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SER MULHER NO BRASIL MACHUCA

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A farmacêutica Maria da Penha ficou paraplégica depois de um tiro à queima-roupa do marido agressor. Jandira Magdalena, auxiliar administrativo, morreu aos 27 anos ao procurar por um aborto em uma clínica clandestina no Rio de Janeiro. A violinista Mayara Amaral foi roubada, espancada e teve o corpo queimado por três homens na rua. Em um ônibus de São Paulo, uma passageira foi acordada por um homem ejaculando em seu pescoço. A diarista Adriane Teixeira foi deixada pelo marido e luta para sustentar seis filhos sozinha. Aos 42 anos, a travesti Dandara dos Santos foi espancada e assassinada a tiros por um grupo de homens em praça pública. Ao estrear no Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho foi alvo de ataques racistas.

Esses são retratos concretos e duros do que é ser mulher no Brasil. Ao falar de Jandira, Maria, Dandara e Maju, falamos por muitas. Morrer por buscar um aborto ou por (apenas) ser uma mulher transgênero, rejeitar o próprio corpo, ser apagada na política, trabalhar mais e ganhar menos, estar à margem da sociedade enquanto negra, não é falta de sorte. Nem são casos que devem ser encarados como pontuais e esporádicos. Ser mulher no Brasil machuca — todo dia.

Por isso, a Universa escolheu expor as mazelas que ainda nos tocam diariamente. Mesmo em tempos de feminismo a todo vapor e de raros avanços no cuidado do Estado em relação às suas mulheres, ainda há muito o que conquistar.

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Ser mulher no Brasil é perigoso’

“Ser mulher no Brasil equivale a viver num estado de guerra civil permanente.” A afirmação de Lourdes Bandeira, professora de sociologia da Universidade de Brasília e ex-secretária executiva da Secretaria de Políticas para Mulheres, seria desmedida se não fossem as estatísticas brutais.

Dados do último Mapa da Violência mostram que, só em 2013, 13 brasileiras morreram por dia vítimas de feminicídio — ou seja, só por serem mulheres. “São mortes anunciadas, consequência fatal de uma violência doméstica continuada, que não foi evitada nem interrompida”, diz Lourdes.

A cada 7,2 segundos, uma mulher é vítima de violência física, de acordo com os Relógios Maria da Penha. E os maiores índices residem no ambiente que deveria ser sinônimo de proteção, o doméstico. Metade dos feminicídios (50,3%) é provocado por familiares, sendo 32,3% cometidos por parceiros ou ex-companheiros das vítimas.“As mulheres não são emancipadas dentro de suas próprias casas”, acrescenta. A violência doméstica é, sobretudo, uma questão de controle exercida sobre elas.

Para a estudiosa, o país já conta com leis suficientes para coibir e punir agressores, mas faltam políticas públicas e um sistema de estatística nacional para que o problema seja de fato monitorado. A Lei Maria da Penha, criada em 2006, é reconhecida pela ONU como a mais avançada do mundo em relação ao enfrentamento à violência doméstica e familiar. Em 2015, outro passo importante foi dado com a Lei do Feminicídio, que o qualificou como crime hediondo.

Na contramão desses avanços, apenas 7,9% dos municípios brasileiros contavam com delegacia de atendimento à mulher, em 2014. E as vítimas que chegam até elas reclamam com frequência de constrangimentos no atendimento. “Precisamos de profissionais mais sensibilizados com a violência doméstica, para que mortes sejam evitadas, além de ações efetivas de proteção daquelas que denunciam”, pede Lourdes.

Roraima é o retrato mais fiel do descaso enfrentado pelas brasileiras. Por lá, a taxa de feminicídio chega a ser três vezes maior do que a média do Brasil, metade das acusações de violência doméstica prescrevem antes de alguém ser acusado.

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