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Apesar dos tabus, amamentação em público ganha respaldo da Justiça na Índia

Saiu no site G1:

 

Veja publicação original: Apesar dos tabus, amamentação em público ganha respaldo da Justiça na Índia

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A amamentação em público na Índia ganhou respaldo da Justiça nas últimas semanas com várias sentenças que buscam afastar os olhares “obscenos” desta prática, que continua sendo um tabu no país.

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O Tribunal Superior de Délhi pediu às autoridades locais e ao governo central que preparassem locais em espaços públicos onde as mães possam amamentar seus bebês.

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A decisão da máxima instância judicial da capital indiana aconteceu no marco de um litígio de interesse público iniciado em nome de uma mulher que reivindicava lugares onde pudesse amamentar afastada de “olhares censuradores e desonrosos”.

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O Tribunal Superior de Kerala, no sul da Índia, declarou como “não obscena” a capa da revista feminina “Grihalakshmi” com uma mulher amamentando com o peito descoberto sob a frase: “Por favor, não fique olhando, precisamos amamentar”, depois que a publicação foi alvo de um processo.

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“Não vemos, apesar de nossos melhores esforços, obscenidade na imagem, nem encontramos algo questionável para os homens na legenda da foto”, afirmou a sentença, lembrando que “assim como a beleza está no olho do espectador, a obscenidade também está”.

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Um dos dois juízes que proferiu a sentença, Dama Seshadri Naidu, afirmou à Agência Efe que “a decisão fala por si só”, razão pela qual evitou entrar em detalhes.

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Já o editor da “Grihalakshmi”, Moncy Joseph, disse à Efe que a capa foi inspirada pela experiência de uma mulher que tinha sido criticada nas redes sociais depois que seu marido publicou uma fotografia onde ela aparecia dando o peito ao seu filho em público.

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“Não são livres para amamentar em público. Isso é um direito natural, por isso abordamos o tema”, ressaltou Joseph.

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Na conservadora sociedade indiana, amamentar em público continua sendo um desafio para as mulheres, em um país onde, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde Familiar do governo indiano, de 2016, apenas 41,6% das mães dão o peito ao recém-nascido nas suas primeiras horas de vida, algo crucial para seu bom desenvolvimento.

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A médica Archana Nayak, associada à campanha de maternidade PMSMA do governo indiano em Kerala, afirmou à Efe que na Índia existe uma má percepção sobre a amamentação em público, razão pela qual as mães se veem obrigadas a dar o peito “em casa e nunca fora”, embora ressalte que “seja em casa ou fora, a criança deve ser alimentada”.

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Há dois anos, o governo indiano implementou o programa Carinho Total das Mães para garantir que os progenitores e suas famílias recebam informação e apoio adequado para promover as práticas pró-lactação.

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Isso porque a falta de informação faz com que algumas falsas crenças sobre a lactação materna se perpetuem na cultura indiana.

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O especialista de Saúde da Unicef-Índia, Gagan Gupta, contou à Efe que, por exemplo, no país acredita-se que não se deve amamentar o bebê durante seus três primeiros dias de vida porque o leite “não é bom”, já que “sai escuro, o que se conhece como colostro”, um leite que, na verdade, é “muito nutritivo”.

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Além disso, existem outros mitos associados à lactação materna e à menstruação.

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Na Índia acredita-se que durante o período de menstruação as mulheres são “impuras”, razão pela qual pensam que durante esse tempo o leite materno é também nocivo para seus bebês, segundo afirmou à Efe Rishma Pai, ex-presidente da Federação das Sociedades Obstétricas e Ginecológicas da Índia.

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“Se no período de menstruação vão deixar de amamentar o bebê durante cinco ou seis dias, no momento em que voltem a dar o peito terão muito leite materno acumulado e a produção se reduzirá”, explicou Pai.

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