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Análise: Uma cortada nos direitos da mulher nos esportes

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Veja publicação original:  Análise: Uma cortada nos direitos da mulher nos esportes

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Há apenas 23 anos brasileiras conquistaram medalha em Olimpíada. Uma luta que terá de enfrentar mais um capítulo nas injustiças contra a mulher

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Por Patricia Lages

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A batalha das mulheres pela conquista de espaço na sociedade é árdua, lenta, injusta e acaba de levar uma “cortada” no que diz respeito ao esporte.

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Em um passeio rápido pela história brasileira nas Olimpíadas, apenas em 1932 uma mulher foi aceita nos Jogos, a nadadora Maria Lenk. A atleta não conquistou nenhuma medalha, mas teve o mérito de abrir as portas do esporte olímpico para as mulheres.

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A tão sonhada medalha de ouro veio apenas em 1996, com a dupla de vôlei de praia Jaqueline Silva e Sandra Pires, na Olimpíada de Atlanta. O ouro individual chegou há pouco mais de dez anos, em 2008, conquistada por Maurren Maggi no salto em distância.

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Mas, em pleno 2019, as mulheres se veem diante de mais um capítulo na novela das injustiças contra a mulher: terem de competir em jogos oficiais em desigualdade física. A jogadora transexual Tiffany Pereira de Abreu, de 34 anos e 1,91 de altura, recebeu o direito de jogar na Superliga de vôlei feminino, em Bauru, interior de São Paulo.

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Até os 30 anos de idade, ainda como Rodrigo, Tiffany jogava na liga masculina, tendo sua performance nas quadras classificada como mediana. Já no vôlei feminino, ela apresenta um desempenho acima da média por motivos tão óbvios que só a hipocrisia do “politicamente correto” encontra motivos para comemorar.

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Tiffany Abreu tem o direito legal de modificar seu corpo, porém, há fatos cientificamente comprovados que não podem ser ignorados quando o assunto é equilíbrio físico. A medicina adapta o corpo para diminuir o sofrimento da chamada disforia de gênero; a genética, porém, é impossível de ser alterada.

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Significa dizer que fatores como estrutura corporal, densidade óssea, capacidade cardíaca e pulmonar e força muscular, para citar alguns, permanecem inalterados. A exigência de submeter as atletas trans a tratamento hormonal e exigir que comprovem índice de testosterona inferior a 10nmol/L, segundo a medicina, não equilibra as diferenças que fazem o corpo masculino ser fisicamente superior ao feminino.

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Tiffany salta mais do que a maioria das jogadoras, mesmo saltando menos que quando atuava como Rodrigo. Sua densidade óssea e capacidades cardíaca e pulmonar superam a das adversárias e sua força, ainda que reduzida, permanece superior, evidenciando as desigualdades em um esporte onde os atributos físicos fazem toda a diferença. Não é à toa que os esportes são categorizados por sexo biológico, idade ou peso, conforme a modalidade.

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O deputado estadual Altair Moraes (PRB-SP), decacampeão de karatê e ex-integrante da seleção brasileira, apresentou o Projeto de Lei 346/2019 que propõe o estabelecimento do sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais. “O projeto não impede que ninguém pratique esporte, mas busca trazer equilíbrio às competições. É uma questão de justiça”, afirma o deputado.

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Parlamentares de outros Estados, que até então não haviam tomado nenhuma medida, estão seguindo o exemplo do deputado de São Paulo e propondo projetos similares. Mas, para nossa vergonha, todos homens, nenhuma deputada se manifestou. Quando os movimentos feministas se calam diante de mais uma injustiça contra as mulheres, ficamos mais uma vez na dependência da ação dos homens para lutar em nosso favor. Enquanto isso, seguimos aguardando por um feminismo que verdadeiramente priorize as mulheres e pare de se importar com a ditadura sem pé nem cabeça do politicamente correto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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