Saiu no DIARIO DO NORDESTE
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No dia internacional de luta contra a homofobia, a SISI ouviu mulheres que travam lutas invisíveis. Elas lutam pela liberdade de ser e viver a própria verdade sem julgamentos.
A homofobia mata, machuca e deixa marcas no corpo e na alma. Mas a dor de não ser aceita pela sociedade encontra outras dores que não são visíveis a não ser para mulheres que assumiram amar e se relacionar com outras mulheres. São violências sutis e homofobias internas, que minam a autoestima e a liberdade de ser.
“A luta que nos acompanha a vida toda e que, ao mesmo tempo, precede todas as outras, é a luta pela auto aceitação”, observa a ilustradora e professora de Artes Nani Silva, 27 anos.
“Muito cedo, a gente começa a lidar com rejeições externas e o impacto é um grande sentimento de auto ódio que acaba se tornando parte da construção da nossa subjetividade e nos acompanha por toda a vida. Romper com isso é uma guerra diária”, reflete.
O caminho da auto aceitação pode ser longo e se cruza com o que ela considera “violências simbólicas” do cotidiano. “Eu, por exemplo, sou uma mulher mãe que não me encaixo em padrões de feminilidade e isso faz com as pessoas olhem para mim e para minha família como aberrações”, diz a artista, mãe do Eric, de 4 anos.
Ela conta que os olhares de ódio na rua, tanto de homens como de outras mulheres, são situações corriqueiras. Além da deslegitimação da maternidade dela. “É só sair na rua que eu sei o que vai acontecer. E nem vou falar das ameaças de estupro corretivo”.
Como explica a psicóloga Natália Vieira, co-fundadora do Projeto Ver Amor (@projetoveramor), que acolhe pessoas LGBTQI+, as mulheres que não performam feminilidade sofrem mais com o preconceito e podem ser alvo de violência sexual.
“O estupro corretivo se relaciona com aquele pensamento de que se pode ‘consertar a mulher’. Há uma violência muito profunda e talvez até maior do que a experimentada pelos homens (gays), porque, além de ser mulher, é lésbica”, pontua.
CONSTANTE RESISTÊNCIA
Assumir a homossexualidade lésbica, para muitas mulheres, é viver em constante resistência para ocupar espaços e fazer valer direitos. Este é o pensamento da publicitária Roberta Tavares, 27 anos. Para ela, a homofobia invisível está nos olhares e até gestos sutis que revelam o preconceito e julgamento alheio.
“É terrível a sensação de se sentir ‘julgada’ por ser quem você é. Apenas pelo jeito que a pessoa te olha ou como ela te cumprimenta, isso já transparece o ‘julgamento velado’. Você consegue entender que aquilo ali também é homofobia. Pode não ser dita/falada, mas é demonstrada”.