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Agricultora segue passos da avó na cafeicultura e integra aliança internacional de mulheres

Saiu no site ONU BRASIL

 

Veja publicação original:  Agricultora segue passos da avó na cafeicultura e integra aliança internacional de mulheres

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A conexão da mineira Daiane Vital, de 37 anos, e de sua família com a terra é profunda e vem de muitas gerações. No distrito de Ferreiras ou Ressaca, lugarejo encrustado na Serra da Mantiqueira (MG), trabalhar na cafeicultura é a única fonte de renda. Ela aprendeu o ofício com sua avó, Dona Ana Vital, bastante conhecida na comunidade.

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Leia o relato da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para a campanha “Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos”, que promove 15 dias de mobilização para valorizar a contribuição das trabalhadoras do campo ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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Daiane Vital (à direita) faz parte da Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil. Foto: MAPA/Danielle Serejo

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A conexão da mineira Daiane Vital, de 37 anos, e de sua família com a terra é profunda e vem de muitas gerações. No distrito de Ferreiras ou Ressaca, lugarejo encrustado na Serra da Mantiqueira (MG), trabalhar na cafeicultura é a única fonte de renda. Ela aprendeu o ofício com sua avó, Dona Ana Vital, bastante conhecida na comunidade.

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Durante a colheita de café, de maio a setembro, Daiane tem a chance de aumentar a renda familiar. A “panha” é uma atividade que emprega muitas mulheres e uma época em que elas conseguem ganhar dinheiro para fazer melhorias nas casas, comprar móveis e eletrodomésticos e, este ano, viajar de férias. Daiane ficou três dias em uma pousada em Ubatuba (SP) para realizar o sonho de conhecer o mar.

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Nascida e crescida na zona rural, Daiane casou-se aos 13 e, aos 14 anos, já tinha seu primeiro filho, Hugo, que nasceu com fenda palatina no lábio. Ela e seu marido Giovane gastaram tudo que tinham para operar os lábios do filho que hoje, aos 22 anos, trabalha com os pais na colheita de café.

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Além de Hugo, o casal tem duas filhas, Yara, de 20 anos, e Yonda, de 18. Os jovens amam o café e suas lavouras, e pretendem continuar estudando para ter mais oportunidades de trabalho no setor.

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Desde que Daiane nasceu, sua vida gira em torno do café. Quando criança, vivia atrás da Vó Nita, com quem aprendeu a prática da “varrição” — recolher os grãos caídos no chão —, importante prática que visa controlar pragas como a broca do cafeeiro. Este é um trabalho duro, mas que também rende dinheiro extra.

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Fora do período da colheita, Daiane trabalha no plantio de mudas, a “desbrota”, entre outras atividades complementares da lavoura de café que são alternativas de trabalho que reforçam o orçamento doméstico.

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“Trabalhamos por muitas gerações em fazendas de café na região. Minha mãe aprendeu com minha avó, que aprendeu com a mãe dela. Foi minha avó quem me ensinou a trabalhar no café transmitindo o que ela aprendeu nas plantações, trabalhando silenciosamente, para os outros, a vida toda”, contou Daiane.

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“Para mim, gente lutadora como minha avó foi muito importante para a lavoura do café, aqui na região, tanto quanto os donos de grandes propriedades cujos nomes ainda existem hoje.”

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“Minha esperança mais profunda é que outras pessoas possam saber mais sobre pessoas como minha avó, que tiveram um papel tão extraordinário na produção do café que bebem. Minha vida é o café”, diz Daiane que, incentivada pela avó, voltou a estudar quando mais velha. A “Vó Nita” não viveu para ver a neta concluir o ensino médio aos 32 anos, em 2014.

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Em 2015, Daiane conheceu a Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil. Até então, ela e as demais mulheres negras que trabalhavam com café em sua comunidade se descreviam como “invisíveis”.

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Por mais que se dedicassem à produção dos grãos que trazem riqueza à região, levavam uma vida de isolamento. Agora elas interagem com outras mulheres que trabalham na lavoura em outras regiões e até em outros países.

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Desde que ingressou na organização, começou a viajar para conferências e seminários sobre café em Belo Horizonte, e no início do ano foi a Brasília para um encontro de mulheres do setor.

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Este ano, pretende plantar pés de café num pequeno pedaço de terra que seu irmão adquiriu. Apesar da geada que atingiu drasticamente a pequena lavoura, Daiane não perdeu a esperança.

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Ela afirma que a fé na vida e o amor ao café foram grandes heranças deixadas por sua avó, junto a valores como trabalho e honestidade. Seu maior sonho é ajudar outras mulheres a se tornarem mais visíveis, como ela se tornou após participar da organização.

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Apesar de trabalhar duro nas lavouras, Daiane encontra tempo para realizar trabalhos voluntários com as crianças da comunidade. Ela ainda pretende cursar Pedagogia para cumprir a promessa feita à avó de cursar faculdade.

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Campanha 2019

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De 1º a 15 de outubro, a Campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos promove 15 dias de mobilização para valorizar a contribuição das trabalhadoras do campo ao cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável relacionadas à igualdade de gênero e ao fim da pobreza rural. O tema norteador da quinzena ativista é “O futuro é junto com as mulheres rurais”, com a hashtag #JuntoComAsMulheresRurais.

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O principal objetivo da campanha é destacar o trabalho promovido por pescadoras, agricultoras, extrativistas, indígenas e afrodescendentes. A campanha no Brasil é coordenada pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em parceria com FAO, a ONU Mulheres, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf) e a Direção-Geral do Desenvolvimento Rural do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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