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Número de medidas protetivas para mulheres vítimas de violência bate recorde no RJ

Saiu no site G1

 

Veja publicação original:   Número de medidas protetivas para mulheres vítimas de violência bate recorde no RJ

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Foram 21.759 registros de janeiro a novembro. Parente de uma das vítimas se diz desolada. “Ela era nova, feliz, se dava bem com todo mundo’, destaca prima de Tamires Blanco, morta no sábado (5).

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Por Cristina Boeckel

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A morte de Tamires Blanco deixou uma ferida aberta que a família dela acredita ser difícil de cicatrizar. Ela foi morta com socos e golpes de garrafas no Morro do Urubu, na Zona Norte do Rio, no último sábado (5). Ela estava com a filha de 11 meses no colo quando foi atacada.

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Tamires é uma das quatro vítimas de feminicídio no RJ somente nestes primeiros dias de 2019. Essas mortes acontecem em um momento de aumento de medidas protetivas de urgência para mulheres ameaçadas, segundo o Tribunal de Justiça do estado. As concessões bateram recorde no RJ no ano passado: foram 21.759 registros de janeiro a novembro.

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Em todo o país, o número de denúncias de violência contra mulheres aumentou quase 30% no ano passado – foram mais de 92 mil ligações para a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – o Disque 180.

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‘Sigo passando mal’

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Vanessa Santos, prima de Tamires, diz que a família está desolada. “A morte dela é como se tivesse sido ontem, eu sigo passando mal. Ela era nova, feliz, se dava bem com todo mundo. Ela podia ter todos os problemas, mas estava sempre rindo, com um sorriso no rosto”, explicou Vanessa.

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O principal suspeito, que está preso, é Flodilson da Silva Araújo, companheiro da vítima há dois anos. Segundo Vanessa, ele não parecia ser uma pessoa agressiva e passou a virada de ano com a família.

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Depois da morte, mexendo nos objetos de Tamires, o pai dela encontrou um registro de ocorrência contra Flodilson. “A gente não sabia que ela tinha registrado uma agressão na delegacia, só soubemos quando o meu tio achou o boletim nas coisas dela”, destacou Vanessa.

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Em junho do ano passado, Tamires havia registrado uma ocorrência por lesão corporal. Ela relatou na delegacia que foi agredida durante três horas e conseguiu uma medida protetiva, que determinava que o agressor respeitasse uma distância mínima de 300 metros.

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Processos

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O ano passado também foi alto de acordo com o número de ações ajuizadas relacionadas à violência contra a mulher no RJ. Foram 111.391 novos processos. Apenas em 2014 foram registrados tantos casos, com 112.396 processos.

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Segundo a juíza Katerine Jatahy Nygaard, o aumento nos números de medidas judiciais concedidas para mulheres vítimas de violência é resultado de conscientização.

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“Em relação à violência doméstica, acredito que as pessoas estão tomando coragem de denunciar. Elas estão começando a entender que em briga de marido e mulher as pessoas têm que meter a colher”, destacou a magistrada, que é membro da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica do TJ-RJ.

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Gráficos apontam crescimento de ataques contra mulheres — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1

Gráficos apontam crescimento de ataques contra mulheres — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1

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Aumento de casos de lesão corporal

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O crime que possui o maior número de processos tramitando no Tribunal de Justiça do RJ é o de lesão corporal. Foram 46.662 até o mês de novembro. Este índice é maior do que o registrado em todo o ano de 2016, quando foram 45.301 casos.

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Outro crime que registrou crescimento foi o de supressão de documentos, que é a ação de destruir, suprimir ou ocultar os documentos da vítima e prevê prisão de dois a seis anos, de acordo com o Código Penal. Ano passado foram registrados 137 casos, o maior número desde 2012.

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Os casos de feminicídio são vistos como o ponto mais extremo de uma escalada de casos de violência seguidos contra a vítima – que acaba chegando à morte dela.

