HOME

Home

“Se não gritar, dói menos”, mulher fala de estupro coletivo aos 11 anos

Saiu no site UNIVERSA:

 

Veja publicação original: “Se não gritar, dói menos”, mulher fala de estupro coletivo aos 11 anos

.

Por Giórgia Cavicchioli

.

“Eu era uma criança”, se emociona a gestora social Goretti Bussolo, que hoje tem 51 anos, ao contar sobre a brutal violência que sofreu aos 11 anos.

.

O terror aconteceu quando ela trabalhava como empregada doméstica para ajudar a pagar as despesas de sua família.

.

Goretti relembra que a violência começou quando ela era deixada sozinha com o patrão. Ele ficava por perto quando a menina limpava embaixo da mesa e passeava seminu, com o pênis ereto, pela casa.

.

Os abusos pioraram quando o patrão passou a chamar os amigos para casa quando sua mulher estava fora. Goretti era obrigada a lavar panos com esperma dos homens e ouvia do patrão: “Um dia vou fazer isso pra você”. Sem entender o significado daquilo, ela sentia muito medo, mas não podia largar o emprego, porque precisava do dinheiro.

.

Até que um dia, ela foi brutalmente estuprada. Goretti serviu café para o chefe e os amigos e sentiu muito medo dos olhares deles. Ela conta que sentiu vontade de fugir e foi correndo para o quarto de empregada se trocar e ir embora. Nesse momento, porém, os homens entraram no quarto. O patrão falou: “Se você não gritar, vai doer menos”. Os quatro homens, então, a torturaram. Ela se lembra que era muito mordida durante o estupro. O patrão assistia a tudo e se masturbava. Na sala ao lado, uma música muito alta abafafa seus gritos.

.

Depois do estupro coletivo, o patrão lhe deu um banho. “Fiquei estática, só observando a água escorrendo pelo ralo com sangue. Eu sentia cheiro de tudo podre, tudo fedia. Ainda é assim para mim. Qualquer cheiro me incomoda, preciso de tudo muito limpo”, afirma Goretti, que ainda hoje precisa de remédios para se sentir melhor, e conta que já teve compulsão por analgésicos.

.

Goretti encontrou um caminho de conforto emocional ajudando pessoas que passaram por uma tragédia a falarem sobre isso. Ela desenvolve esse trabalho na ONG Todas Marias. “Foi difícil colocar em palavras o sentimento de perda de algo que eu desconhecia. Sabia que minha vida nunca mais seria a mesma, que teria que fugir para sempre. Nem sei se parei de fugir. Talvez seja uma espécie de fuga da minha dor apoiar outras pessoas”, afirma.

.

“Talvez eu seja apenas sobrevivente, não uma vencedora. Dizer que venci o que vivi? Não, nunca! Me acompanha o cheiro, o gosto, os sons daquele dia”. Goretti, no entanto, diz que desenvolveu uma autoconfiança e que segue “firme, sendo forte, linda e poeta”.

.

Segundo o mais recente Atlas da Violência, estudo promovido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a realidade vivida por ela em meados dos anos 1970 ainda se perpetua no Brasil.

.

De acordo com o levantamento, 50,9% dos casos de estupros denunciados em 2016 foram cometidos contra menores de 13 anos. Crianças são as maiores vítimas dos estupros no país.

.

O governo federal tem canais para combater esses crimes. Para denunciar casos de violência sexual contra crianças, disque 100. Para denunciar casos de violência contra a mulher, 180.

 

 

 

 

.

.

.

.

.

.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no linkedin
LinkedIn

HOME