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Tendências: a trajetória das mulheres até os concursos públicos

Saiu no site Q CONCURSOS

Veja a publicação original: Tendências: a trajetória das mulheres até os concursos públicos

 

A 20ª edição do Big Brother Brasil terminou no fim de abril. Você pode não ter assistido, mas provavelmente ouviu falar da temporada que chegou a entrar no Guinness Book, com o maior número de votos em um reality show em todo o mundo. Uma mulher campeã fechou as portas da casa, que durante três meses de confinamento levantou discussões importantes, como o empoderamento feminino.

Você deve estar se perguntando: mas por que o Qconcursos está falando sobre o BBB 20?

O tema abordado nas próximas linhas será o mesmo visto na casa em 2020: o empoderamento feminino. Porém, neste caso, a análise será sobre as mulheres no mercado de trabalho público e privado, observando a evolução do cenário da educação ao longo do tempo até os dias atuais e a tendência da presença feminina em concursos públicos.

Bem-vindos ao Big Sister Brasil: Concursos!

Para falar sobre o empenho das mulheres nos estudos e o ingresso delas no setor público, primeiro é necessário observar o histórico. Da dedicação em tempo integral ao lar no período colonial à formação superior no século 21, muitas barreiras foram enfrentadas para quebrar padrões sociais e de gênero.

A evolução na escolaridade foi lenta, mas atualmente elas estão em maioria nas salas de aula. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (Pnad) de 2016, apesar de haver uma similaridade entre os gêneros no ensino fundamental, a vantagem feminina aumenta nos níveis de escolaridade superiores.

Um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2000 apontou que o fator de maior influência na superação das mulheres foi o ingresso no mercado de trabalho. De modo geral, elas tiveram que correr para alcançar um melhor nível de escolaridade e tentar diminuir a desigualdade salarial entre os gêneros, ainda elevada.

Público x Privado

As mulheres já estão presentes em todos os setores do mercado. São funcionárias de empresas privadas, servidoras do serviço público e autônomas. Inclusive, de acordo com a Pnad de 2018, o contingente de mulheres autônomas aumentou de 2012 a 2016, superando em 1,2 ponto percentual a participação dos homens.

Mesmo com o crescente número de autônomas, o trabalho com carteira assinada ainda é o maior. Uma pesquisa do IBGE de 2017 apontava estatísticas favoráveis às mulheres. De acordo com o estudo, quase 80% das empregadas do setor privado possuíam carteira assinada, enquanto entre os homens o percentual era de 72%.

No setor público, as últimas três décadas registraram maior atuação da mulher. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 1986 havia um equilíbrio entre os sexos no serviço público. Porém, com a crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho, os números foram se expandindo, chegando a 59,3% de participação em 2017. Atualmente, elas ocupam cargos em setores de todas as esferas.

Essa evolução também é identificada na plataforma do Qconcursos. Desde os primeiros anos do site, as concurseiras sempre estiveram presentes em maior número. Em 2011, elas representavam 55%, com uma variação tímida ao longo dos anos, chegando a 59% em abril de 2020.

Estudos para concursos

Embora sejam maioria, as mulheres perdem para os homens no tempo dedicado aos estudos. Em abril de 2020, as concurseiras visitaram a plataforma de questões 2,6 vezes em média. Já os homens visitaram cerca de 15% a mais no mesmo período.

A explicação mais provável para essa diferença entre cadastro e tempo está na necessidade em equilibrar os estudos ao cuidado com os filhos, no caso das mães, e com os afazeres domésticos, atividades associadas às mulheres desde os primórdios. De acordo com dados do IBGE, em 2016, as mulheres dedicaram 73% a mais de horas às tarefas domésticas do que os homens.

Ao separar esse número por regiões, constata-se que essa divisão de atividades é ainda mais desigual no Nordeste. De acordo com a Pnad de 2016, mulheres se dedicam 80% a mais do que os homens aos afazeres domésticos, dados esses que são refletidos na proporção de cadastros no Qconcursos entre homens e mulheres por estado.

Dados de 2020
Dados de 2020

Como pode ser observado na distribuição do mapa acima, há uma menor parcela de mulheres cadastradas na região Nordeste, onde há maior desigualdade de gêneros, enquanto as regiões Sudeste e Sul registram a maioria.

Nesse contexto, é grande a probabilidade de o rendimento nos estudos ser afetado. Um indicativo é a taxa de acerto nas questões, que tende a ser menor entre as mulheres. A análise foi realizada de acordo com as preferências especificadas nos filtros utilizados nas questões pelos dois grupos de usuários.

Nota-se que a tendência é de que as mulheres errem mais as matérias de Direito Administrativo e Direito Constitucional, cobradas nas provas de Conhecimentos Específicos de muitos cargos de nível superior. Enquanto isso, as estudantes tendem a acertar mais Português, disciplina presente em todas as provas de Conhecimentos Básicos de concursos públicos.

Em compensação, esse resultado também pode ser influenciado pelo nível de dificuldade das questões. As mulheres tendem a resolver questões mais difíceis do que os homens.

De acordo com os filtros utilizados na plataforma de questões, as mulheres optam por responder questões difíceis e muito difíceis. Já os homens, além dos níveis mais difíceis, estudam com questões de nível médio de dificuldade.

Carreiras

A maior parte dos aspirantes a servidor começam a estudar para concursos públicos com a carreira desejada já em mente. Entre as mulheres, as áreas mais requisitadas são as da Saúde e da Educação, indicadas no ato do cadastro no Qconcursos.

As preferências são comprovadas por meio dos dados do Ipea sobre funcionalismo público. De acordo com o instituto, o número de mulheres no setor público municipal aumentou de 52% a 66% de 1986 a 2017, sendo 40% das vagas preenchidas dos cargos de professores, médicos, enfermeiros e agentes de saúde.

A distribuição em barras no gráfico acima também mostra um equilíbrio de gênero nas preferências pelas carreiras administrativas, jurídicas, legislativas, bancárias e de tribunais. Em contrapartida, os homens dominam as carreiras policiais, fiscais e de controle e gestão.

Já a carreira militar requer uma análise diferente. Antes exclusiva para homens, a área vem mudando lentamente suas características com a abertura de oportunidades para mulheres em concursos militares das Forças Armadas. No entanto, as vagas ainda são poucas, cerca de 10% do total.

No concurso da Escola de Cadetes do Exército de 2019, por exemplo, das 450 vagas, somente 50 foram reservadas ao sexo feminino, sendo que foram registradas mais de 13 mil candidatas inscritas.

Finalistas

Os homens eram a maioria entre os vencedores do BBB até a vitória da Thelma em 2020. Aliás, a mudança já vem acontecendo, pois não houve mais brothers campeões desde 2015.

Na Educação, as mulheres já passaram por muitos paredões, como visto nesta análise. Elas tornaram-se maioria nas salas de aula — assim como as sisters da última temporada que eliminaram praticamente todos os homens —, conquistaram seus lugares no mercado de trabalho e venceram algumas provas do líder com a entrada no setor público.

A tendência é de que o terno e a gravata percam a hegemonia, mas ainda há um longo caminho a percorrer e muitas questões a responder.

*Com a colaboração de Pedro Lemos e Kadu de Carvalho.

Fontes externas: Pnad 2016Ipea e IBGE.

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