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“Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver” celebram, na Universidade de Brasília, 30 anos de articulação política de ativistas afro-brasileiras

Saiu no site ONU MULHERES:

 

Veja publicação original:  “Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver” celebram, na Universidade de Brasília, 30 anos de articulação política de ativistas afro-brasileiras

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Realizada pela ONU Mulheres, Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, Embaixada do Reino dos Países Baixos e Universidade de Brasília, atividade promoveu debate entre ativistas do movimento de mulheres negras, especialistas e acadêmicas negras sobre a articulação política do movimento social no Brasil e na América Latina, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Década Internacional de Afrodescendentes, e “Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 Anos: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil”, que acontecerá em dezembro de 2018, em Goiânia

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Por Vanessa Vieira

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“Se a carga para todas as mulheres é pesada, para nós, mulheres negras e indígenas, é muito mais. Sobre nós recai não só o peso do machismo, mas também do racismo.” A afirmação da educadora quilombola Givânia Maria da Silva sintetiza a importância do seminário Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem-Viver, realizado nesta quarta-feira (20), em parceria entre a Universidade de Brasília e a ONU Mulheres.

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O seminário encerrou o ciclo de três encontros da ONU Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, realizados na capital com objetivo de debater gênero e raça na realidade do Brasil e da América Latina. A abordagem presente nos eventos relacionou a temática aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que integram a agenda 2030 das Nações Unidas.

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“Apesar de não ser um ODS em específico, a questão de gênero e raça é transversal a vários dos objetivos. Inserir esse debate na agenda é uma oportunidade de pautar de forma mais efetiva a questão das mulheres negras, pois a ONU dialoga com governos e sociedade civil”, detalhou Givânia, que também é doutoranda em Sociologia na UnB e membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030.

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Integrando a mesa de abertura do seminário, a reitora Márcia Abrahão ressaltou a importância da luta pela igualdade de gênero. “Sou a primeira reitora mulher em 56 anos de Universidade. Somos maioria entre estudantes, mas, quando chega nos cargos de gestão, uma minoria se estabelece. Tenho a obrigação de deixar um legado para mulheres, particularmente as negras”, disse. A reitora destacou que a iniciativa fortalece a parceria já existente entre a ONU Mulheres e a UnB.

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Representando coletivos de estudantes negras da UnB, Ingrid Ohana Moura defendeu que a política de cotas raciais seja estendida à pós-graduação. “Espero um dia ter um ambiente acadêmico mais representativo, sem assédio e racismo. Nós, mulheres negras universitárias, precisamos de oportunidades, temos pressa”, sustentou a ativista, que integrou a mesa de abertura do seminário.

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Direitos iguais – Avanços nas políticas públicas de igualdade de direitos e de participação política e combate à intolerância e à violência são reivindicações apontadas por Creuza Oliveira, secretária geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas e membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030. “Estamos completando 130 anos de abolição da escravatura, mas, quando assinaram a lei, não assinaram nossas carteiras de trabalho, não nos deram moradia e oportunidade iguais. Falo em nome das trabalhadoras domésticas que ainda hoje vivem retrocessos trabalhistas”, disse a ativista.

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Creuza Oliveira defendeu que população negra seja representada na esfera política. “Queremos estar nos espaços de decisão, para que a população negra tenha visibilidade. Marielle é um dos casos de extermínio: mulher jovem e negra, que conseguiu chegar a um espaço de poder tão difícil para nós. Poucas mulheres negras conseguem ser eleitas e, quando chegam ao poder, querem calar nossa voz”, protestou, em referência ao assassinato ocorrido em março.

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Debatedora no painel Mulheres Negras: 30 anos de direitos e ação política contra o racismo e o machismo no Brasil e influência na América Latina, a deputada federal Benedita da Silva integrou a assembleia constituinte de 1988 e foi a primeira mulher negra a ocupar uma vaga no Senado Federal. Ela reforçou que a presença da mulher negra na política – conquistada a duras penas – é uma vitória da qual não se pode abrir mão.

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“O processo de colonização e escravidão no Brasil resultou em um racismo e em um machismo praticamente insuperáveis. São concepções que foram colocadas sobre nós, com impacto em nossas relações no mercado de trabalho e na ascensão do ponto de vista social, político e econômico”, afirmou a deputada.

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Diante do questionamento do público sobre como as mulheres negras podem atuar face ao descumprimento dos direitos fundamentais da constituição, a mediadora do painel e docente do Instituto de Artes da UnB, Lourdes Teodoro, falou sobre a força da mobilização articulada.

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“Não podemos perder de vista nossa capacidade de mobilização para resolver problemas cotidianos. Me preocupa pensar que, se o Estado não está fazendo algo, estamos impotentes. Jamais estaremos impotentes se acreditarmos na força de pessoas que se unam por interesse comum”, expressou Lourdes. O painel teve ainda a colaboração da educadora Givânia Maria da Silva e de Rosario de los Santos, coordenadora do Cone Sul da Rede de Mulheres Negras Afro-latino-americanas, Afro-caribenhas e da Diáspora.

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30 anos de ativismo contemporâneo – O seminário marca a memória dos 30 anos de articulação política do movimento de mulheres negras no Brasil, em referência ao I Encontro Nacional de Mulheres Negras, realizado em 1988. A iniciativa também relembra os 130 anos da abolição da escravatura, as três décadas da promulgação da Constituição de 1988 e os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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Foto: ONU Mulheres/Felipe Costa

 

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Para Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, a parceria com a UnB fortalece o “enfrentamento ao machismo, sexismo e outras formas de violação de direitos de mulheres” e dá centralidade à mulher negra nos debates acadêmicos. A representante da ONU enfatizou a necessidade de humanizar as universidades e fortalecer nestas instituições a referência de direitos humanos. “Reafirmo a importância do pensamento plural que a universidade proporciona para a autonomia de sujeitos, incluindo sua capacidade crítica e propositiva”, defendeu.

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Outros dois painéis integraram a programação do evento, que teve a presença do ministro-conselheiro da Embaixada do Reino dos Países Baixos, Roderick Wols, e de outros representantes e ativistas do movimento de mulheres negras. A atividade aconteceu no auditório da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).

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Mais Humana – Reduzir as desigualdades raciais e de gênero no ambiente acadêmico e, consequentemente, na sociedade, além de promover o respeito e a cidadania, com inclusão e diversidade, são alguns dos princípios defendidos pela campanha institucional UnB Mais Humana.

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Pautada sobre o marco dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a iniciativa prevê uma série de agendas de debates, além da formulação de políticas e ações para fortalecimento da dimensão humana da Universidade. Os Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem-Viver estão inseridos nesta programação.

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Egressa de Letras-Inglês pela UnB, Natasha de Oliveira aprovou a iniciativa. “Os debates têm sido fantásticos. Estamos ouvindo sobre o que já avançamos e sobre o que podemos avançar. Pretendo aplicar isso, principalmente nas pautas presentes no local onde trabalho”, compartilha a servidora pública da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Ministério de Direitos Humanos.

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O seminário foi promovido pela ONU Mulheres e pelo Comitê de Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, em parceria com a Reitoria da UnB, o Decanato de Extensão (DEX), a Diretoria de Diversidade (DIV/DAC) e a Embaixada do Reino dos Países Baixos, com apoio da Finatec.

 

 

 

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