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“Tive filhos para servir a Deus como terroristas”, diz mulher de integrante do Estado Islâmico

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original:   “Tive filhos para servir a Deus como terroristas”, diz mulher de integrante do Estado Islâmico

 

Ex-mulher de um dos líderes do grupo terrorista Estado Islâmico, a inglesa Tania Georgelas falou pela primeira vez com detalhes sobre sua experiência vivendo na Síria e sua nova vida como cristã, no Dallas (Estados Unidos), onde mora com os quatro filhos

 

Conhecida como a “noiva jihadista” e “primeira-dama do Estado Islâmico”, a britânica Tania Georgelas, de 33 anos, contou ao programa The Atlantic sua saga desde quando se tornou mulher de um dos mais antigos estrangeiros a se juntar ao EI, o norte-americano convertido ao islã John Georgelas, à nova realidade como mãe, no subúrbio de Dallas, nos Estados Unidos.
“Na Síria, nossos sonhos se resumiam a ter uma terra própria, constituir uma família e treinar nossos filhos para que fossem assassinos, ou seja, ensiná-los a lutar como soldados para se juntarem à jihad”, disse ela. Vivendo numa casa confortável nos subúrbios do norte de Dallas, onde ela mora com os pais ricos de John e namora programador de TI Craig, Tania descreveu a extraordinária jornada que a levou da Inglaterra para a Síria e, finalmente, aos Estados Unidos.

 
Uma das cinco filhas do casal britânico e bengalês Nural e Jahanara Choudhury, Tania nasceu em Londres, mas não se sentia integrada à sociedade britânica: “Enfrentei muito racismo”, lembra ela sobre sua infância em Harrow. “Me sentia o tempo todo como uma estranha e procurava uma maneira de retaliar.”

Tania afirma que os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 foram um ponto de virada para sua radicalização: “Eu tinha 17 anos quando vi as torres caírem. No dia seguinte, na escola, disse a uma amiga: ‘Não é terrível o que aconteceu?’, e ela respondeu: ‘É mesmo?’. Naquele momento, me tornei uma jihadista radical”.

Alguns anos mais tarde,Tania estava num protesto contra a Guerra do Iraque ao encontrar homens distribuindo folhetos em que estavam impressos o endereço de um site de relacionamento para muçulmanos. Neste site, ela conheceu John Georgelas, único filho do ex-médico militar, coronel Timothy Georgelas, e de sua mulher, Martha.

Tania Georgelas e seus quatro filhos, hoje vivendo nos Estados Unidos (Foto: Reprodução Facebook)

Criado em Plano, no Texas, John teria se rebelado como adolescente, tornando-se um usuário de drogas. Ele abandonou a escola e se converteu ao islã pouco depois do 11 de Setembro.

Os dois se tornaram um casal apaixonado por discussões sobre a jihad e sonhando com um califado. Tania estava grávida se casou com John numa cerimônia civil em outubro de 2004, na prefeitura de Rochdale, na Inglaterra.

Eles tiveram três filhos e um quarto estava a caminho quando, em 2013, começaram a discutir sobre se juntar ao Estado Islâmico, na Síria. “John queria ir para a Síria, mas eu disse que não estava pronta enquanto as crianças fossem tão pequenas”, lembra ela. Mas eles partiram mesmo Tania estando grávida de cinco meses, e levaaram consigo os três filhos. “Tive essas crianças por uma única razão: que elas pudessem servir a Deus como muçulmanos”, diz.

Em agosto de 2013, a família viajou para a Síria de ônibus, instalando-se numa casa abandonada por um general sírio na cidade de A’zaz. Não havia janelas, nem água corrente e o suprimento de comida era escasso. Em poucos dias, Tania e as crianças ficaram doentes com vômito e infecções.

Tania Georgelas: a britânica deixou o Estado Islâmico, mas mantém pensamentos radicais (Foto: Reprodução Facebook)

Surpreendentemente, ao contrário do que o Estado Islâmico costuma fazer com aqueles que decidem abandonar o grupo, John permitiu que ela partisse. Com a ajuda dos pais de John, Tania voltou ao Texas com as crianças e procurou e obteve o divórcio. Ele permanece na Síria até hoje e é o americano mais bem graduado na hierarquia do EI.

Solteira na nova cidade, Tania retornou ao universo do namoro virtual. “Entrei ao site de namoro Match, escrevi: Tenho quatro filhos e meu marido me abandonou para se tornar o próximo Osama Bin Ladin. Recebi 1.300 respostas.”

Foi assim que ela conheceu seu atual namorado, Craig, um trabalhador de tecnologia.
“Ela me contou toda sua vida em nossa primeira conversa por telefone”, lembra Craig. “Tania me disse que seu marido estava em EI, e eu disse: ‘Ok, está tudo bem’.”

Nascido em Minnesota, Craig  apresentou Tania aos vinhos e aos bistrôs dos subúrbios do norte de Dallas, e, rapidamente, eles se tornaram um casal. Eles agora freqüentam juntos uma igreja cristã, e Tania afirma que gostaria de trabalhar para um programa de desradicalização para ajudar ex-terroristas.

“Muitas pessoas me vêem como alguém com muita sorte, mas vejo o copo meio cheio”, diz ela. “Estou viva, saí da Síria e meus filhos estão felizes, saudáveis ​​e inteligentes. Estou contente.”

 

Em janeiro deste ano, o jornal Daily Mail informou que havia algumas dúvidas sobre o quão completamente Tania havia cortado os laços com seu ex-marido e sua ideologia radical. Depois de fugir da Síria, Tania visitou uma rede social usada por seu marido para publicar seus artigos extremistas e “curtiu” uma publicação feita antes do fechamento do site.

Ela também escreveu num post no Facebook: “Ainda estou tão apaixonado por Ioannis … No entanto, estou cansada de ouvir ele me dizer: ‘Tania, você é uma mulher forte’. Quero meu marido de volta, mas não nesses termos.”

Segundo o jornal Daily Mail, o repórter do Atlantic que a entrevistou, Graeme Wood, é um especialista em Estado Islâmico que disse que, durante as conversas, ela parecia genuinamente arrependida. “Nas minhas conversas com Tania, ela nunca defendeu a violência ou se arrependeu de ter deixado John na Síria”, escreveu Wood. “Ela apresenta sinais não de violência, mas do efeito permanente da lavagem cerebral jihadista a que se submeteu”, conta o jornalista, apontando um comentário improvável que Tania teria feito sobre os muçulmanos xiitas não serem “muçulmanos”.
De seu ex-marido, que parece destinado a morrer por sua visão de um califado muçulmano, enquanto o EI perde cada vez mais posição, Tânia diz: “Ele pensou que o que estava fazendo era para um bem maior. Não posso deixar de amá-lo. Não sei como fazer com que esse sentimento desapareça”.

Assista a entrevista ao The Atlantic

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