HOME

Home

Qual o maior obstáculo para as mulheres na área de tecnologia?

Saiu no site REVISTA EXAME

 

Veja publicação original: Qual o maior obstáculo para as mulheres na área de tecnologia?

.

O problema ficou evidente no levantamento feito pela Michael Page para mapear o mercado de trabalho na área de tecnologia

.

Por Luísa Granato

.

São Paulo – A área de tecnologia é apontada como uma das mais promissoras e que mais crescem atualmente, novas vagas são abertas constantemente, com alta demanda de profissionais qualificados que são escassos no mercado.

.

No entanto, o setor ainda sofre com grande disparidade entre gêneros. Em processos seletivos conduzidos pelo Page Group nos últimos dois anos, a cada 10 entrevistas realizadas para a área de TI, apenas três profissionais eram mulheres.

.

O problema ficou evidente no levantamento feito pela Michael Page, empresa do Page Group de recrutamento especializado de profissionais de média e alta gerência, com 1.745 profissionais da área e análise do currículo de cerca de 17 mil outros profissionais de diversas empresas e setores.

.

O objetivo era mapear o mercado de tecnologia da informação. E a desigualdade ficou explícita na pesquisa: dos respondentes, apenas 12% são do gênero feminino.

.

Ao avaliar se existe discriminação no segmento, 85% delas acreditam que sim. E os homens concordam: para 62% dos entrevistados, há discriminação no setor de tecnologia.

.

Para João Paulo Kluppel, gerente executivo da Michael Page, ao observar os resultados do levantamento, é preciso dar um passo para trás e procurar uma análise mais profunda do problema.

.

“O primeiro diagnóstico é uma aparente discriminação. No entanto, vale uma leitura desde a formação acadêmica e do início de carreira na área. Existe um número muito menor de mulheres em cursos de engenharia ou ciência da computação”, diz ele.

.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de computação, apenas 15% das matrículas nos cursos de Ciência da Computação e de Engenharia são feitas por mulheres e apenas 17% são programadoras no Brasil.

.

A solução está na capacitação de mulheres para entrar no mercado e algumas iniciativas já surgiram nessa frente. Entre elas, o curso gratuito do {reprograma}ensina programação para mulheres cisgênero e transgênero.

.

Segundo Mariel Reyes, cofundadora e CEO do {reprograma}, a própria minoria de mulheres nas turmas de universidades e no ambiente de trabalho torna a entrada na área é mais hostil.

.

“Muitas desistem da graduação por serem as únicas mulheres dentro da turma. Temos o machismo típico na área, onde homens falam que elas não vão conseguir acompanhar por serem mulheres. Temos que mudar o mindset das mulheres, de forma que elas consigam se perceber como pessoas que podem contribuir para o setor. E também é preciso mudar a percepção dentro do setor sobre elas, dos homens dentro das empresas”, explica ela.

.

Com a rápida transformação da área de tecnologia dentro das empresas, também surge um problema no recrutamento de novos talentos. Segundo o gerente executivo da Michael Page, a área deixou de ser vista apenas como um suporte de outras atividades nas empresas.

.

“Quando vamos analisar alguns setores como serviços, saúde, varejo, educação, e até com o surgimento das fintechs, a tecnologia se tornou o centro das empresas. Ela é crucial e estratégica, por isso vai exigir alta qualificação”, diz ele.

.

E a área de recursos humanos das empresas nem sempre está preparada para buscar o novo perfil de funcionários que é demandado. Segundo Kluppel, a falta de preparo pode prejudicar a todos, mas resulta na maior contratação de homens.

.

“Quando existe uma demanda urgente, imediatamente a área de RH recorre a frentes mais fáceis de busca e contratação. O que significa que ela irá olhar para um pool de executivos da área que já tem maioria masculina”, explica.

.

A presidente do {reprograma} concorda que existe um viés na contratação de homens pela familiaridade, e a linguagem das descrições de vagas evidenciam isso. “Muitas vagas têm linguagem masculina e a percepção da mulher é de que a vaga não é para ela”, diz.

.

No curso, além de aprender as diferentes linguagens para programação front-end e back-end, é trabalhado com as alunas habilidades para competir por vagas no mercado. Elas são instruídas na melhor forma de se apresentar para o recrutador, como negociar e também melhorar sua autoestima.

.

“Existe um dado que fala que uma mulher só se apresenta para uma vaga quando tem 90% dos requisitos, enquanto o homem tenta vagas com bem menos. Elas não gostam de risco também. Trabalhamos para mudar a autoestima para elas buscarem as vagas”, comenta Reyes.

.

.A área ainda está crescendo e o gerente da Michael Page observa uma tendência das empresas para o aumento da importância da tecnologia dentro dos negócios. Ao mesmo tempo, Kluppel diz que a maior necessidade é alcançar os melhores candidatos. “Quem não fizer investimentos na área, corre o risco de ficar para trás. É preciso ter tudo estruturado e das melhores pessoas”, diz.

.

Para as mulheres interessadas em programação, iniciativas como o {reprograma}estão surgindo e se fortalecendo. Em breve, a instituição terá um modelo de ensino à distância e Mariel Reyes espera ver grande parte das formadas inseridas no mercado.

.

“Até hoje, formamos 120 mulheres programadoras. Até o final do ano, serão mais 65. Na última turma, fizemos a aposta que nos primeiros 90 dias, pelo menos 75% delas estariam empregadas. Nos primeiros três meses, 83% estavam trabalhando como desenvolvedoras”, fala.

 

 

 

 

 

 

.

.

.

.

.

.

.

.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no linkedin
LinkedIn

HOME