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“Não se tortura mais nos porões, mas a céu aberto”, diz Mariana Lima

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original:  “Não se tortura mais nos porões, mas a céu aberto”, diz Mariana Lima

 

Atriz de “Os Dias Eram Assim” reflete sobre a situação do Brasil e a beleza aos 44 anos

 

Destaque na supersérie “Os Dias Eram Assim”, Mariana Limavive a professora de História, Natália, torturada durante a trama, nos tempos da Ditadura. Seu personagem forte traz questionamentos aos alunos. Em conversa com Marie Claire, ela conta sobre esse intenso papel, o momento atual do Brasil e também a vida em família com o marido e diretor, Enrique Díaz, com quem está há 20 anos, e suas filhas Elena e Antônia.

Marie Claire: Como é interpretar uma professora de História da época da Ditadura e ver que os dias de hoje continuam tão difíceis?
Mariana Lima: Foi muito instigante e mobilizador pra mim fazer essa professora porque é um assunto que faz parte da minha vida. Já quis ser historiadora e leio muito sobre história, política, sociologia e ciências sociais. Eu já tinha uma biblioteca em casa com textos que serviram pra construir a personagem. Tenho profunda admiração por quem se dedica a ensinar os  jovens a terem pensamento crítico, a refletirem sobre as circunstâncias em que vivemos, sobre o passado que nos formou e um futuro possível, humano, digno,  feitos do respeito às diferenças.  Hoje, me dá arrepios ver que vivemos num mundo onde temos a escola sem partido, o sucateamento das universidades e escolas públicas, os cortes em bolsas de pesquisa e financiamento de  estudos e o pensamento de que a universidade pública deverá deixar de existir. Fazer essa personagem tem sido importante por esse motivo também, para nos lembramos disso.

MC: O que há de diferente e igual se comparar o Brasil da Ditadura com o  Brasil de agora?
ML: Vivemos outro tipo de ditadura, tanto ou mais violenta. Não se tortura mais nos porões, mas a céu aberto. Quando a polícia entra na favela e sai atirando, quando crianças e idosos morrem na fila de hospitais super lotados, quando você tira a chance de crianças estudarem no ensino público e garantirem um futuro, você está torturando e matando. Também é ditadura a do dinheiro, a da meritocracia, a do “deixa morrer porque já tem muita gente no mundo” e a do “não há comida pra todos”.  A ditadura do 1 por cento, dos 10 por cento que pode ter acesso ao mercado de ensino, saúde, segurança…. Vivemos um momento muito triste do Brasil, onde aprendemos a conviver com a desigualdade como se fosse parte da nossa natureza. E ela não é! Não me conformo.

MC: Qual o principal valor que quer passar para suas filhas?.
ML:
 Respeito ao outro.  A todo tipo de diferença. Olhe, escute e respeite!.

MC: Como você vê a instituição do casamento hoje?
ML:
 Um organismo vivo, cheio de arestas, de beleza, de respeito, de sexo, briga, reparação, desculpas, parceria, afeto, graça e amizade.

MC: Como você vê a beleza aos 44 anos?
ML:
 O que é a beleza? Beleza, aos 44,  é a mesma que em qualquer idade. É ter saúde, vontade de viver, ter viço, tomar água ,suco verde, cerveja e caipirinha. Comer legumes todo dia e também linguiça. Namorar, beijar na boca, trepar, sair e dançar. Dormir muito e lavar o cabelo dia sim, dia não. É ficar em casa com as crianças, fazer ginástica, correr e passar um dia na praia de vez em quando. É viajar muito, trabalhar com dedicação e entrega. É cuidar de quem precisa. Isso é beleza.

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