimador de tal prática, entre outras tantas que nós, mulheres, sofremos diariamente. Recordo das barreiras que ultrapassei, mesmo sendo privilegiada, de todos os mitos que fiz cair e vejo o legado que eu ainda posso deixar às mulheres: acreditem que podem chegar aonde quiserem, sem medos de rejeições, autocríticas ou sentimentos de inferioridade.

Durante minha carreira, muitas vezes eu olhei para cima e só vi homens em cargos de liderança e me questionava: “Será que uma mulher consegue chegar lá?”. Aprendi que minhas visões precisavam ser escutadas, não podia me desculpar apenas pelas minhas opiniões ou me justificar sem necessidade. O lugar da mulher é onde ela quiser estar, sem medo e culpa. Parece fácil falar, mas exige de nós nos despirmos todos os dias de pré-conceitos enraizados na nossa sociedade.

Somos ensinadas que não somos responsáveis só pelos nossos próprios sentimentos, mas também pelo dos outros. Meninas são ensinadas a respeitar mais o que as outras pessoas pensam do que seus próprios pensamentos ou sentimentos. Acredito que a superação vem muito da inspiração, de olhar ao meu lado e estar sempre rodeada de outras mulheres de muita força que movem esse mundo. Por isso acredito muito numa palavra: referência. As mulheres precisam ter uma referência, precisam olhar para onde elas podem chegar e ver que outras já chegaram lá.

Não precisamos ter medo de errar ou pedir desculpas desnecessárias, fatos que podem trazer um sentimento de inferioridade e extrema cobrança. Pelo contrário, existe uma teoria empresarial, chamada “fail foward”, que significa errar, entender e seguir em frente. Não podemos ter receio de assumirmos o nosso potencial e valorizarmos as nossas capacidades. Precisamos nos aceitar em primeiro lugar, sem justificativas ou perdões por sermos nós mesmas.

Hoje, posso me apropriar do meu lugar de privilégio para transformar situações e atitudes que percebo que foram impostas e disseminadas ao longo de décadas, como crenças estruturais, que não têm razão de existir. Como SVP de Marketing da PepsiCo, estou sempre atenta ao poder que as campanhas têm na sociedade.

A mulher tem como referência ser perfeita, sem defeitos e, qualquer discrepância com esta realidade diminui sua autoestima. Pensamentos como esses costumam vir à cabeça: “desculpa por não estar ‘em forma’”; desculpa por não estar com meu cabelo impecável; desculpa se estou comendo minha sobremesa favorita, a partir de amanhã começarei a dieta. Justificativas e pedidos de desculpas por serem elas mesmas, querendo viver o mito da mulher perfeita.

Nesse contexto, vejo no marketing com propósito uma forma das empresas também auxiliarem na desconstrução dos padrões impostos pela sociedade. Eu acredito que marcas, campanhas e ações que caminham junto às mulheres para que despertem sua autoaceitação são essenciais. Elas convidam as mulheres a assumirem seu talento, poder e brilho próprio, tirando a culpa de suas cabeças e as desculpas de suas falas. Mulheres inspiram mulheres, é o que costumo dizer.

Aprendi que não precisamos ser super-heroínas e dar conta de tudo. E tenho certeza de que esse entendimento é fundamental para que eu esteja vivendo, hoje, os melhores anos da minha vida – e aqui não me refiro apenas à minha vida profissional. Sim, tenho cabelos brancos e fico feliz quando recebo mensagens de mulheres que dizem ter se inspirado em mim para seguir por esse caminho.? Não peço desculpas ou justificativas por mantê-los dessa forma, eu digo: Obrigada. E me sinto bem com essa conexão.

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