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Um tapinha e o silenciamento

Saiu no site O DIA

 

Veja publicação original: Um tapinha e o silenciamento

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Por Mariana Gino

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Mariazinha começou um novo relacionamento, um namoro. No começo tudo eram flores. Palavras intensas de ternura, juras de amor, mensagens que hora lá ou hora cá são guiadas pela frase “Eu te amo” e às vezes ele, o namorado da Mariazinha, leva um belo e perfumado buquê de flores para presenteá-la . Entretanto, alguns meses, ou até dias depois, parece que tudo virou, o namorado começou a querer ter acesso às redes sociais de Mariazinha, ela acha que gostava tando dela que queria protegê-la. Depois, o namorado de Mariazinha começou a querer limitar suas redes de relacionamentos sociais afetivos. Até que em uma bela tarde de sol as palavras bonitas se tornam agressivas! E aqueles adjetivos que outrora demonstravam “amor”, agora são substituídos por palavras duras, xingamento… e violência física. Quantas de nós, mulheres, conhecemos uma ou outras “Mariazinhas” ou já fomos a própria Mariazinha?

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Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, nos primeiros seis meses deste ano, mais de 38 mil denúncias de violência contra mulheres foram registradas no disque 180. E vamos fechar o ano com perspectivas de um aumento nesse registro. Há um fator que o instrumento de denúncia não consegue captar e, que precisa ser codificado e entendido como violência. São eles: o silenciamento e a violência verbal, que juntas incidem diretamente na construção de uma violência psicológica, que é tão devastadora quanto a violência física. A violência psicológica não deixa marcas físicas visíveis, daí automaticamente a nossa sociedade nos induz a pensar que ” se não tem provas, não tem evidencias do crime”. Precisamos entender que essa duas tipificações de violências andam juntas e imbuídas pelo desejo de posse e poder sobre o outro.

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A ideia de um amor perfeito, de um relacionamento em que somos condicionadas ao “elo fraco”, e que sempre precisa de proteção, nos induz erroneamente a pensar que um relacionamento abusivo, travestido de afeto, é uma “prova de amor”. Mas amor não é posse!

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O amor precisa ser livre até mesmo para se expressar de outras formas. As construções sócias afetivas, as quais fomos e somos gestados todos os dias, nos leva enxergar, a pensar e sentir que amor e o afeto só podem ser exercitados e construídos com um parceiro. Daí, a loucura pela saga de um “homem-amor” tece um véu que impossibilita enxergar as violências simbólicas, físicas e psicológicas.

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