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MUSICISTAS DA FILARMÔNICA DE NY LUTAM PELO DIREITO DE USAR CALÇAS

Saiu no site JORNAL O GLOBO:

 

Veja publicação original: MUSICISTAS DA FILARMÔNICA DE NY LUTAM PELO DIREITO DE USAR CALÇAS

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Por Michael Cooper

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Mais antiga orquestra dos EUA só permite que as mulheres usem saias ou vestidos

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NOVA YORK — As mulheres podem usar calças nas cerimônias do Oscar, no Tony Awards e em jantares oficiais. Elas podem usar calças quando se formam na Academia Naval, patinando nas Olimpíadas e concorrendo à Presidência. Podem usá-las em praticamente qualquer local de trabalho nos Estados Unidos.

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‘Acho que gostaríamos de que isso mudasse, e logo. E não apenas para para permitir calças, mas para realizarmos um posicionamento mais amplo sobre o que significa estar vestida.’

– LEELANEE STERRETT (Trompista)
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Mas quando as mulheres da Filarmônica de Nova York entraram no palco do David Geffen Hall recentemente para interpretar Mozart e Tchaikovsky, todas usavam saias ou vestidos pretos compridos. Elas são obrigadas a se vestir assim: isso porque a mais antiga orquestra dos Estados Unidos não permite que mulheres usem calças para concertos formais à noite.

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Isso pode mudar em breve. A orquestra, que encerra em 2018 a sua 176ª temporada, tem discutido de forma discreta a ideia de modernizar seu código de vestimenta. Curvando-se à pressão de mulheres que argumentam que as restrições de vestuário não são apenas injustas, mas também podem prejudicar sua capacidade de tocar confortavelmente, outras grandes orquestras já se movimentaram nos últimos anos para deixar que suas instrumentistas usem calças se quiserem.

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Mas a igualdade de gênero não é a única consideração na Filarmônica. No momento em que todas as orquestras lutam para atrair novos públicos, profissionais da área se preocupam com o fato de que roupas formais e antiquadas podem ser prejudiciais aos recém-chegados. Assim, a Filarmônica também está reexaminando as regras que exigem dos homens o uso de gravatas e fraques, a fim de testar se ainda faz sentido manter certas normas quando a era das cartolas já ficou para trás.

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“É um pouco estranho”, diz Leelanee Sterrett, trompista de 31 anos que se juntou à orquestra em 2013, uma das que vem discutindo a modernização do código de vestimenta com a direção da Filarmônica. “Acho que gostaríamos de que isso mudasse, e logo. E não apenas para para permitir calças, mas para realizarmos um posicionamento mais amplo sobre o que significa estar vestida.”

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ROUPAS FORMAIS CAUSAM DESGASTES AOS MÚSICOS

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Não é apenas uma questão de estar chique: existem considerações práticas. Tocar um instrumento é fisicamente exigente, e músicos de ambos os sexos se queixam de restrições e desgastes que as roupas formais causam.

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Foi assim que Julie Ann Giacobassi, trompetista inglesa, revolucionou o código de vestimenta da Sinfônica de São Francisco nos anos 1980. Ela estava tocando a Segunda Sinfonia de Mahler quando uma chave do instrumento ficou presa nas dobras da sua saia. Ela saiu de cena e pegou um conjunto de fraque usado pelos homens.

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O gesto causou espanto, à época, mas hoje está consagrado no código de vestimenta do grupo. Atualmente, a Orquestra de São Francisco dá às mulheres a opção de usar vestidos totalmente pretos, saias longas ou terninhos, mas também observa explicitamente quais fraques podem ser usados.

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Presidente e diretora executiva da Filarmônica de NY, Deborah Borda diz que algumas instrumentistas a abordaram para discutir a atualização do código de vestimenta. “Foi um diálogo muito bom”, disse. No entanto, observa que pode ser difícil chegar a uma solução amplamente aceitável, que combine roupas confortáveis e ao mesmo tempo suficientemente elegantes para a ocasião, além de agradar espectadores antigos, mais conservadores, que indicaram em pesquisas que gostam das coisas como estão.

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Detalhe da saia de instrumentista da Filarmônica de NY, que não permite que as mulheres usem calças durante os concertos à noite – CAITLIN OCHS / New York Times

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Também é difícil encontrar roupas que resistam ao teste do tempo. Deborah lembra-se de uma orquestra na década de 1970 que adotou jaquetas de veludo com lapelas largas e calças de brim: “Por um ano ou dois eles pareciam cool, mas logo se tornaram uma piada”, diz. “Muitas orquestras experimentaram diferentes modelos de roupas masculinas e femininas. Não foram totalmente bem-sucedidas”.

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Enquanto a orquestra da Metropolitan Opera já permite que mulheres usem calças, a Filarmônica ainda está no estágio inicial do debate: “Uma coisa é certa: as pessoas querem permanecer elegantes”, disse a violinista Fiona Simon. “É importante que pareça que nos importamos. Nós nos preparamos tanto para nossos concertos que, sim, precisamos ter uma boa aparência”.

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E a trompista Leelanee Sterrett afirma que o debate sobre vestimenta não abre mão do desejo de proporcionar uma “experiência elevada”, e acredita que a mudança deve chegar: “Não me lembro de ouvir qualquer um de nós dizer: ‘Não, acho que não devemos mudar’”.

 

 

 

 

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