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Roupa x violência sexual: uma discussão mais atual do que nunca

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original: Roupa x violência sexual: uma discussão mais atual do que nunca

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Por Nina Lemos

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“Ah, mas quem mandou usar essa roupa? Ela estava querendo”. “Sei, sai com uma roupa dessas e depois reclama quando é assediada.” Isso parece conversa antiga, pelo menos de 20 anos atrás, certo? Afinal, todo mundo já sabe que mulher usa a roupa que quiser. Que roupa não é convite. A culpa da violência nunca é da minissaia e se usamos uma roupa sexy é… apenas porque estamos afim de usar uma roupa sexy, certo? Não, não muita gente não sabe e ainda é preciso repetir.

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Novembro de 2018. A questão “se estava usando essa roupa, provocou”, está mais forte do que nunca. Essa semana, enquanto discutíamos o vestido curto usado por Claudia Leitte (que segundo Silvio Santos o deixou “excitado”), mulheres protestaram na Irlanda contra uma juiza que usou uma calcinha fio dental de renda como prova para absolver um homem acusado de estupro.

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Em nenhum momento estou chamando Silvio Santos de estuprador, que fique claro! Mas, como já se falou e se repetiu essa semana, roupa não é justificativa para “ouvir gracinhas”. Se usamos um vestido curto fazemos isso só porque… estamos com vontade de usar um vestido curto.

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Isso não é um consentimento

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O caso da menina estuprada na Irlanda é escandaloso. E, não sem motivo, virou comoção mundial. Sim, a juíza teve a coragem de exibir em pleno tribunal uma calcinha de renda, usada por uma menina de 17 anos, para “provar” que o sexo foi consentido. “Afinal, por que ela usaria uma calcinha dessas?”. Ódio.

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Muitas mulheres sentem a mesma revolta que sinto enquanto escrevo esse texto. Essa semana, centenas de moças de todas as idades foram para as ruas da Holanda carregando calcinhas coladas em cartazes junto com a frase “isso não é consentimento.”

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Hoje, o movimento se espalha pelo mundo. Mulheres de todo o planeta postam fotos de suas cacinhas em redes sociais seguidas pela tag #notaconsent (não é consentimento) em protesto contra o julgamento.

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Ao mesmo tempo, políticos irlandeses e entidades pelo direito das mulheres pedem que não seja mais permitido exibir a roupa que a vítima estava usando em casos de estupro e também de assédio. Faz TODO sentido.

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No início desse ano, uma exposição chamada “O que você estava vestindo?”, realizada em Bruxelas, na Bélgica, exibiu réplicas de peças de roupa que vítimas de assédio e estupro usavam quando foram atacadas. Entre as peças, calças, pijamas… tudo para provar que a roupa não tem conexão com agressão e que fazer essa pergunta para uma vítima é estúpido e ofensivo.

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É triste que iniciativas desse tipo ainda sejam necessárias e que a gente ainda tenha que repetir uma coisa dessas: mas usar uma calcinha sexy não é um sinal de que queremos sexo, e o fato da menina usar uma NUNCA poderia ser usado para tentar culpar vítima. A culpa não é da menina, que escolheu “a calcinha errada”.

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Roupa nunca é consentimento para nada. Nem para assédio, cantada tosca e, claro, JAMAIS para um crime bárbaro como é o estupro… Que o caso da adolescente irlandesa pelo menos sirva de alerta…

 

 

 

 

 

 

 

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