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‘WiFi Ralph’ leva às crianças temas como feminismo e relações abusivas

Saiu no site FOLHA DE S.PAULO

 

Veja publicação original:  ‘WiFi Ralph’ leva às crianças temas como feminismo e relações abusivas

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Continuação de animação da Disney faz refletir sobre assuntos adultos

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Por Leonardo Sanchez

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SÃO PAULO

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Nem todo filme de animação dialoga só com o público infantil. Exemplos são muitos dos longas dos estúdios Pixar e Ghibli, que por vezes abordam temas cuja profundidade passa despercebida pelas crianças, mas têm forte ressonância entre os pais.

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Chega aos cinemas nesta quinta (3) outro longa com esse perfil: “WiFi Ralph: Quebrando a Internet”, da Disney, que, apesar do visual e das piadas infantis, tem no cerne de sua trama os problemas acarretados por relações tóxicas, usando como plataforma para suas discussões o universo da internet.

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Sequência de “Detona Ralph” (2012), o filme reúne os personagens de videogame Ralph e Vanellope, que descobrem o mundo virtual quando tentam salvar um dos jogos que habitam. Lá, se deparam com sites que imitam eBay, Twitter e YouTube, um blog da Disney povoado por princesas e até mesmo anúncios e mensagens de spam.

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“Eu tenho filhos de 6 e 9 anos e não gosto de assistir a um filme familiar direcionado apenas a crianças. O cinema deve ser para todos”, diz Phil Johnston sobre dialogar com diferentes faixas etárias.

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Ele assina a direção de “WiFi Ralph” com Rich Moore, vencedor do Oscar por “Zootopia”, outra animação que ganhou elogios por abordar questões sociais como racismo.

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“O primeiro filme era sobre como os protagonistas se tornavam amigos, mas agora precisávamos mostrar os desafios dessa relação”. E com isso, explica, surgiram temas como relacionamento abusivo e masculinidade tóxica.

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Controlador, Ralph se vê, na trama, como uma espécie de guardião da pequena Vanellope. Quando viajam para a internet, ela faz novos amigos, causando crises de ciúme no protagonista. Em determinada cena, clones carentes de Ralph se multiplicam pelo universo online e partem em busca de Vanellope, forçando-a a demonstrar afeto de forma violenta e invasiva.

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“As crianças gostam de filmes que geram questionamentos”, diz Johnston. “Masculinidade tóxica se aplica à maneira como Ralph se comporta, mas uma criança não vai dizer que é abusivo. Ela vai entender que ele está sendo um amigo ruim.”

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Outro assunto quente que aparece em “WiFi Ralph” é o feminismo. Amplamente divulgada nas redes sociais, uma cena do longa apresenta todas as princesas das Disney, como Bela, Ariel e Cinderela, em um quarto, onde compartilham suas histórias.

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As relações com os príncipes encantados são abordadas a partir de outra perspectiva, que questiona os
papéis masculinos.

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“Nós não redefinimos as princesas, mas as desconstruímos”, diz Johnston. Ele explica que não foi necessário muito esforço para isso, já que as histórias dessas personagens, quando analisadas com atenção, se tratam de experiências horríveis.

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Novidade na trama, Shank —que na versão original tem a voz de Gal Gadot, a Mulher-Maravilha— é outra figura feminina que impulsiona Vanellope ao longo do filme. Piloto de corrida durona, ela questiona o comportamento de Ralph e ajuda a pequena a conquistar sua independência.

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“Nós não abordamos tais assuntos porque é popular, foi algo que simplesmente fluiu com a história —nós queríamos um modelo para Vanellope que não parecesse clichê”, conclui Moore.

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Paulista, o chefe de animação de “WiFi Ralph”, Renato dos Anjos, diz que foi incrível poder trabalhar com personagens clássicas como as princesas, embora a responsabilidade tenha sido grande por se tratar de figuras tão queridas e conhecidas.

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Ele credita a facilidade de discutir questões sociais à diversidade existente no quadro de funcionários da Disney. “O estúdio está sempre procurando pluralidade e nós vivemos em um mundo tão complexo que é ótimo quando vemos alguém que pode trazer algo diferente e especial aos nossos filmes”, diz.

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Depois de falar sobre amizade no mundo dos videogames e discutir assuntos mais sérios na internet, Ralph e Vanellope parecem ter zerado sua missão. De acordo com Moore, a trama não deve se transformar em trilogia. “Eu acho que não há espaço e estou muito satisfeito com os dois filmes”. Game over.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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