Saiu no O GLOBO.
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A pandemia de Covid-19 parece ter parado o tempo e cristalizado 2020 como um ano apenas doloroso, cheio de medo e perda, estático e inútil. Ao longo deste ano, muito lemos (e escrevemos) sobre os impactos negativos que o coronavírus teve e terá, no longo prazo, sobre as mulheres ao redor do mundo. A sensação é de que nada de bom aconteceu, que o progresso na direção da igualdade de gênero parou de repente e que teremos que recomeçar do zero quando a crise sanitária finalmente acabar.
Especialistas e entidades anteciparam e os números concretizaram as piores previsões. As mulheres ganham menos, poupam menos, têm empregos mais precários e são mais propensas a trabalhar no setor informal. Além disso, têm menos acesso à proteção social, representam a maioria das famílias monoparentais e com frequência estão sobrecarregadas com tarefas de cuidado. Portanto, sua capacidade de absorver choques econômicos é menor que a dos homens. Sem mencionar os terríveis efeitos do confinamento no aumento da violência doméstica, feminicídios, mutilação genital feminina ou casamentos precoces.
No entanto, mesmo durante este ano terrível, houve alguns desenvolvimentos positivos em direção à igualdade de gênero e ao fortalecimento da liderança feminina na política, na economia e na sociedade. Listamos abaixo 15 boas notícias para as mulheres ao redor do mundo que marcaram 2020:
1. Constituição igualitária no Chile
Parece incrível que em 2020 ainda não houvesse uma Constituição que foi construída de forma igualitária no mundo. Mas isso mudou em outubro, quando o Chile, com referendo em que venceu o “sim”, com 78% dos votos, decidiu substituir a antiga Constituição, em vigor desde a ditadura de Pinochet, por uma nova que será elaborada por uma assembleia formada por homens e mulheres em números iguais. Os membros serão eleitos no próximo mês de abril e deverão apresentar o texto normativo em um ano. A assembleia também irá reservar um número de assentos para representantes indígenas.