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Ucrânia: vítimas de violência de gênero recebem apoio de equipes itinerantes do Fundo de População da ONU

Saiu no site ONU BRASIL

 

Veja publicação original:  Ucrânia: vítimas de violência de gênero recebem apoio de equipes itinerantes do Fundo de População da ONU

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“Estávamos juntos há 12 anos, mas mais de um ano atrás, ele começou a bater em mim”, conta Anna* em entrevista ao Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Lembrando o comportamento cada vez mais instável do companheiro, a ucraniana explica que, alguns meses atrás, ele a ameaçou com uma faca. Ela sabia que era hora de ir embora.

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No dia seguinte, ela fingiu que ia levar os dois filhos para escola — e aí fugiu para a casa da irmã em outra cidade. Mas a mudança repentina deixou as crianças muito abaladas. Anna não sabia a quem recorrer. Até que descobriu as equipes móveis de apoio psicossocial do UNFPA, que oferecem serviços para sobreviventes de violência de gênero.

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Os profissionais do organismo internacional ajudaram Anna a se mudar para um abrigo. Agora, auxiliam a mãe dos meninos a procurar emprego e encontrar uma residência permanente.

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As equipes itinerantes da agência da ONU têm se mostrado cruciais na Ucrânia, levando assistência a mulheres que, caso contrário, continuariam fora de alcance, particularmente nas zonas rurais.

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Equipes móveis acompanham situação de mulheres que sobreviveram a casos de violência doméstica e de gênero e buscam recomeçar. Foto: UNFPA/Maks Levin

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Em agosto passado, o Gabinete de Ministros do país europeu anunciou planos para integrar esse modelo de atendimento ao novo sistema nacional de serviços para sobreviventes de violência de gênero.

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Alcançando ainda mais mulheres

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Cada uma das equipes móveis do UNFPA é formada por três especialistas — uma coordenadora, uma psicóloga e uma assistente social. Elas visitam famílias que passam necessidade, com foco naquelas que são afetadas por violência doméstica.

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“Esse foi um modo completamente novo de trabalhar para nós”, afirma Volodymyr Dziumak, vice-diretor do Centro de Serviços Sociais para Família, Crianças e Juventude de Donetsk Oblast.

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“As equipes móveis podem monitorar a situação de uma família, fazer visitas repetidas à sua casa, trazer uma sobrevivente de violência para o centro de serviços sociais e encaminhar o caso para outras organizações do Estado ou para advogados que podem dar assistência legal.”

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Equipes móveis acompanham situação de mulheres que sobreviveram a casos de violência doméstica e de gênero e buscam recomeçar. Foto: UNFPA/Maks Levin

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As equipes do fundo internacional atuam em conjunto com o Ministério de Política Social da Ucrânia. O apoio financeiro à iniciativa vem do Reino Unido. Desde que o programa foi lançado, em 2015, as equipes trabalharam em cerca de 10 mil casos por todo o país.

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Agora, à medida que o governo estabelece as suas próprias equipes de apoio psicossocial, com o apoio e conhecimento técnicos no UNFPA, a expectativa é de que um número ainda maior de mulheres receba assistência.

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Rompendo o ciclo de violência

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Anna atribui o comportamento violento do marido ao uso de drogas.

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“Ele começou a me acusar de ser infiel durante todos esses anos, mesmo eu raramente saindo de casa ou do quintal durante esse tempo”, lembra a ucraniana. “Aí ele começou a criar perfis falsos meus em vários sites de namoro e a perguntar por que as minhas fotos estavam nesses sites.”

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Enquanto Anna conversava com uma psicóloga, os seus filhos faziam desenhos com Alyona, a assistente social. Os meninos também estavam recebendo assistência. Eles começaram a mostrar sinais de agressão, uma reação comum em crianças que testemunham ou sofrem violência doméstica.

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A violência tem efeitos extensos tanto em mulheres quanto em homens. Uma pesquisa recente do UNFPA na Ucrânia descobriu que um em cada quatro homens havia testemunhado a sua mãe ser abusada fisicamente pelo seu pai ou padrasto. Cerca de metade dos participantes do levantamento sofreu castigo físico dos pais durante a infância.

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“Com base na minha experiência profissional, posso dizer que a maioria dos agressores homens foram vítimas ou testemunhas de violência doméstica quando crianças”, diz Lizaveta Krasnoyarska, uma psicóloga que trabalha numa clínica móvel do UNFPA na cidade de Slovyansk.

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“As pessoas seguem esse padrão ‘eu sofri essas agressões, agora vou infligi-las a outras pessoas’ sem nem refletir sobre isso”, acrescenta a profissional.

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Segundo a terapeuta, ajudar as famílias a entender e combater essa dinâmica é essencial para acabar com o ciclo de violência.

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“Mesmo quando se falam em situações onde uma mulher teria supostamente ‘provocado’ o marido, ela não pode ser considerada responsável pela violência dele contra ela. Porque é o homem que escolhe como reagir. Ele é responsável pelas decisões dele.”

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*Nome alterado para preservar a privacidade da entrevistada

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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