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Passageiras relatam assédio sexual no transporte urbano de Uberlândia; campanha é feita na cidade

Saiu no site G1

 

Veja publicação original:  Passageiras relatam assédio sexual no transporte urbano de Uberlândia; campanha é feita na cidade

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Empresas de ônibus aderem à ação para incentivar denúncia. Constrangimento dificulta iniciativa para registrar crimes, segundo afirmam vítimas.

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Por Caroline Aleixo

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A importunação sexual dentro de ônibus do transporte urbano de Uberlândia é uma prática que gera revolta em muitos passageiros e especialmente para mulheres que são vítimas desse tipo de crime.

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Duas delas relataram ao G1 que passaram por constrangimento no ano passado depois de terem sido assediadas enquanto utilizavam o serviço.

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Para evitar situações assim, as empresas de ônibus que compõem o Sistema Integrado de Transporte (SIT), com o apoio da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settran), lançaram uma campanha em novembro e que continua vigente para conscientizar os usuários. O objetivo é incentivar a denúncia, uma vez que em muitos casos as vítimas se calam.

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Relatos

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A gerente Dayanne Assis, de 27 anos, foi tocada por um homem com idade aparente de 60 anos. A uberlandense estava no ônibus da linha T131 que seguia do Terminal Santa Luzia ao Central, quando o autor sentou no banco ao lado dela e praticou o ato.

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A jovem conta que estranhou em um primeiro momento porque havia outros bancos disponíveis e o passageiro, que tinha o costume de sentar nos bancos ao fundo do veículo, escolheu o dela. Em alguns instantes, ele colocou a mochila no colo e com a outra mão apertou a bunda de Dayanne.

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“Eu fiquei muito revoltada e nervosa. A minha reação foi pegar a mochila e arremessar contra o rosto dele. Gritei e ele saiu rapidamente para descer no próximo ponto. Depois eu chorei muito, me senti suja”, disse.

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A gerente chegou a vê-lo duas semanas depois fazendo o mesmo com uma passageira. Ao gritar, o homem teve a mesma atitude de sair disfarçadamente e descer do veículo sem dar tempo para que outros passageiros pudessem reagir. Ela chegou ao terminal e avisou um dos agentes do transporte sobre o suspeito assediar as vítimas nos ônibus da linha.

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“Ela [mulher] nunca vai pedir pra ser assediada”

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Uma moradora do Bairro Tubalina, de 17 anos, utiliza o transporte público com frequência e, em um dos trajetos da escola para a casa foi constrangida por um homem que começou a se esfregar no corpo dela.

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O caso aconteceu dentro do ônibus T141 – que faz a linha Terminal Planalto ao Terminal Central – no primeiro semestre de 2018. O nome não foi divulgado por questão de segurança.

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“O ônibus estavam muito lotado e, quando eu percebi, tentei empurrá-lo. Eu fiquei incomodada e desci em um ponto antes da minha casa para me ver livre daquela situação. Apenas quando eu desci, criei coragem e gritei para ele ‘relar na mãe dele’”, relembrou.

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Desde então, a adolescente tem receios de utilizar o transporte e sempre fica atenta para evitar ônibus muito lotado e conseguir um lugar para sentar e se sentir menos vulnerável. Ela ainda defendeu a importância de uma consciência geral da sociedade acerca do tema.

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“Eu estava de calça jeans e uniforme da escola. Então não importa a roupa que a mulher esteja vestindo, ela nunca vai pedir pra ser estuprada e assediada. A gente tem que ser mais conscientizado e esse assunto deve ser falado mais”.

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É preciso denunciar

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Em 2018, a importunação de natureza sexual passou a ser tratada como crime e não apenas contravenção penal mais.

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A legislação federal visa coibir a atitude criminosa e despertar a atenção para que as pessoas possam denunciar, uma vez que os registros são inexpressivos em relação à recorrência do crime principalmente no transporte coletivo.

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Assédio de natureza sexual contra mulheres no transporte público é crime, conforme lei sancionada em setembro de 2018 — Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilAssédio de natureza sexual contra mulheres no transporte público é crime, conforme lei sancionada em setembro de 2018 — Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) registrou, de janeiro a novembro de 2018, apenas quatro casos de importunação ofensiva ao pudor em ônibus em Uberlândia. No ano retrasado, foram seis no período.

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Os dados fazem parte do Observatório de Segurança Pública Cidadã e englobam não apenas o transporte público.

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Nos dois casos citados pelo G1, as vítimas se sentiram constrangidas e não denunciaram formalmente os crimes. O agravante também foi que, mesmo alguns passageiros terem percebido o incômodo delas, ninguém reagiu para tentar conter os homens.

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G1 entrou em contato com as empresas de ônibus para saber se os profissionais do transporte têm recebido algum tipo de orientação para lidar com esses casos no interior dos veículos ou nas estações e terminais.

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O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Triângulo Mineiro (Sindett) informou que orientação é para que, no caso de ocorrência, encaminhe o cliente ao posto mais próximo da Polícia Militar para que as devidas providências sejam tomadas. Também é dado um suporte com apresentação das imagens das câmeras de segurança dos ônibus para auxiliar na busca pelo responsável.

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Campanha em Uberlândia

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Desde o ano passado, o Sistema Integrado de Transporte (SIT) realiza uma ação para orientar passageiros. A campanha atende à lei municipal 13.004/2018 que obriga a fixação de cartazes nos ônibus com o número de telefone do Disque Denúncia 100 e do número da Polícia Militar (190).

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Cartazes são fixados em ônibus e estações de Uberlândia  — Foto: Sindett/DivulgaçãoCartazes são fixados em ônibus e estações de Uberlândia — Foto: Sindett/Divulgação

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