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Cresce o número de mulheres atuando na pesca no Rio para manter o sustento da família

Saiu no site EXTRA GLOBO

 

Mulheres como Saionara, que mora em uma colônia de pescadores no bairro Bancários, na Ilha do Governador, começam a ter protagonismo num universo onde os homens são a grande maioria. Segundo dados da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj) e do Ministério da Pesca e Aquicultura, elas já são quase 30% da mão de obra na pesca artesanal, a mais comum no Rio de Janeiro.

— Para se destacar num universo masculino, precisa falar de igual para igual. Não podemos abaixar a cabeça — diz Saionara.

Participação feminina deve aumentar

Em todo o estado, são 3.426 mulheres e 12.028 homens com o Registro Geral de Pesca (RPG). A formalização garante benefícios, além do recebimento do Seguro Defeso, que é pago durante o período em que não é permitido pescar determinada espécie por ser a época de reprodução daquele peixe ou crustáceo.

A participação feminina também tem crescido na cadeia produtiva. Segundo a Fiperj, na aquicultura — cultivo de peixes, moluscos e mais seres vivos aquáticos — são de mulheres 110 dos 674 registros estaduais junto ao ministério.

Os dados mostram que a presença feminina deve aumentar. Entre junho de 2018 e maio de 2023, foram feitos pedidos de registro na Fiperj por 1.414 mulheres, a maioria relacionada à piscicultura continental (457), à pesca marinha artesanal (428) e à pesca continental (253).

O sonho do barco próprio é desafio para pescadoras

Como a maioria das pescadoras, Lucimar Ferreira, de 48 anos, exerceu outras atividades antes de cair no mar: foi manicure, vendedora e artesã. A pesca entrou na sua vida há dez anos, através do ex-marido. Ela tomou gosto pelo ofício e virou uma liderança feminina no bairro da Piedade, em Magé, na Baixada, onde grande parte dos moradores vive da pesca. Lá, criou e preside a Associação de Pescadores Desportivos Luthando Pela Vida, que reúne 370 associados, sendo 60 mulheres. Mas ainda há muito a remar, ela explica:

— As mulheres dependem dos donos dos barcos para trabalhar. Em geral, são maridos ou algum conhecido. Conseguir comprar o próprio barco, que é instrumento de trabalho, é um grande desafio.

Se uma pescadora usa a embarcação de um desconhecido, precisa pagar uma diária. Se for de algum conhecido, pode conseguir arcar apenas com o combustível. Para alterar esse quadro de dependência, Lucimar tenta arrecadar R$ 35 mil com uma vaquinha virtual.

Para possibilitar mais acesso às mulheres, há um curso de construção naval que reserva metade das vagas para a participação de moradoras de sete municípios do entorno da Baía de Guanabara (Rio, Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Niterói e São Gonçalo). A coordenação é do pescador Delcio Fonseca e há parceria com o Movimento Baía Viva e com a UFRJ, que promovem aulas gratuitas e garantem alimentação, transporte e diária de R$ 200.

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