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Nicola Riske, a mulher que derruba estereótipos no mundo do whisky

Saiu no site DELAS – PORTUGAL

 

Veja publicação original:  Nicola Riske, a mulher que derruba estereótipos no mundo do whisky

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Por Marlene Rendeiro

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Basta uma pesquisa rápida no Google para confirmar que a maioria dos anúncios de whisky são protagonizados por homens. No meio da pesquisa, encontra-se um, com a atriz Mila Kunis, uma exceção à regra. A história repete-se nas séries de televisão e até no cinema, como na recente cena de 007:Operação Skyfall, em que Javier Bardem bebe com Daniel Craig (James Bond) um copo de The Macallan,enquanto uma mulher espera para ser salva.

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À nossa frente, sentada nos cadeirões do hotel Four Seasons Ritz Lisboa, está precisamente uma figura que em tempos foi a exceção à regra neste universo, muitas vezes masculino. Nicola Riske é embaixadora europeia da The Macallan, a marca escocesa de whisky com quase 200 anos de existência. “Não precisas de ser um homem escocês de meia-idade para estar na indústria do whisky”, começa por contar ao Delas.pt, acrescentando: “Os tempos mudaram muito desde que entrei na indústria, hoje é fantástico ver quantas mulheres fazem parte deste mundo. Fico orgulhosa por ver que os estereótipos estão a ser derrubados, mas ainda há muitos mitos que precisam de ser esclarecidos quanto ao whisky. Esta bebida é para todos”.

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Sempre com um sorriso, vai conduzir-nos durante duas horas numa prova informal de whisky, explicando a história da marca que representa, mas também o seu trabalho. “A função de um embaixador de whisky passa por educar o público sobre a marca, mas também a imprensa e o os bartenders. Porque há várias formas de nos divertirmos com o whisky, muito além do clássico ‘on the rocks‘ (com gelo)“, sublinha.

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Nicola vive em Espanha, onde os barris da Macallan são produzidos, mas as viagens pela Europa são frequentes no seu trabalho. No dia 14 deste mês, por exemplo, está de regresso a Portugal para marcar presença no Lisbon Bar Show, onde vai falar sobre o poder do carvalho no whisky, algo que a apaixona. “Quando cheiramos um whisky digo sempre para sorrirem, porque assim abrem a boca e sentem ao máximo os aromas. Quando lidamos com vinho, falamos de um teor alcoólico de 13%, já com whisky são 40%. Temos de abordá-lo devagarinho”, diz Nicola, enquanto abre a primeira garrafa de um Macallan de 12 anos triple cask (três tipos de barril).

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Do Cirque du Soleil às Espirituosas

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Embora tenha raízes escocesas, Nicola Riske nasceu no Canadá, um país onde a cerveja é a grande bebida. Só entrou no negócio das bebidas espirituosas em 2005 e acabou por se render ao whisky, graças a um embaixador de marca que a foi incentivando a explorar a bebida. “No entanto, o mundo do whisky ainda não estava preparado para as mulheres em 2005”. O passo seguinte foi uma autêntica surpresa na carreira da canadiana: durante dois anos trabalhou como coordenadora de digressão do Cirque du Soleil.

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Só regressaria em definitivo ao mundo do whisky, em 2012, já com a Edrington, a empresa-mãe que detém a Macallan, mas também marcas como Famous Grouse, Highland Park e o rum Brugal. Foi nos últimos cinco anos que se tornou embaixadora europeia da marca escocesa, trocando então Nova Iorque por Espanha, onde são feitos os barris de sherry (vinho espanhol fortificado) que mais tarde são usados para o whisky da Macallan.

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“Mesmo quando regressei a este meio, ainda não havia muitas mulheres. Mas algo mudou nos últimos cinco anos, estas barreiras de género estão a ser deitadas abaixo. Hoje existem muitas mulheres embaixadoras de marcas de bebidas“, diz. “Acho que na nossa equipa de produção de whisky, por exemplo, já atingimos o equilíbrio entre homens e mulheres. Mas contratamos independentemente do género, queremos o melhor para aquela função”.

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Nicola, que sempre se sentiu bem recebida e apoiada na indústria do whisky, frisa ainda que esta é muito mais inclusiva e acolhedora do que se possa pensar. O que não a poupou, no entanto, a algumas confrontações. “Uma vez tive uma prova com 40 pessoas e havia um senhor que tinha muitas perguntas para mim. Era um seminário desafiante e em francês, que é a minha segunda língua”, recorda. “No final, ele levantou-se e disse que tinha um anúncio a fazer. Contou que, quando viu a minha fotografia online, pensou: ‘Quem é esta rapariga pequena e loira e o que sabe ela sobre o meu whisky? Mas estava errado e a Nicola respondeu a todas as minhas questões e conduziu a apresentação incrivelmente bem. Só queria parabenizá-la’.”

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Apesar da situação desconfortável, a embaixadora conta que reagiu de forma confiante: “Podia ter respondido na defensiva ou zangada, mas acredito que temos de demonstrar confiança nas nossas capacidades e não deixarmos os outros afastarem-nos de quem realmente somos. Não é sempre fácil mas podemos sempre sair das situações de forma graciosa”.

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A constante formação que vai fazendo na área e a dedicação ao trabalho são dois alicerces que também lhe permitem ter confiança. Além de ser certificada em destilação, a especialista em whisky fez questão de passar por todas as destilarias da Macallans, desde os laboratórios, salas de mistura e seleção de whisky, mas também pela construção e enchimento de barris. É também certificada em sherry, o vinho fortificado espanhol, tem um curso de perfumes e é sommelier de azeite.

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Há mais estereótipos a derrubar no mundo do whisky

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Os estereótipos de género não são os únicos a fazer parte deste universo. A forma de servir whisky, muitas vezes conservadora, é outro dos fundamentalismos com que Nicola se depara no seu trabalho. Poderia pensar-se que uma marca de luxo como a The Macallan, nascida em 1824, na Escócia, se mantivesse clássica, mas esta abre-se ao mundo. O primeiro passo foi a criação de uma nova destilaria, de arquitetura moderna, que abriu pela primeira vez ao público no ano passado, em Easter Elchies no norte da Escócia, junto à mansão original construída no século XVII pelo capitão John Grant.

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Na hora de produzir, mantém-se, sim, a tradição. Como o fabrico dos barris, que recebem primeiro o vinho fortificado espanhol (sherry), antes de serem usados no whisky Macallan, mas também a dupla destilação e a linha de excelência e luxo a que habituaram os seus seguidores. No entanto, na hora de servir, Nicola diz não haver regras. “Há muitos extremistas que não concordam, nem com pôr gelo nem com usar whisky num cocktail. Mas são só ideias pré-concebidas que precisam de ser desmistificadas. Adoro pessoas que sabem como beber o seu whisky, mas quando estamos a explorar é divertido desconstruir essas ideias”, reforça. “No quente verão de Madrid eu ainda bebo o meu whisky, mas gosto dele com uma larga bola de gelo, tal como o misturo com champanhe ou peço um whisky sour num bar.

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Outro dos seus pairings preferidos é beber whisky acompanhado de um pastel de nata. “Acredito que o pastel de nata é a coisa mais deliciosa criada na Terra”, diz, enquanto se despede para dar mais uma conferência no hotel sobre a sua bebida favorita de sempre.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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