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Violência contra mulheres praticada por vizinhos cresce, diz Datafolha

Saiu no site MEIO NORTE

 

Veja publicação original:  Violência contra mulheres praticada por vizinhos cresce, diz Datafolha

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Pesquisa mostra que 536 mulheres foram agredidas por hora, cerca de 9 por minuto. Violência a partir de contato pela internet, como redes sociais e aplicativos, também cresceu.

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Por Victor Melo

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Uma em cada cinco mulheres vítimas de violência diz ter sido agredida por um vizinho, informa pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada nesta terça-feira (26). Nos últimos 12 meses, esse tipo de agressão cresceu e chegou a 21,1% dos casos relatados – na pesquisa anterior, de 2017, eram 3,8%.

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Dentre as mulheres ouvidas, 27,4% disseram que sofreram algum tipo de agressão no último ano e 76,4% das vítimas afirmaram que o agressor era alguém conhecido. No levantamento anterior, com dados referentes a 2016, eram 61%.

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O vizinho como principal autor da agressão fica atrás apenas do namorado ou companheiro.

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Polícia Militar/Divulgação

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Veja ranking dos agressores:

Cônjuge/companheiro/namorado (23,8%)

Vizinhos (21,1%)

Ex-cônjuge/ ex-companheiro/ex-namorado (15,2%)

Pai ou mãe (7,2%)

Amigos (6,3%)

Irmãos (4,9%)

Patrão ou colega de trabalho (3%)

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A categoria “vizinho” nem chegava a constar nas opções do questionário da pesquisa, mas após ser tão citada na categoria “outros”, foi incluída como resposta. (Veja abaixo casos em que os vizinhos agrediram mulheres.)

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Em sua segunda edição, a pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil” ouviu 1.092 mulheres acima de 16 anos nos dias 4 e 5 de fevereiro deste ano, em 130 municípios do país.

Quando perguntadas onde sofreram a agressão:

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Em casa (42%)

Na rua (29,1%)

Internet -redes sociais e aplicativos (8,2%)

Bar, balada (2,7%)

Na escola, faculdade (1,4%)

Outro lugar (9%)

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Em 2017, apenas 1,2% disse ter sofrido violência a partir de contato no mundo virtual.

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De acordo com uma projeção feita pela pesquisa, nos últimos 12 meses, 12.873 mulheres foram agredidas por dia, o que significa 536 por hora e 9 por minuto.

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Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, apesar dos índices elevados de violência urbana no país, é em casa que é registrada a maior parte dos crimes que vitima as mulheres.

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“Dado o crescimento expressivo dos conhecidos entre os agressores, de 61% pra 76%, eu acho que podemos afirmar que há um incremento da violência contra a mulher no âmbito doméstico, privado.”

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“Pensamos muito na violência com uma lente das dinâmicas de criminalidade urbana, mas o fato é que as mulheres estão sendo agredidas, abusadas e mortas por pessoas com quem elas tinham algum tipo de relação estabelecida, com pessoas de seu convívio”, afirma.

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Reprodução/ Agência Brasil

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E completa: “Acho que isso é extremamente cruel porque o algoz em geral é o companheiro ou amigo, alguém que você não espera, ou pelo menos que não deveria ser o seu agressor”.

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Segundo Jacira Melo, diretora-executiva da Agência Patrícia Galvão, organização voltada para os direitos das mulheres, as mulheres estão denunciando mais e, como consequência, verifica-se aumento nos crimes de violência nas relações interpessoais.

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“É possível afirmar que a violência contra as mulheres se tornou um dos problemas públicos de maior visibilidade social e política no país. Após mais de 12 anos de vigência da Lei Maria da Penha observa-se que as mulheres têm cada vez mais consciência que têm direito a uma vida sem violência”, diz Jacira.

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“É possível dizer com certeza que há quebra do silencio por parte das mulheres e aumento nas denúncias. E em consequência no aumento dos crimes de violência nas relações interpessoais.”

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A pesquisa mostra ainda que, apesar de a percepção da população sobre casos de violência contra mulher ter diminuído 7%, os casos de agressão se mantiveram estáveis.

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No levantamento anterior, 66% dizem ter visto ameaças, agressões e humilhações em sua comunidade em 2016, nesse ano, a percepção caiu a 59%.

