Saiu no CNJ
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O Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT7), que atende à população do Ceará, reconstituiu a Comissão de Incentivo à Participação Institucional Feminina neste mês de junho. A presidente do Tribunal, a desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno assinou a Portaria 82/2021 restabelecendo a comissão, formada integralmente por mulheres. A regulamentação atende à Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário.
Sob a coordenação da juíza do trabalho Daiana Gomes Almeida, integram a comissão a diretora-geral Neiara São Thiago Cysne Frota, a diretora da Divisão de Material e Logística, Deven Moura Miller, a assessora de desembargador Marilsa Ferreira Araújo Oliveira e a diretora de secretaria de vara Carmecilda Maria Moura de Andrade. A primeira reunião do colegiado está marcada para 7 de julho, “em que se dará início ao planejamento de ações de incentivo a uma maior participação institucional feminina, além de outras medidas de promoção da igualdade de gênero”, destacou a coordenadora.
A Comissão foi constituída em agosto, por meio da Portaria 120/2020. Em março deste ano, em consulta realizada junto aos assentos institucionais do quadro da magistratura do trabalho cearense, constatou-se que, ao longo de toda a sua história, dos 39 mandatos de Presidência do TRT7, 33 foram exercidos por homens e apenas 6 foram exercidos por mulheres.
A consulta constatou ainda que, na primeira instância, havia 14 juízes substitutos e 15 juízas substitutas no quadro do TRT7. No exercício da titularidade de varas trabalhistas, essa proporção começa a distorcer, sendo 17 mulheres e 20 homens.
Avançando a análise para a segunda instância, registra-se que há apenas quatro desembargadoras do trabalho, frente a 10 desembargadores. Os dados demonstram que a participação feminina diminui, quanto maior a ascensão funcional. “Se não há vedações legais para a plena inserção da mulher nos mais altos cargos públicos, deve haver outras barreiras estruturais que precisam ser identificadas e eliminadas”, observou Daiana Gomes.
A magistrada aponta outro dado detectado na consulta para identificação de causas de baixa participação institucional feminina. Somadas as juízas e desembargadoras, chegou-se ao total de 36 mulheres, sendo 26 casadas ou em união estável, enquanto apenas 10 não estavam inseridas nessa realidade. Além disso, do total feminino, 20 mulheres possuem filhos menores de 14 anos.
“Talvez esse dado aponte para a necessidade de perquirir se uma das causas dessa assimetria funcional feminina reside na sobrecarga decorrente da dupla ou tripla jornada que, nos dias atuais, ainda recai, em sua maior parte, sobre a mulher, que é estruturalmente demandada a dar conta do invisível cuidado doméstico e filial, em detrimento de tempo e liberdade para ocupar cargos e alçar ascensão profissional”, ponderou Daiana.
A consulta também revelou que não há, no TRT7, nenhuma juíza do trabalho autodeclarada negra. “Outra questão que precisa ser analisada para que barreiras de acesso das mulheres negras à magistratura do trabalho possam ser rompidas”, finalizou a juíza.
Resoluções do CNJ
A Resolução CNJ n. 255/2018 foi criada considerando os dados obtidos sobre representatividade feminina e a disparidade na ocupação de cargos no Poder Judiciário, além da importância de haver espaços democráticos e de igualdade entre homens e mulheres. O artigo 2º do normativo define que todos os ramos e unidades do Judiciário devem adotar medidas para assegurar a igualdade de gênero no ambiente institucional, propondo diretrizes e mecanismos que orientem os órgãos judiciais a atuar para incentivar a participação de mulheres nos cargos de chefia e assessoramento, em bancas de concurso e como expositoras em