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Mulher mais próxima da F1 explica desafios das pilotos das categorias de acesso

Saiu no site YAHOO ESPORTES

 

Veja publicação original:  Mulher mais próxima da F1 explica desafios das pilotos das categorias de acesso

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Por Julianne Cerasoli

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A busca por uma piloto que consiga chegar à Fórmula 1 está mais em alta do que nunca, haja vista a criação de uma categoria somente para mulheres com carros de F-3, a W Series, que estreia ano que vem com a promessa de um grid de 18 a 20 carros. De fato, a presença feminina nas categorias de base mais próximas da F-1 ainda é incipiente, e é possível que a federação entenda com a criação da nova fórmula o porquê. É o que explica a mulher que está mais próxima da F-1 hoje em dia, a colombiana Tatiana Calderón.

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Hoje na GP3 – que usa carros equivalentes às F-3 – e tentando dar o salto à F-2 ano que vem, além de se manter como piloto de desenvolvimento da Sauber, Calderón contou ao Yahoo Esportes quais foram suas descobertas nos últimos anos na categoria: por serem bastante físicos, os carros da GP3 e F-2 precisam de adaptações para se adequarem à anatomia das mulheres, e permitir que elas tenham o melhor rendimento possível.

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“Essas categorias que estão mais perto da F-1 – a GP3, que se tornará F-3 ano que vem, e a F-2 – demandam muito fisicamente. E é aí que você começa a notar as diferenças. Por ser mulher, você tem 30% a menos de massa muscular, ou seja, um homem que treine um pouco já está apto, enquanto eu percebi que se não estiver na posição exata para dar a força e fazer a patada no freio, a diferença é grande. O posicionamento dos pedais é importante porque eu calço 36 e eles 39, 40. Então há coisas pelas quais, por ser mulher, você sofre mais e vai demorar mais tempo para encontrar a solução porque dá para competir no kart e na F-4, mas depois as coisas se complicam”, explicou Calderón.

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Além do alongamento dos pedais para melhorar sua ergonomia no carro depois que descobriu-se que ela estava freando apenas com a ponta dos pés, ao invés de fazer força pelo calcanhar, Calderón também precisou adaptar seu volante. “eu tinha câimbras (aponta os dedões e pulsos), então fizemos uma pegada mais fina e isso mudou minha vida porque a carga nos antebraços diminuiu umas dez vezes. Mas também há coisas a melhorar porque, com o pedal mais longo que fizeram, agora minhas pernas ficam mais altas e acabam batendo no volante. Então, se a barra de direção pudesse ser mais longa, me ajudaria. Mas isso não pode ser feito porque não está homologado pelo crash test. E também não se pode ter muita espuma atrás da cabeça então, porque sou muito pequena, fico curvada para frente e saio com o pescoço travado. No momento, estou mais cômoda, mas poderia ser melhor.”

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O problema para a piloto é que, a partir de agora, as mudanças dependeriam de uma nova homologação dos carros, algo que vem tentando junto à FIA. “Eles não querem sair muito do regulamento. Há exceções e, agora que sou membro da comissão para mulheres no automobilismo da FIA, me disseram que vão começar a estudar para levar em consideração, na hora que desenhar os carros, que pode existir uma mulher de 1,64m e um homem de 1,90m. Precisamos ter mais recursos porque isso é comodidade, e não performance. E também é segurança. É nisso que quero fazer diferença, para que seja mais fácil para as mulheres que estão chegando.”

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A grande questão é que os pilotos precisam de bons resultados na F-3 e na F-2 para somar os pontos necessários para tirar a chamada superlicença e correr na F-1. Mesmo sendo piloto de desenvolvimento da Sauber, Calderón não pode ir à pista por não ter os pontos necessários, trabalhando apenas no simulador, embora na F-1 seja mais fácil “customizar” os carros. Então, teoricamente, os problemas de ergonomia não seriam tão relevantes na categoria principal.

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“Acredito que não seria impossível [conseguir os pontos e a superlicença]. Mas estou totalmente de acordo. Acredito que seja mais fácil na F-1 porque eles fazem tudo sob medida e não há tantas regulamentações em relação ao que eles podem mudar [uma vez que não existe apenas um carro homologado, como nas outras categorias]. O problema é passar por essas duas categorias, que são duras fisicamente. Quando se chega na F-1, há a direção assistida, e as mulheres suportam melhor as forças G [que são maiores na F-1], então não acho que seja um problema. A questão é mais de tamanho, e isso eles podem adaptar.”

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Enquanto as mudanças não saem, Calderón busca apoio para correr na F-2 ano que vem. “Acho que o próximo passo é mesmo a F-2 e estamos tratando de encontrar todo o orçamento porque custa quase o dobro ou até mais que isso do que um ano de GP3. Então ainda estamos vendo quais são as possibilidades.”

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Em seu terceiro ano na GP3, Calderón ocupa a 16ª posição no campeonato.

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