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‘Fiquei viva para lutar por justiça’, diz Barbara Penna, que sobreviveu a tentativa de feminicídio

Saiu no site HUFFPOST

 

Veja publicação original:   ‘Fiquei viva para lutar por justiça’, diz Barbara Penna, que sobreviveu a tentativa de feminicídio

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Seis anos depois, ex-companheiro, acusado de atear fogo à mulher e ao apartamento da família, vai a júri popular. Resultado pode sair até quarta-feira (4).

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Por Ana Ignacio

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Passaram-se seis anos desde a noite do crime e recentemente todas as lembranças tornaram-se ainda mais fortes. “Com a aproximação do júri eu começo a reviver tudo. Não vai ser nada fácil ver o monstro que destruiu nossas vidas na minha frente”, diz Bárbara Penna, de 25 anos, em entrevista ao HuffPost Brasil. Nesta terça-feira (3), começa o julgamento de João Guatimozin Moojen Neto, de 28 anos, acusado de tentativa de feminicídio contra ela.

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Em 7 de novembro de 2013, Bárbara, então com 19 anos, sofreu uma tentativa de feminicídio dentro de sua própria casa, em Porto Alegre (RS). Naquela noite, seu ex-companheiro colocou fogo no apartamento em que a jovem morava e depois a jogou da janela do prédio. Os dois filhos pequenos do casal morreram no incêndio, assim como um vizinho de 79 anos, que tentou ajudar.

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De acordo com informações do Ministério Público do RS, o acusado responde por tentativa de homicídio qualificado (emprego de fogo e recurso que dificultou a defesa da vítima) de Bárbara e pelos três homicídios qualificados consumados, também com as mesmas qualificadoras. Três agravantes, em função de os crimes terem sido praticados contra a mulher, duas pessoas menores de 14 e uma maior de 60, podem aumentar a pena.

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CAROLINE BICOCCHI/ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASIL
Ela guarda consigo a foto de seus dois filhos, mortos no dia do incêndio. 

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Hoje, Bárbara continua em processo de recuperação. Ela sofreu graves queimaduras e passou por mais de 200 cirurgias – precisa realizar ainda ao menos outras sete. Fora isso, continua a luta que começou lá atrás e está certa de que mais um capítulo se encerrará em breve, com o resultado do júri.

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“Eu sigo confiando na justiça e espero que faça jus ao nome. Quero que ele tenha condenação máxima. Para mim, é o mínimo perto de tudo que ele fez. Acredito que eu tenha sobrevivido para isso, eu coloquei isso na minha cabeça, que eu fiquei viva para lutar por justiça”, diz.

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Tem feito mais do que isso desde então. Ela assumiu um protagonismo e virou ativista da defesa de mulheres e na briga pelo fim de casos como o seu.

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Dados sobre a violência contra a mulher no Brasil

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Apesar dos 13 anos da existência da Lei Maria da Penha e quatro anos da Lei do Feminicídio, é crescente o número de mulheres assassinadas no País. Segundo o Atlas da Violência de 2019, 4.963 brasileiras foram mortas em 2017, considerado o maior registro em dez anos.

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A taxa de assassinato de mulheres negras cresceu quase 30%, enquanto a de mulheres não negras subiu 4,5%. Entre 2012 e 2017, aumentou 28,7% o número de assassinatos de mulheres na própria residência por arma de fogo.

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Relatório mais recente da ONU detalha que os assassinatos de mulheres por parte dos seus companheiros fazem que o lar seja o “lugar mais perigoso” e que, sendo assim, ”é frequentemente a culminação de uma violência de longa duração que precisa ser combatida”.

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Assim, o relatório conclui que a cada 6 horas uma mulher é vítima de feminicídio no mundo.

A Defensoria Pública, por meio do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), disponibiliza cartilhas com orientações de atendimentos à mulher vítima de violência, além de endereços de delegacias especializadas.

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“Venho há tanto tempo lutando por uma sociedade mais justa e com mais respeito, mas nosso País ainda está longe disso e tento fazer minha parte, tento fazer o que não fizeram comigo, tento auxiliar essas mulheres [que vivem relacionamentos abusivos] também para que consigam ter um futuro com mais independência e longe desses homens agressores.”

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Entre as medidas recentes, Bárbara criou um abaixo assinado em que pede alterações na Lei Maria da Penha. O intuito é aumentar a segurança de mulheres vítimas de violência doméstica no País.

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“Peço a obrigatoriedade de cada estado ter uma Casa da Mulher Brasileira [centro de atendimento especializado para atender vítimas de violência doméstica] para auxiliar e, principalmente, salvar essas mulheres”, destaca, entre outros pedidos e projetos que fazem parte do abaixo assinado. E da vida que tem levado, com orgulho, nos últimos anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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