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Transexual candidata na Argentina relata ameaças: “Medo de apanhar na rua”

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:  Transexual candidata na Argentina relata ameaças: “Medo de apanhar na rua”

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Por Mariana Gonzalez

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No mês em que o deputado federal Jean Wyllys (PSOL) anunciou que não tomará posse e deixará o Brasil por medo de ameaças políticas, a transexual argentina Ornella Infante, de 42 anos, anunciou sua candidatura a deputada provincial da cidade de Cipoletti, na província de Río Negro.

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Mais de 3,7 mil quilômetros separam os dois ativistas, que se assemelham não só pelo fato de serem os primeiros a representar a comunidade LGBT em seus países, mas por sofrerem ameaças dentro e fora da política.

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Em 2014, Ornella, que é parte da Atta (Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros da Argentina) ajudou a desmontar uma rede de tráfico sexual, resgatando oito mulheres transexuais que eram forçadas a trabalhar como prostitutas e submetidas a agressões. Como consequência, passou a ser alvo da organização criminosa por trás da rede. “Não tenho medo das ameaças políticas. Tenho medo de apanhar de um cafetão pelas ruas da cidade”, disse à Universa.

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Nos últimos cinco anos, ela e outras companheiras da Atta vem sofrendo ameaças — algumas delas, inclusive, foram agredidas e tiveram que deixar a cidade de Cipoletti. O cafetão responsável pelo grupo chegou a ser preso, mas foi liberado pouco tempo depois.

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Ainda assim, preferiu não recorrer a medidas protetivas ou uma equipe de segurança particular. “Sei perfeitamente que a luta contra todos os tipos de exploração tem consequências e estou disposta a viver desta forma”, garante.

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Quando soube da decisão de Jean Wyllys, de exilar-se para preservar sua vida, Ornella prestou apoio ao deputado em suas redes sociais e o convidou para ir a Río Negro. “Companheiro @jeanwyllys_real,  venha a Río Negro porque, em breve, teremos um governo com os olhos na cidade e os pés na lama”, escreveu.

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Nas eleições de 2019, que devem eleger presidente, governadores, deputados federais e deputados provinciais nas 23 províncias argentinas, Ornella espera ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Río Negro e leva como principal proposta um pacote de leis para garantir a segurança e a saúde de transexuais.

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A proposta, que se aprovada receberá o nome de Lei Integral Transexual, inclui proteção específica contra abuso sexual, tratamento pelo nome social em locais como escolas e hospitais, além do reforço a serviços de saúde, principalmente em áreas como prevenção de IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis), endocrinologia, psicologia e reprodução humana.

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Histórico

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Ornella atua na luta pelos direitos da população LGBT há quase 20 anos e, de lá para cá, participou de capítulos importantes da história do movimento LGBT na Argentina.

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Em 2002, foi convocada pela Atta para ajudar na derrubada das chamadas leis contravencionais, que até 2003 criminalizavam pessoas trans e homossexuais — aos 18 anos, ela ficou presa por alguns dias.

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Mais tarde, em 2011, passou a ser parte da Mesa Nacional Pela Igualdade do Movimento Evita, ligado ao partido Frente Pela Vitória e um dos principais atores do Matrimônio Igualitário, reconhecido em 2012.

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Fora do universo LGBT, Ornella Infante tem histórico na luta pela legalização do aborto, ao lado do Ni Una Menos — movimento do qual participa de assembleias nacionais e locais — e por outras populações vulneráveis, como imigrantes, mulheres negras e povos originários.

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