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Luisa Arraes reflete sobre ser mulher em tempos conservadores: “Feminismo é necessidade”

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original:   Luisa Arraes reflete sobre ser mulher em tempos conservadores: “Feminismo é necessidade”

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Aposta de Marie Claire para 2019, a atriz conta como decidiu se aprofundar no feminismo: “Não é escolha. Um dia você acorda e diz para si mesmo: ‘vou estudar isso’”

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Por Karla Monteiro

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“Escrevo da terra das feias, para as feias, as velhas, as machonas, as frígidas, as malfodidas, as infodíveis, as histéricas, as taradas…”: Luisa vai recitando, enquanto serve o café que acabou de preparar na cozinha do seu charmoso apartamento no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. “Morava aqui com uma amiga. Duas Luisas. Ela foi casar e eu fiquei”, conta. Nascida Arraes, sobrenome que remete à gênese da esquerda brasileira, neta de Miguel Arraes, tem política no sangue, embora diga que narrar o best-seller feminista Teoria King Kong, da francesa Virginie Despentes, seja algo análogo ao tempo: “Não houve um despertar para o feminismo. É coisa de geração. Fico feliz de estar junto.”

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Aos 25 anos, Luisa Arraes emite aquela coisa inominável que deixa qualquer um à vontade. Autenticidade talvez seja a palavra. O ano que passou foi para ela um marco. Na TV, viveu a encantadora e rebelde Manu, de Segundo Sol, que a alçou ao time das protagonistas. No teatro, percorreu o país com Grande Sertão: Veredas, adaptação de Bia Lessa da obra-prima de Guimarães Rosa. E, no lusco-fusco de 2018, estreou Rasga Coração, filme de Jorge Furtado que transporta para hoje o conflito geracional, social e político escrito por Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, nos tumultuosos anos pós-AI-5. Em 2019, duas estreias no cinema prometem a consagração como atriz: Vertigem, de Carol Jabor, e Grande Sertão: Veredas, a versão de Bia Lessa para o cinema do livro de Guimarães.

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Em seu apartamento, sobre a mesa da sala, o livro A Morte da Verdade – Notas Sobre a Mentira na Era Trump, da jornalista Michiko Kakutani. “Você tem de ler, é uma loucura”, recomenda, contando como foi parar nas praças do centro do Rio nos dias que antecederam o pleito que elegeu Jair Bolsonaro: “Havia um clima de ódio aos artistas, aquela mentirada de Lei Rouanet. Resolvemos voltar ao simples, conversar com as pessoas. Na rua, foi um ufa, tinha afeto”.

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Ela não sabe se seguirá a carreira apenas como atriz: “Penso em fazer mestrado. Me formei em letras e queria continuar, tenho vontade de focar num objeto de estudo”. Filha do diretor Guel Arraes e da atriz Virgínia Cavendish, a profissão nunca lhe foi óbvia, embora tenha estreado nela aos 10, no filme Lisbela e o Prisioneiro, com o pai na direção e a mãe no elenco: “Entrei porque estava ali sentada e precisavam de uma criança. Fui fazendo pontinhas. Virei adolescente e parei. Entrei em cinema na PUC-RJ, larguei e fui fazer teatro com o Antunes em São Paulo, depois fiz CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), aí descobri o curso de letras e me apaixonei”.

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No momento, debruça-se sobre a literatura feminista. Acabou de debulhar Explosão Feminista, de Heloisa Buarque de Hollanda. Está lendo Calibã e a Bruxa, da historiadora italiana Sílvia Federici. “Feminismo: um assunto vasto. Quantos feminismos existem?”, questiona, lembrando um episódio que aconteceu na Escola Parque, colégio da classe média alta, no alto da Gávea: “Um coleguinha me perguntou quais haviam sido as mulheres que mudaram o mundo, citou Einstein, Freud… Eu não sabia responder. Perguntei para uma amiga mais velha, ela falou Dorothy Parker, Virginia Woolf… Falou três autoras, decorei duas”.

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Talvez tenha sido este o início de uma jornada: “Não é escolha. Um dia você acorda e diz para si mesmo: ‘vou estudar isso’. Vai encontrando pessoas que vão te dizendo coisas e você pensa, ‘pera aí, isso que você está dizendo me machuca muito e nem sei por quê’. Nesse sentido, é uma necessidade. Isso é que é interessante”.

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Luisa usa top e bermuda Cacete CO. colar Bulgari (Foto: Karine Basílio)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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