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2018, o ano da sororidade (ou mais uma lição que aprendi aos 40)

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original: 2018, o ano da sororidade (ou mais uma lição que aprendi aos 40)

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Criadas para competir entre si, as mulheres começam a reverter essa lógica cruel e aderir a uma irmandade que só faz bem. A todas nós.

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Por Adriana Ferreira Silva

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Desde criança, mulheres são criadas para competir entre si. A começar por quem é a mais bonita (da maternidade, da escola, dos inescrupulosos concursos de beleza), passando pela mais sexy, inteligente, pegadora, a que melhor cozinha, a melhor mãe, a que trepa melhor e por aí vai. União, irmandade definitivamente não fazem parte do aprendizado feminino (pelo menos não do meu). Homens até devem ter lá suas questões uns com os outros, mas me parece que atuam muito mais numa fraternidade do que numa competição _rapazes, please, me corrijam.

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As consequências desse comportamento são nefastas. Na vida profissional, lutamos umas contra as outras para alcançar postos mais elevados e, uma vez lá, demoramos a perceber que é necessário “puxar” a próxima da fila _afinal, ela pode roubar o seu lugar. Nos relacionamentos, estamos sempre alertas praquela “vadia” que pode tentar flertar com o crush, namorado, marido (todos homens santos, sempre, claro). Nos sentimos frustradas por não sermos as “melhores mães” e, se o destino te fez a “mais bela” da turma, o passar dos anos vai te transformar num arremedo de plásticas e intervenções estéticas dolorosas para evitar a inexorável ação do tempo.

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Mas tudo isso está mudando. E pra muito melhor. Se a palavra sororidade chegou a minha vida junto ao feminismo, só beirando os 40, entre as jovens descoladas que me cercam ela é regra. Para mim, pessoalmente, esta foi a tônica deste ano. No dia a dia da redação de Marie Claire, entendemos perfeitamente as vantagens de cada uma de nós galgar rumo ao topo, levando as outras junto de si. Não se trata de tese sem fundamento: quanto mais mulheres em cargos de chefia, melhores são, por exemplo, as políticas family friendly das empresas _isso sem contar a melhora da equidade salarial. Provocar esse tipo de mudança cercada de homens é tarefa inglória, e todas, sem exceção, só temos a perder com isso.

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Discutindo feminismos com Marisa Fernandes, Monique Prada e Helena Vieira no evento Nós Tantas Outras  (Foto: Carol Vidal)

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Esse foi um dos temas discutidos no Power Trip Summit, encontro anual de CEO´s e altas executivas promovido por Marie Claire, um dos muitos eventos em que me vi cercada de mulheres maravilhosas e inspiradoras, discutindo os melhores rumos para mim, para você para todas nós. Outras felizes reuniões provam a minha tese de que 2019 foi o ano da sororidade: levamos uma multidão às ruas para demandar manutenção de direitos às vésperas das eleições; participamos de discussões sobre feminismos nos mais variados formatos, reunindo público muito eclético (como o encontro internacional Nós Tantas Outras); criamos um prêmio, o Viva, para celebrar quem atua no enfrentamento à violência contra a mulher _e o fizemos numa festa linda e muito emocionante. E traçamos muitos planos de dominação do patriarcado em felizes noitadas regadas a vinho.

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É claro que o ranço persiste. O nível de crueldade com que uma mulher ataca a outra, principalmente quando anônima, nas redes sociais, provoca sentimentos primitivos (sério!). Ainda somos terrivelmente muito mais críticas umas com as outras do que com os homens. Mas não seremos mais. Daqui pra frente, ninguém solta a mão de ninguém.

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Com as amigas da vida Leticia, Gisella, Cris e Dolores: conversas sobre como dominar o mundo regadas a vinho (Foto: Arquivo Pessoal)
Com as amigas da vida Leticia, Gisella, Cris e Dolores: conversas sobre como dominar o mundo regadas a vinho (Foto: Arquivo Pessoal)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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