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Para a escritora feminista Naomi Wolf, internet fortaleceu a luta das mulheres

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original: Para a escritora feminista Naomi Wolf, internet fortaleceu a luta das mulheres

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Por Gaía Passarelli

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Em meio ao movimento que revitalizou o feminismo, é relançado no país “O Mito da Beleza”, clássico de Naomi Wolf, que fala com exclusividade à Marie Claire

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Não há momento mais pertinente para a reedição de um clássico da literatura feminista como O Mito da Beleza: Como as Imagens de Beleza São Usadas contra as Mulheres, de Naomi Wolf. Lançado em 1990, o livro chega às prateleiras no mês que vem, com uma introdução que atualiza as questões daquela década e confirma sua importância e atualidade, num momento em que o debate sobre o ativismo vive seu auge. “Feminismo era uma palavra suja”, lembra a jornalista e escritora, autora de oito best-sellers sobre feminismo e liberdade.

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Trabalhando num novo livro, Outrageous: Love, Censorship and the Invention of Modern Homosexuality (em tradução livre, ultrajante: amor, censura e a invenção da homossexualidade moderna), sobre censura e homofobia – com lançamento previsto para fevereiro de 2019 –, Naomi conversou com Marie Clairesobre sua bem-sucedida carreira, que começou com uma crítica aos padrões inatingíveis de beleza.

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Marie Claire Na introdução de uma das reedições de O Mito da Beleza, você diz que ficou assustada com a oposição ao livro no lançamento. O que ocorreu?
Naomi Wolf No início dos anos 1990, o feminismo era considerado morto e questionar isso foi bastante rebelde. Viajei o mundo e, em todos os países, as feministas eram marginalizadas. Feminismoera uma palavra suja. Mas houve uma erupção global na última década. A internet mudou tudo. Antes, você seria uma feminista num lugar remoto, rodeada de visões conservadoras. Hoje, temos aliadas. Podemos estar em contato com pessoas que compartilham nossa visão.

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MC Como levar o feminismo às mulheres mundo afora?

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NW Essa pergunta é importante, mas é preciso fazê-la de forma correta. No passado, as mulheres nos centros urbanos, e especialmente em classes mais altas, sentiam que precisavam “levar o feminismo para o resto do mundo”. Isso nunca foi correto e não estamos mais nessa época. Viajo muito falando sobre o tema e conversando com feministas e para mim está claro que, entre muçulmanas de países da África, na Ásia, em áreas rurais e em subúrbios, mulheres de todas as classes sociais sabem quais são suas questões. Há um forte movimento feminista no mundo islâmico. Há mulheres em vilarejos africanos se mobilizando contra a mutilação genital. Nas partes mais carentes da Índia, há aquelas que se posicionam contra o casamento infantil e o feminicídio. Elas não precisam de um feminismo versão ocidental e têm uma visão crítica e sofisticada das relações de gênero. São líderes, capazes de se organizar.

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MC Que memórias carrega do Brasil?

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NW Uma das lembranças mais profundas de minha última visita ao Brasil, em 2013, foi a exibição de um programa sobre a questão da liberdade de imprensa na ditadura militar. Escrevi um livro sobre ditadores (Fim da América, ed. Record, 256 págs., R$ 39,90) e sei que, em qualquer sociedade sem democracia, não há espaço para o feminismo.

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MC A internet é a principal mudança no feminismo nos últimos 30 anos?

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NW Parece simplista, mas sim: o que a internet faz para o feminismo é inacreditável. Eu, por exemplo, tenho milhares de seguidores no Facebook e no Twitter, o que representa uma audiência global. Uma coisa que me irrita na América é a islamofobia: as pessoas julgando as mulheres que usam véus como se todas fossem zumbis do patriarcado. Graças às minhas viagens ao mundo islâmico e ao Leste Europeu, sei que muitas feministas usam véu. Então, perguntei no Twitter qual o significado do véu e tive cerca de 500 respostas em 15 minutos, do mundo tudo, falando sobre o que significa para elas cobrir a cabeça. São mulheres que vivem em diferentes circunstâncias e, em vez de estarem isoladas em uma sociedade patriarcal, que o mundo muçulmano muitas vezes é, estão trocando ideias sobre o que as fortalece. Por causa da internet, hoje é muito mais difícil controlar uma população.

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Arte - Naomi Wolf - O Mito da Beleza: Como as imagens de beleza são usadas contra  as mulheres (ed. Rosa dos Tempos, 490 págs., R$ 69,90)   (Foto: Divulgação)
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