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Transformadora, Valéria Velasco fará falta para aqueles que lutam contra a violência

Saiu no site MULHERES TRANSFORMADORAS:

 

Veja publicação original:  Transformadora, Valéria Velasco fará falta para aqueles que lutam contra a violência

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Retomar a vida após sofrer uma violência brutal não é uma tarefa simples. O medo de andar sozinho, a dificuldade de confiar nos outros, a desconfiança constante, os problemas em se relacionar com os amigos e parentes, os prejuízos no estudo e no trabalho são apenas alguns dos traumas que milhares de pessoas carregam depois de se tornarem vítimas de espancamento, estupro, assalto ou de lidarem com perdas ligadas à violência. Poucos são aqueles que conseguem tirar, de uma história de violência, a mudança completa em uma história de vida. Foi o que Valéria Velasco fez. Nascida em São João Nepomuceno, uma pequena cidade no interior da Zona da Mata de Minas Gerais em 1947, a jornalista virou porta-voz da luta contra a violência depois de perder o filho para uma gangue em Brasília, em 10 de agosto de 1993. Transformadora, corajosa, guerreira, Valéria morreu, dia 17 de abril, vítima de um aneurisma na aorta abdominal. Ela estava tentando se recuperar da doença há 12 dias, mas não resistiu.

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Seu único filho homem, Marco Antônio, de 16 anos, foi assassinado por uma gangue da 405 norte. Marquinho gostava de esporte, principalmente futebol, queria ser jogador profissional. Era conhecido como um garoto brincalhão e alegre. Depois dessa perda tão trágica, Valéria passou a militar na área com a intenção de mudar, de alguma forma, a sociedade e a legislação brasileira para que casos como esses não voltassem a se repetir com outras famílias.

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Motivada pelas filhas que restaram e engajada na luta contra a violência para que outras famílias não sentissem a dor que ela sentiu, Valéria passou a se reunir semanalmente com outras famílias que também perderam entes queridos para a violência com a intenção de prestar o apoio psicológico. Criou o Convive (Comitê Nacional de Vítimas de Violência) em 1999.

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No começo, assumiu a presidência do comitê e desenvolveu ações que marcaram o país, como a primeira Caravana das Mães contra as Armas e a Violência, que reuniu familiares de vítimas da violência em Brasília para reivindicar por mudanças e melhorias na Justiça brasileira. Como militante e representante do comitê ela também se dedicou a campanhas mobilizadoras, como a campanha do desarmamento em 2006.

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“Dependendo da circunstância do crime, ficam marcas para o resto da vida, mas elas podem ser amenizadas com um tratamento sério. Há casos de pessoas que ficam tão maltratadas que desaparecem, se recolhem, não dão prosseguimento aos tratamentos. É preciso lutar por essas pessoas”, ressaltava na época.

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Como jornalista, Valéria especializou-se em edição de revistas e jornais para empresas públicas e privadas. Teve a oportunidade de ocupar cargos importantes dentro do governo, como coordenação de comunicação social do extinto Ministério do Interior e assessorias. Trabalhou durante uma década como subeditora de Cidades e editora do Caderno Trabalho e de capa do Correio Braziliense, jornal de grande circulação em Brasília.

 

A editora-chefe do Correio braziliense, Ana Dubeux, afirmou, em artigo publicado no jornal: “Minha amiga conhece como ninguém a arte do amparo, tão rara e cara nesse mundão truculento de hoje. Este texto não é apenas sobre Valéria, nem sobre amigos, nem sobre guardar o que precisa ser guardado e jogar fora todo o resto. Este texto é sobre reconhecimento. Precisamos falar sobre o que é bom e sobre quem faz o bem. O que você guarda? Quem você guarda? Aqui, nas minhas preciosas caixinhas, guardo Valéria. Mas ouso compartilhar suas qualidades, sem medo, porque ela merece e porque todos devem saber”.

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Um aneurisma na aorta abdominal levou a mulher aguerrida que não se calou diante da tragédia que é perder um filho e de maneira tão violenta. Valéria Velasco deixa três filhas, cinco netos e um bisneto. Deixa também a imagem de uma profissional competente, séria, mas principalmente de uma mulher transformadora que enfrentou as agruras da vida com coragem e determinação.

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Com informações do Correio Braziliense

 

 

 

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