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Viva a Revolução! Há 230 anos, um grupo de mulheres deu uma lição de cidadania ao rei da França. Ele obedeceu.

Saiu no site O GLOBO

 

Veja publicação original:   Viva a Revolução! Há 230 anos, um grupo de mulheres deu uma lição de cidadania ao rei da França. Ele obedeceu.

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Movimento conhecido como Marcha das Mulheres a Versalhes forçou Luís XVI a voltar a Paris e precipitou uma mudança radical na política francesa

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Senta que lá vem História! Era 5 de outubro de 1789, e a Revolução Francesa estava em pleno curso. A Bastilha tinha sido tomada em 14 de julho (que, hoje, é a data nacional da França), e os revolucionários exigiam o retorno do rei Luís XVI a Paris. Um movimento de mulheres foi o estopim para a tomada de Versalhes.

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Há exatos 230 anos — na manhã de 5 de outubro de 1789 — as mulheres protestavam nos diversos mercados da capital francesa. Sim, eles ja eram muitos naquela época. Elas reclamavam da falta de alimentos e do alto preço do pão . Escassez de víveres, violência nos mercados e inflação galopante eram parte da realidade da população que chegava a gastar quase a metade de seus rendimentos para comprar… pão.

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Não há mulher que aguente uma realidade dessas. Por isso, um grupo delas, reunido em uma manifestação de espírito revolucionário no mercado de Faubourg Saint-Antoine, obrigou uma igreja próxima a badalar seus sinos, o que fez com que outras mulheres, vindas de outros mercados da cidade, se juntassem a elas. Logo, elas eram milhares a protestar ao som dos sinos de diversas igrejas. Munidas de facas de cozinha e de outras armas improvisadas, marcharam.

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Concentradas em frente ao Hôtel de Ville , receberam o apoio dos revolucionários e uniram-se ao povo no grito por armas e pão. Logo eram dez mil pessoas — e muitas mais se juntaram ao grupo — marchando em direção a Versalhes, onde estavam o rei, a corte e membros da Assembleia Nacional. Esse episódio ficou conhecido como Marcha das Mulheres a Versalhes, ou simplesmente Marcha a Versalhes, ou ainda Jornadas de Outubro.

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Mas por que a marcha foi importante?

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Depois da Queda da Bastilha, a corte e os deputados da Assembleia Nacional Constituinte se reuniram em Versalhes para discutir mudanças na política francesa. Com os decretos de agosto, os reformistas conseguiram abolir os privilégios da nobreza e do clero. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (a dramaturga Olympe de Gouges fez uma versão “feminista”, a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã) foi promulgada. Quando, em setembro, chegou a hora de se discutir uma constituição permanente, monarquistas e conservadores, ensaiaram uma reviravolta. Isolados em Versalhes – e com planos de transferir a Assembleia para Tours -, eles conseguiram impor o veto legislativo do rei. Ou seja, se Luís XVI não gostasse, poderia vetar uma nova lei. E ele já tinha aprovado apenas uma parte dos decretos de agosto e manifestado suas reservas em relação à Declaração dos Direitos do Homem e doCidadão. Era, portanto, necessário levar rei, corte e deputados de volta a Paris, onde o clima era reformista.

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E assim foi feito. A marcha iniciada pelas mulheres no mercado de Faubourg Saint-Antoine, agora já acrescida de uma multidão de parisienses famintos e reformistas, partiu do Hôtel de Ville para Versalhes. Consta que os deputados reformistas Mirabeau e Robespierre, que a história tornou célebres, ouviram as reinvindicações das mulheres. O presidente a Assembleia Nacional, Jean Josehph de Mounier levou seis mulheres, escolhidas como líderes pela multidão, ao apartamento do rei para que ele ouvisse as suas demandas. Pouca coisa é bobagem…

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Com a promessa de distribuição de alimentos, parte dos manifestantes voltou a Paris. Os que ficaram do lado de fora do Palácio de Versalhes, insatisfeitos com a conduta de Luís XVI, invadiram o palácio. Muitos diziam que a rainha Maria Antonieta, que nunca quis abrir mão de seus privilégios, o convenceria a mudar de ideia (nota machista da História: Maria Antonieta era chamada de “cadela” e “prostituta” pelos reformistas).

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No fim, mais de 60 mil pessoas acompanharam a família real e cem deputados de volta a Paris. O final da História, conhecemos: a constituição francesa foi aprovada em 1791 e, dois anos depois, em 1793, o rei Luís XVI morreu na guilhotina. As mulheres? Passaram a ser chamadas de ” mães da nação “, foram homenageadas e requisitadas em diversos outros momentos do longo processo revolucionário. Desde então, têm sido muitas as tentativas, pelo mundo, de calar as mulheres na política. Mas, como aprendeu Luís XVI, isso não é possível.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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