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Casos de assédio mais do que dobram entre mulheres de 16 a 24 anos

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Além de agressão ou violência, a pesquisa também apresentou uma série de situações que caracterizam assédio, como receber comentários desrespeitosos no ambiente de trabalho ou ser beijada sem consentimento. Com as opções apresentadas, 37,1% das mulheres, cerca de 22 milhões, responderam ter sido assediadas no último ano.

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Quando analisada por faixa etária, esse valor mais que dobra entre as mulheres de 16 a 24 anos – 66,1%. De 25 a 34 anos o percentual também é alto, de 53,9%.

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Onde as mulheres foram mais assediadas:

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32,1% ouviram comentários desrespeitosos quando estavam andando na rua

11,5% receberam cantadas ou comentários desrespeitosos no ambiente de trabalho

7,8% foram assediadas fisicamente em transporte público como no ônibus, metrô

6,2% foram abordadas de maneira agressiva na balada, isto é, alguém tocou seu corpo

5% foram agarradas ou beijadas sem seu consentimento.

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“Se você olhar os resultados temos mais mulheres que indicaram experimentar um assédio no transporte público do que numa balada, por exemplo. Em véspera de carnaval ver um dado desse é um soco no estômago. Cá estamos com as campanhas de não é não, e a mulherada tá vivenciando abuso pra ir trabalhar, estudar. Nosso corpo é quase uma extensão do espaço público”, diz Samira.

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O assédio também é maior entre as mulheres pretas. Enquanto 34,9% das mulheres brancas disseram ter sido assediadas no último ano, o número sobe para 36,7% entre as mulheres pardas e 40,5% entre as pretas.

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Veja outros destaques:

59% da população afirma ter visto uma mulher sendo agredida fisicamente ou verbalmente no último ano;

43% dos brasileiros viram homens abordando mulheres na rua de forma desrespeitosa, mexendo, passando cantadas, dizendo ofensas;

37% viram homens humilhando, xingando ou ameaçando namoradas ou ex-namoradas, mulheres ou ex-mulheres, companheiras ou ex-companheiras;

28% viram mulheres que residem na sua vizinhança sendo agredidas por maridos, companheiros, namorados ou ex-maridos, ex-companheiros, ex-namorados.

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Agressões de vizinhos

No início deste mês, em Boa Vista, capital de Roraima, uma mulher de 56 anos chamou a Polícia Militar para denunciar que foi agredida pelo vizinho ao reclamar de som alto. O suspeito negou as agressões, mas foi conduzido à delegacia.

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Ela disse à PM que por volta de 1h30 estava em casa, no bairro Raiar do Sol, zona Oeste, e não conseguia dormir por causa do barulho que os vizinhos faziam ao ouvir um som “em volume muito alto”, conforme relato em boletim de ocorrência.

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Ao ir à casa dos vizinhos, ela teria pedido que eles abaixassem o volume, quando foi surpreendida por um dos moradores da casa, um jovem de 20 anos, que foi ao seu encontro e lhe agrediu com uma “voadora” no peito. Ela também disse que caiu no chão e ainda levou um pisão na pescoço e um chute na cabeça, o que a fez ficar desacordada.

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Em Itaquaquecetuba, no interior de São Paulo, em julho do ano passado, um homem de 39 anos foi preso sob suspeita de ter espancado e estuprado a vizinha, de 42 anos. Os cômodos e objetos da casa do suspeito estavam com marcas de sangue. Segundo a Polícia Militar, ele confessou ter utilizado uma tábua de madeira para agredir a vítima. Na delegacia, porém, ele disse ter usado drogas e que não se lembrava.

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A informação chegou até a Polícia Militar depois que a vítima deu entrada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Jardim Cayubi bastante machucada. A equipe médica acionou a PM, que foi até o local.

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Segundo a PM, num primeiro momento, por causa dos ferimentos, a mulher não abria os olhos e estava com muita dificuldade de falar. Ela não quis contar o que havia acontecido, pois estava muito traumatizada e dizia apenas que ele iria matá-la. Mas depois relatou que tinha sido violentada pelo vizinho e passou o endereço dele.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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