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Única mulher em reunião, executiva levou 500 absorventes para convencer homens

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original:   Única mulher em reunião, executiva levou 500 absorventes para convencer homens

 

A carioca Danielle Bibas, da Avon, é uma das raras executivas brasileiras a se tornar vice-presidente mundial de marketing de uma multinacional. Sua principal missão? Empoderar mulheres

 

século 19 ficou conhecido como dos europeus, o 20, dos americanos. O 21 será lembrado por ter sido o das mulheres.” A frase está pendurada na porta da sala de Danielle Bibas, vice-presidente mundial de marketing da Avon, na sede brasileira da multinacional. É de dentro desse escritório, repleto de papéis pendurados nas paredes, livros e revistas, que a carioca de 45 anos comanda todas as campanhas e catálogos da empresa, nos mais de 50 países em que atua. Danielle entrou na Avon há quase oito anos, grávida. No posto atual, orquestra um time de 65 pessoas em cinco países. Mãe de Sofia, de 7 anos, diz que o empoderamento feminino é mais do que uma obrigação profissional. É, sobretudo, um objetivo pessoal. Por isso, decidiu investir na realização do documentário Repense o Elogio, sobre a diferença no tratamento de meninos e meninas, e que sacudiu as redes sociais em outubro. Foi em seu escritório, em São Paulo, que contou sua trajetória e refletiu sobre sua motivação.

Marie Claire: Como as mulheres crescem dentro de sua equipe?

Danielle Bibas: Hoje elas são 65% do time e, quando abre uma vaga, procuro candidatas. Foi graças a um processo desses que virei diretora. Toda vez que havia uma mulher com a mesma nota de performance de um homem, escolhia-se ela na promoção. As empresas que querem nos receber precisam de flexibilidade. A vida muda depois dos filhos. E para mim aconteceu bem durante a seleção da Avon. Descobri que estava grávida nas entrevistas. Foi uma loucura.

Danielle em seu escritório, em São Paulo, de onde comanda o marketing da avon no mundo todo (Foto: João Bertholini)

MC Ficou com medo de perder o emprego?
DB Fiquei preocupada. Esperei a Avon fazer a proposta e, depois de ter aceitado, fui até Nova York contar para minha chefe. Quando contei minha preocupação, me acalmou: “Somos a companhia para a mulher. Se não conseguirmos cinco meses de licença-maternidade, temos um problema enorme”. Me conquistou.

MC Qual o melhor conselho de carreira que já recebeu?
DB Foi de um mentor, Christopher de Lapuente, que hoje cuida das marcas de beleza do grupo LVMH. Ele disse: “Tem três coisas que você precisa fazer para ter sucesso. Primeiro, saber o que quer. Não é a empresa que guia sua carreira, mas você. A segunda é comunicar esse desejo às pessoas”. A terceira foi: “Você precisa ser boa o suficiente para conquistá-los”.

MC Qual foi o período mais difícil de sua carreira?
DB Em multinacionais, é comum que os executivos sejam transferidos de país a cada três anos. Comecei a namorar um colega de trabalho quando estava em Londres, na Procter & Gamble. Um dia, meu chefe me disse: “Vocês terão que escolher o líder da carreira. Os dois vão ter emprego mas só poderemos planejar a carreira de um. O outro sempre vai ter um trabalho, mas não necessariamente o mais adequado à sua competência”. Você já imaginou chegar em casa e ter essa conversa com seu marido? Esse não foi o único motivo que gerou conflito entre a gente, mas um dos principais, e acabamos nos separando.

MC Já foi vítima de machismo no trabalho?
DB Nunca fui hostilizada, mas já me senti desconfortável. Muitas vezes fui a única mulher em uma reunião de 15 pessoas. Teve uma situação engraçada, quando trabalhei com absorvente higiênico. A gente ia lançar um absorvente ultrafino vendido no mundo inteiro. O modelo das calcinhas brasileiras é muito mais estreito do que no resto do mundo, principalmente onde se gruda o absorvente. Existia um problema de conforto drástico porque sobrava absorvente dos dois lados. Todos os diretores do produto eram homens. Pensei: como vou mostrar isso para eles? Fui a uma loja e comprei um modelo de cada tamanho de cada calcinha. Cheguei ao escritório com 500 unidades e grudamos os absorventes nelas. Da GG à PP, o absorvente sobrava dos lados. Quando os caras olharam para aquilo, não tinham o que falar.

MC Por que fazer um filme sobre elogios dados às meninas?
DB Começamos a pensar o que afeta a vida das meninas para que se tornem mulheres empoderadas. Um dos temas que surgiram na pesquisa foram os elogios da infância: oito a cada dez elogios dados para as meninas têm a ver com a beleza estética. Não que tenha algo errado nisso, mas os dados para os meninos têm uma amplitude maior.

MC Que legado pretende deixar como mulher executiva?
DB Quero ser feliz e criar uma filha cidadã. Gostaria de ser uma inspiração para ela e, ao mesmo tempo, uma boa mãe. É clichê, mas nosso desafio é conciliar os papéis de mãe e profissional. Uma vez, uma mulher me falou uma coisa que sempre lembro nos momentos de muita angústia: “Dá para ter tudo, mas não ao mesmo tempo”.

 

 

 

 

 

 

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