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“A violência doméstica é uma questão cultural, e é difícil uma mulher se libertar desse ciclo de violência. Muitas vezes ela vai à delegacia e depois perdoa. O homicídio é a violência máxima. Antes disso tem a violência psicológica e patrimonial. Antes de chegar ao feminicídio, muitas vezes ela já está presa em um ciclo”, destacou a juíza.

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O perdão foi o que aconteceu com Tamires. Além das agressões registradas na ocorrência policial, a família sabe atualmente de outras duas agressões, onde ele a tentou enforcar. Mesmo assim, ela voltou para Flodilson acreditando que ele poderia mudar.

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“O alerta que eu queria deixar para as pessoas é que eu acho que, quando tem a medida protetiva, não reatar o relacionamento. Não adianta dar queixa, fazer corpo de delito e voltar”, destaca.

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Homem, quando bate uma vez, pode bater sempre e pode até matar. Se estiver numa situação assim, chama a polícia”, destacou Vanessa, prima de Tamires.

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Projeto Violeta

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Visando a atender as mulheres que precisam de ajuda em momentos de violência, o Projeto Violeta, que funciona no TJ-RJ, tem como objetivo encurtar o caminho entre vítimas e a proteção por meio da lei.

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“Saindo da delegacia, a mulher vai direto ao Tribunal de Justiça e vai ser atendida no mesmo dia por uma equipe multidisciplinar, onde ela fica ciente dos direitos dela. De lá, ela sai para a Defensoria Pública, onde se discute algo emergencial”, explicou a juíza Katerine.

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Após o crime, a família de Tamires luta para seguir em frente, já que ela deixou dois filhos, entre eles a bebê que testemunhou o crime.

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Violência de companheiros e ex-companheiros

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Além da morte de Tamires, o Estado do Rio de Janeiro já registrou, pelo menos, três casos de feminicídio desde o começo do ano. Em todos os casos, os principais suspeitos são companheiros e ex-companheiros. Em três deles, os filhos presenciaram as mortes das mães.

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O primeiro caso aconteceu na madrugada do dia 1º de janeiro, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Iolanda Conceição, o ex-marido, Rodrigo Souza, e os filhos passavam a noite do réveillon em uma festa. De acordo com testemunhas, ele não aceitava o fim do relacionamento e deixou o local.

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Iolanda da Conceição foi esfaqueada por ex-marido diante dos filhos — Foto: Reprodução TV GloboIolanda da Conceição foi esfaqueada por ex-marido diante dos filhos — Foto: Reprodução TV Globo

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Mais tarde, por volta de 1h30, Iolanda foi para casa com o filho de 5 anos, fruto do relacionamento com Rodrigo, e a filha mais velha, de um relacionamento anterior. Ao chegar lá, ela encontrou o ex-marido e eles discutiram.

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Inconformado com a negativa da vítima em retomar o relacionamento, ele a atacou e deu mais de 30 facadas na ex-mulher. Os vizinhos chegaram a socorrer Iolanda, que não resistiu aos ferimentos.

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No dia 3 de janeiro, Simone Oliveira de Assis Carvalho foi morta a marretadas em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O marido dela, José Carlos da Silva Carvalho, de 60 anos, se entregou à polícia no dia seguinte. Ele levou os policiais ao local do crime.

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Marcelle Rodrigues da Silva foi morta na frente dos filhos dentro de casa — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Marcelle Rodrigues da Silva foi morta na frente dos filhos dentro de casa — Foto: Reprodução/Redes Sociais

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Em Cordovil, na Zona Norte, Marcelle Rodrigues da Silva de 27 anos, foi morta a facadas dentro de casa. O principal suspeito também é o companheiro da vítima, Marcio Lima Corrêa. Ela foi assassinada na frente do filho de 7 anos.

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De acordo com informações do 16º Batalhão (Olaria), Marcio teria tentado fugir do local do crime, mas um vizinho, que é policial militar reformado, conseguiu capturá-lo.

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