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Como empoderar uma adolescente!

Saiu no site ARATU ONLINE:

 

Veja publicação original: Como empoderar uma adolescente!

 

No segundo semestre de 2017, a emissora Freeform lançou uma nova série: The Bold Type. O canal, que é voltado para adolescentes, investe agora em uma história sobre três mulheres, antes dos 30, correndo para alcançar suas metas de vida. Após assistir aos sete episódios que foram exibidos até agora (serão nove no total), algumas sensações vieram à tona.

A primeira delas foi a importância de um conteúdo como este existir, ainda mais considerando seu tipo de espectador e o momento atual que, como em muitas épocas, clama por representatividade e discursos de empoderamento. Apesar de alguns elementos clichês na trama e uma linguagem mais simples, voltada para o
público padrão de adolescente, The Bold Type é um programa feminista!

Alguns motivos podem ser delineados para explicar tal afirmação, a começar pelo fato das três personagens principais Sutton (Meghann Fahy), Kat (Aisha Dee) e Jane (Katie Stevens) serem mulheres bastante independentes, que possuem como foco principal suas carreiras em uma revista teen chamada Scarlet. Ainda que, na primeira camada, elas demonstrem dar forte relevância para suas vidas amorosas – o que não seria algo necessariamente ruim, mas já muito visto em seriados adolescentes e de uma forma não muito positiva -, os seus desejos da carreira e forma de viver, vontades e sonhos são a chave para o sucesso da trajetória delas.

Questões políticas são inseridas no roteiro de forma leve, que podem realmente gerar interesse nas meninas que consomem a série. Em uma cena, a chefe da revista fala algo que posteriormente é bastante repetido: “As jovens querem se envolver com política”. Este tipo de discurso é motivador e pode inspirar o seu público, ainda mais que esta questão não é tratada de maneira rasa na trama. Kat e Jane são muito engajadas, escrevem e debatem sobre o assunto. A postura das garotas perante o mundo e como elas quebram as barreiras deixadas pela sociedade também possui um tom de empoderamento. Mesmo existindo um olhar preconceituoso, as duas deixam bem claro
que não é o fato de trabalharem em uma publicação para leitoras mais novas não exclui pôr em pauta assuntos mais sérios. Fica posto então uma reflexão para quem assiste o seriado: você pode se identificar com este conteúdo ou ir descobrir como conhecê-lo mais, não se limite pelas normas comuns impostas pelo mundo.

Outro ponto alto da produção é a dinâmica estabelecida entre as personagens femininas. A sororidade é bastante mostrada quando as personagens femininas querem o tempo inteiro ajudar umas as outras e fazer o que puderem para que a companheira alcance o sucesso. Inclusive, a chefe da Scarlet, Jacqueline Carlyle (Melora Hardin) foge da
personalidade “O diabo veste Prada” e segue mais no estilo mentora. É bonito observar seu cuidado, atenção e firmeza para com as jovens profissionais. Ela as entende e busca mostrar caminhos para a libertação, a felicidade e a concretude de seus propósitos.

Porém, o que mais chama a atenção em The Bold Type é o relacionamento de Kat Edison com Adena El Amin (Nikohl Bossheri). Enquanto a primeira é uma estadunidense, negra, ligada às novas tecnologias e diretora das mídias sociais da Scarlet, a segunda é uma mulçumana lésbica, artista e ativista social. As personalidades e conflitos de cada uma são tratadas com respeito, cuidado e sensibilidade, fica claro que Kat é uma jovem conectada, com medo de relacionamentos sérios e criada com conforto, numa família classe média. Enquanto isso, Adena precisou batalhar para se libertar das crenças e costumes de sua religião e encarar sua sexualidade. Mas, nada disso é caricato, os diálogos e interpretações buscam sempre um tom de naturalidade, pois é essa a proposta dada pela produção – poderia ser uma caricatura e dar certo, contudo isto já é outra discussão. Além disso, o caminho do ship é feito com paciência e sem fetichização, é o encontro de duas mulheres fortes que se apaixonam e ponto.

The Bold Type ainda está na metade da primeira temporada, mas consegue, até o momento, realizar um trabalho bem feito. Ainda que tecnicamente existam alguns problemas, como diálogos expositivos, ou não vá muito além do comum, é em seu discurso feminista que ela eleva sua qualidade. Sem obviedades ou esforço, o seriado passa para a nova geração – e quem mais possa se interessar – o poder das mulheres e a força delas quando se unem em prol de uma causa.

 

 

 

 

 

 

 

 

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