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Por que insistir no beijo como Maycon, do BBB, é violento com a mulher

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:  Por que insistir no beijo como Maycon, do BBB, é violento com a mulher

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Por Ana Bardella

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Na última festa do Big Brother Brasil, o participante Maycon, envolvido em diferentes polêmicas dentro do reality, teve novamente seu comportamento questionado pelo público. Ele passou boa parte da noite tentando se reaproximar de Isabella: os dois se envolveram brevemente no início do programa, mas romperam após desentendimentos. Arrependido da forma como a história se desenrolou, o mineiro vem pedindo para que a estudante de Medicina lhe dê uma nova chance.

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O que não agradou a todos, no entanto, foi a maneira como decidiu abordá-la. Enquanto os dois dançavam, Maycon pediu para lhe beijar em diversos momentos e em todos eles a resposta foi negativa. Isso não o impediu, no entanto, de tentar roubar um selinho de Isabella e de continuar se aproximando fisicamente dela, fazendo-a virar o rosto repetidas vezes. Por fim, quando percebeu que suas tentativas não estavam surtindo efeito, reclamou para Tereza que ela “estava se fazendo de difícil”.

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Cenas como as que foram exibidas no programa são comuns em festas: homens se aproximando de forma expansiva e mulheres tentando se esquivar. Com a aproximação do Carnaval, o assunto tem ficado ainda mais em vidência: qual o limite entre assédio e cantada?

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Consentimento é a palavra-chave

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“Quando um homem insiste em beijar uma mulher mesmo depois de escutar que ela não quer, isso pode ser considerado assédio”, aponta a psicóloga Michele Silveira. De acordo com a profissional, no assédio existe uma insistência que beira a agressividade e que pode gerar medo.

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Naiara Mariotto, psicóloga e especialista em sexologia, complementa: “O assédio causa incômodo. Usar palavras baixas, encostar no corpo sem permissão ou resumir a mulher a um objeto sexual são alguns dos exemplos”, afirma.

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Na sua visão, o que separa uma cantada ou elogio de um comportamento inaceitável é o consentimento. “A cantada é leve, gostosa. Eleva a autoestima, seduz e até diverte. Gera curiosidade de conhecer o outro e conversar mais. Não gera estragos físicos e emocionais, não traz medo, nojo ou raiva. Já o assédio é agressivo. Ele sempre está acompanhado de algum tipo de poder, tal como o poder físico, e desperta desejo de fuga”, resume.

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Reações negativas diante da rejeição

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“Certa vez uma das minhas pacientes contou que estava com as amigas em um baile de carnaval quando foi abordada por um rapaz que tentou beijá-la. Quando negou, foi agredida, como se tivesse feito algo contra ele, ferindo assim a sua masculinidade”, conta Michele. Para a psicóloga, reações negativas por parte dos homens diante de uma rejeição estão enraizadas na cultura machista.

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“Ao receber um não, questões sociais são levantadas. Algumas construções culturais que vigoram há séculos colocam os homens como seres ‘naturalmente superiores’, o que lhes conferiria o direito de dominar as pessoas do sexo feminino. Quando um homem se enxerga como provedor, também acredita que é ele quem decide quando e como as coisas irão acontecer”, completa Naiara.

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Parte da cultura do estupro

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“Para entender a cultura do estupro, é imprescindível nos livrarmos do estereótipo de que o estuprador é aquele homem escondido em um canto escuro e pronto para dar o bote. Estupradores também podem ser homens que tiram vantagens de mulheres desacordadas, que tomam o silêncio como um sim”, pontua Michele. A profissional ainda reforça que estupro é crime, mas estupradores não são, necessariamente, pessoas doentes.

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“O que influencia para que o crime aconteça de maneira tão recorrente são as noções culturais sobre o papel feminino e o masculino na sociedade. Muitas vezes enxergamos as mulheres como desfrutáveis, o que acaba sendo nocivo”, garante. Em sua visão, desrespeitar o não de uma mulher colabora para que esse pensamento seja perpetuado. Logo, situações de assédio, como insistir em um contato sexual ou deslegitimar o “não” de uma mulher, influenciam no pensamento coletivo de que seus corpos são objetos e que podem ser usufruídos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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