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Escritora e ex-refugiada somali percorre escolas dos EUA para inspirar crianças

Saiu no site ONU BRASIL

 

Veja publicação original: Escritora e ex-refugiada somali percorre escolas dos EUA para inspirar crianças

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Habso Mohamud nasceu na Somália, de onde fugiu em busca de refúgio no Quênia. No campo de refugiados de Dadaab, ela chegou a passar fome, mas não deixava de frequentar a escola local. Mais tarde, a jovem foi reassentada para os Estados Unidos, onde se tornou escritora de livros infantis. Aos 24 anos, Habso percorre escolas da nação norte-americana para inspirar meninos e meninas e encorajá-los a seguir seus sonhos.

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Autora de livro infantil e ex-refugiada somali, Habso Mohamud posa com estudantes depois de uma sessão de leitura numa escola de Washington, D.C.. Foto: ACNUR/Arielle MoncureAutora de livro infantil e ex-refugiada somali, Habso Mohamud posa com estudantes depois de uma sessão de leitura numa escola de Washington, D.C.. Foto: ACNUR/Arielle Moncure

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“Eu queria ser a rainha da selva”, sonha a pequena Nasra, protagonista do livro infantil Só É Preciso Um Sim. Como rainha, a menina ajudaria os desabrigados, alimentaria quem passa fome e faria livros brotarem das árvores, para que todos pudessem ler.

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Mas o que Nasra descobre é que ela não precisa de uma coroa para fazer a diferença no mundo. “Isso sempre esteve no meu coração”, a menina percebe. “Aqui e agora é onde eu devo começar.”

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A mente por trás de Nasra é a escritora Habso Mohamud, uma ex-refugiada da Somália. A vida da autora, de 24 anos, é muito semelhante à de Nasra. Em viagens por todo os Estados Unidos, Habso compartilha as duas histórias, a biográfica e a ficcional, em leituras organizadas para crianças em idade escolar.

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A jovem escritora cresceu no campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, onde tinha que caminhar 45 minutos para chegar à escola. Habso nunca faltava aula, mesmo quando não tinha dinheiro para comprar comida durante todo o dia.

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“O amor pela educação veio de quando eu estava no campo de refugiados”, explica a escritora. “Eu não ia deixar passar aquelas oportunidades, mesmo sendo longe da minha casa.”

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Hoje, Habso tem certeza da mensagem que quer transmitir: “Não desista de si mesmo e não desista dos seus sonhos, não importa onde você esteja ou quais são as circunstâncias com as quais você pode se deparar na sua vida”.

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Vida nova nos Estados Unidos

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Após serem encaminhados pela Agência da ONU para refugiados (ACNUR), Habso, seus pais e nove irmãos foram reassentados para os Estados Unidos em 2005. Apesar dos crescentes níveis de deslocamento forçado em todo o mundo, pouquíssimos refugiados têm a chance de serem reassentados. Do 1,2 milhão de refugiados que precisavam de reassentamento em 2018, apenas 55.692 conseguiram ser realocados.

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A família de Habso chegou primeiro a Nova Iorque, no meio do verão. “Não achei que estávamos realmente na América”, lembra a jovem. “Eu me perguntava ‘onde está a neve?’”

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Mas a escritora conseguiu aproveitar – e aguentar – a neve por muitos anos, depois que a família resolveu se estabelecer no norte do estado do Minnesota.

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Autora infantil e ex-refugiada somali Habso Mahamud, durante visita a uma biblioteca em Washington, D.C.. Foto: ACNUR/Arielle Moncure Autora infantil e ex-refugiada somali Habso Mahamud, durante visita a uma biblioteca em Washington, D.C.. Foto: ACNUR/Arielle Moncure

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Adaptar-se a um novo contexto não foi fácil. Na época do reassentamento, Habso tinha dez anos. Com frequência, a menina se sentia ansiosa e depressiva. “Memórias do campo de refugiados ficavam voltando para mim”, conta a ex-refugiada. Aos 12 anos, Habso começou a fazer terapia — um processo que durou seis anos e incluiu até mesmo uma hospitalização.

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“Eu só queria ser como qualquer outra criança”, lembra a escritora. Mas falar sobre saúde mental era um estigma em sua comunidade.

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Ao contar suas histórias, Habso busca desafiar estereótipos sobre refugiados e saúde mental. “Não deveríamos encarar (os refugiados) como um peso”, defende a jovem. “Deveríamos dar a eles toda oportunidade possível para garantir que eles tenham outra vida porque eles não escolheram ser refugiados.”

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O compromisso de Habso vai além das páginas de seu livro. A jovem se coloca à disposição de crianças nas redes sociais, por e-mail e pessoalmente, para responder dúvidas, encorajar e apoiar meninos e meninas.

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Sessões de leitura

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Toda vez em que faz uma sessão de leitura, Habso amarra uma bandana vermelha com bolinhas brancas na cabeça, para combinar com a vestimenta de Nasra.

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De pé, na frente de um grupo de aproximadamente 20 crianças de 11 e 12 anos, numa escola de Washington, Habso lê em voz alta uma cópia extra grande do seu livro. O tamanho ampliado permitia que o público visse melhor as ilustrações. Uma menina chamada Bridget ouvia com atenção na fileira da frente.

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Na página sete, Habso parou para pedir a um estudante que lesse em voz alta a frase: “Nós somos agentes de mudança”.

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Quando a autora terminou de ler, as crianças mal se aguentavam para fazer perguntas e saber mais sobre a vida dela. Do que eram feitas as casas no campo de refugiados? Do que ela mais gosta nos Estados Unidos?

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Depois da sessão de leitura, a jovem Bridget se aproximou timidamente de Habso, segurando-se para não chorar. Sem ter certeza do que dizer, ela simplesmente abraçou Habso.

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A ex-refugiada conversou com a menina e perguntou sobre os seus sonhos. Enquanto Bridget contava que queria criar invenções capazes de ajudar o meio ambiente, Habso autografava uma cópia de Só É Preciso Um Sim.No livro, lia-se: “Para Bridget. Você é inteligente, você é forte, e você pode mudar o mundo”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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