Saiu no site AFP
Veja publicação original: Na França, sede da Copa do Mundo, o futebol feminino tem margem para crescimento
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Com uma crescente midiatização, êxitos esportivos e o aumento no número de mulheres federadas, o futebol feminino parece ir de vento em popa na França, país que sediará a Copa do Mundo-2019 entre 7 de junho e 7 de julho. Contudo, ainda há margem para melhora, como nas categorias de base.
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A formação das atletas está “atrasada” em relação aos homens e foi deixada de lado durante muito tempo pelos clubes, analisou a Federação Francesa de Futebol (FFF).
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De qualquer maneira, sediar uma Copa do Mundo com a previsão de estádio cheios e uma seleção francesa que está entre as favoritas ao título era algo impensável há alguns anos.
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“A dificuldade estava em convencer os clubes, que num primeiro momento afirmavam que não tinham vestiário, que não tinham campos de jogo, que a gente esqueceria o assunto”, lembrou o presidente da FFF, Noël Le Graët, em declarações à AFP.
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Após essas reticências iniciais, o futebol feminino francês conseguiu evoluir, embora siga na sombra de outras potências, como Estados Unidos e Alemanha. Pouco a pouco, os franceses vão reduzindo sua desvantagem em relação a esses pesos pesados do esporte, tanto em número de atletas federadas como na formação das jogadoras e na infraestrutura.
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O número de clubes franceses que contam com pelo menos uma equipe feminina dobrou nos últimos sete anos e superou a marca de 3.000. Até 2021, serão também 900 escolas de futebol feminino. Em 2012, havia apenas uma centena.
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“Assim que um clube cria uma equipe feminina, são 50 novas mulheres federadas de uma vez”, comemora Le Graët, que desde que assumiu a presidência da federação francesa viveu o surgimento desse fenômeno.
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A comparação com a temporada 2011-2012, após a França alcançar as semifinais da Copa do Mundo da Alemanha-2011, é reveladora: A FFF tem hoje 179.000 mulheres federadas (+106%), das quais 139.000 são jogadoras (+137%), 37.000 dirigentes (+40%), 1.500 educadoras (+86%) e 1.000 árbitras (+48%).
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“Acredito que depois da Copa não estaremos longe das 300.000 federadas”, garante Le Graët.
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“Uma verdadeira dinâmica foi lançada e estou convencido que a França será uma das referências em alguns anos”, afirma Hubert Fournier, diretor técnico nacional (DTN), que fala de uma “evolução exponencial” da prática do futebol feminino em seu país.
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– Apelo aos clubes –
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Atualmente existem oito centros de formação para jogadoras femininas na França, segundo a FFF, onde são formadas jovens de 16 a 18 anos, que logo “alimentam” as seleções nacionais, explica Fournier.
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Para este ex-técnico do Lyon, a formação das atletas não deve se responsabilidade exclusiva da Federação Francesa.
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“Seria interessante que houvesse uma profissionalização e que os clubes profissionais assumissem uma parte da formação”, analisou.
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Se este passo for dado, Fournier acredita que a FFF poderia trabalhar “como no masculino, na pré-formação”, ou seja, nas categorias inferiores aos 16 anos.
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Sem contar o Lyon e sua OL Academy, grande referência do futebol feminino na França, são poucos os clubes que investem na base. A FFF espera que um ‘efeito Copa do Mundo’ faça tudo evoluir mais rapidamente nesse quesito.
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Graças à Copa deste ano, a FFF terá pelo menos 15 milhões de euros “para ajudar os clubes amadores em seus projetos direcionados a desenvolver e estruturar o futebol feminino”.
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Esta política não dará resultados de maneira instantânea: “Levará um tempo, porque na formação é preciso contar entre 5 e 10 anos para se colher os primeiros frutos”, garantiu.
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Marinette Pichon, ex-estrela da seleção francesa (112 jogos) entre 1994 e 2006, propõe outra ideia.
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Depois da Copa, “desenvolver o futebol feminino a partir dos cinco anos de idade nos centros (escolares) poderia ser uma proposta muito forte, isso permitiria gerar mais atletas federadas e ter campeonatos mais importantes”, opina à AFP esta pioneira.
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