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Por dia, 28 mulheres pedem socorro à Justiça contra agressores no ES

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Veja publicação original: Por dia, 28 mulheres pedem socorro à Justiça contra agressores no ES

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Segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), somente este ano, até o dia 21 de maio, 3.960 pedidos foram registrados

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Por dia, 28 mulheres que sofrem violência doméstica pedem o apoio da Medida Protetiva de Urgência da Lei Maria da Penha em todo o Estado. Segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), somente este ano, até o dia 21 de maio, 3.960 pedidos foram registrados.

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Em todo ano de 2017 foram 9.412 pedidos de medida protetiva no Estado. E, atualmente, há 20.613 processos em tramitação.

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Desde abril deste ano, uma alteração na Lei Maria da Penha tornou crime o descumprimento das medidas protetivas. O agressor que não respeitar a ordem de não manter contato com a vítima pode ficar preso de 3 meses a 2 anos.

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Uma das mulheres que pediram ajuda foi a cantora Taiana França, 25 anos, que denunciou ser ameaçada e agredida pelo marido, o empresário do ramo portuário Adriano Scopel, de 39 anos. O acusado nega todas as acusações e afirma que nunca agrediu Taiana.

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De acordo com a cantora, ela sofreu violência verbal, psicológica, física e patrimonial durante a maior parte do relacionamento. O casal estava casado há dez meses, mas namoravam há cerca de três anos e meio.

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A vítima conta que não teve coragem de denunciar antes por medo das ameaças de morte que recebia do acusado. Ela contou também que a violência sofrida tinha um ciclo.

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“Primeiro ele me humilhava e me batia. Depois ele dizia que não lembrava, que estava bêbado. Outras vezes, ele pedia desculpas, chorava e dizia que eu precisava ajudá-lo. Eu sou uma pessoa de muita fé e acredito na mudança das pessoas. Acredito no amor e acreditava no Adriano. Tentei ajudá-lo levando para a igreja. Ele prometia que ia mudar, mas depois me batia de novo”, conta.

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Após a última agressão, na noite de 26 de maio, Taiana tomou coragem para denunciar. Segundo a denúncia da cantora, ela foi xingada, agredida e expulsa, sendo puxada pelos cabelos, durante uma festa que ela organizou na residência onde o casal vivia, na Mata da Praia, em Vitória.

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Ela conta que a agressão começou após um dos convidados dizer que ela parecia uma menina brincando com os adolescentes, deixando Adriano nervoso. Cerca de 30 pessoas teriam presenciado a violência. No dia 28 ela registrou uma ocorrência e conseguiu uma Medida Protetiva de Urgência concedida pela Justiça do Estado.

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Segundo o advogado de Taiana, Flávio Fabiano, a medida exigiu o afastamento de Adriano do lar conjugal, proibição de aproximação de Taiana no limite de 300 metros, além de proibição de contato com a vítima por qualquer meio comunicação, sob pena de prisão cautelar. Porém, a cantora não quis ficar na residência, que pertence à família Scopel.

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A medida ainda determina a intimação de Adriano para comparecer ao Grupo de Acolhimento e Orientação aos Homens em Situação de Violência Doméstica.

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“Tive informações de que na tarde de hoje (ontem) o Adriano Scopel convocou vários convidados que testemunharam as agressões na festa do dia 26 de maio. Ele quer fazer com que as pessoas confirmem a versão dele de que não houve agressão. Mas isso não me preocupa. Havia várias pessoas na festa e tenho certeza muitas delas vão ficar do lado da verdade”, contou o advogado.

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O advogado completou que sua cliente, Taiana, está impressionada com o apoio que tem recebido de diversos conhecidos que já sabiam a realidade das agressões. “Ela também tem recebido mensagens de outras vítimas de violência doméstica”, disse.

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OUTRO LADO

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O advogado Marco Antonio Barreto, que defende o empresário Adriano Scopel, de 39 anos, negou que seu cliente tenha agredido a cantora Taiana França, de 25 anos, durante a relação do casal, que durou cerca de três anos e meio.

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Procurado, ele afirmou por nota que em relação as notícias veiculadas recentemente por meio da mídia local e nacional, Adriano reitera sua inocência.

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“Adriano reitera que não praticou, em qualquer tempo, qualquer tipo de agressão contra a sua ex-mulher, e tampouco a ameaçou. Nesse sentido, irá se reservar ao direito de comprovar a verdade dos fatos ocorridos no dia 26 de maio de 2018 no curso das investigações”, disse.

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O advogado completou que Adriano irá colaborar com as investigações para que o caso seja solucionado o mais rápido possível.

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Na última terça-feira (5), quando Taiana tornou pública a denúncia que fez contra o marido, o advogado levantou questionamentos acerca das marcas no corpo da cantora, chamando de “mentiroso espancamento”.

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“No que diz respeito ao mentiroso ‘espancamento’ do qual ela teria sido vítima, no dia 26 de maio, verifica-se que essa acusação, além de tudo é contraditória, na medida em que a própria polícia afirmou que ela ‘não apresentava lesões no instante do atendimento deste BU’ (Boletim Unificado)”

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Ainda sobre os fatos narrados por Taiana, a nota do advogado as classifica como mentirosas e injustas.

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“Adriano informa que adotará as medidas judiciais cabíveis para demonstrar a injustiça feita contra sua pessoa e, finalmente, lamenta a intensa exposição do assunto pela imprensa, mas confia que a verdade prevalecerá sobre essas infundadas acusações”, completou o texto do advogado na ocasião.

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TESTEMUNHAS SERÃO OUVIDAS PELA POLÍCIA

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Testemunhas que teriam presenciado a agressão contra a cantora Taiana França já foram intimadas pela Polícia Civil. O caso chegou à Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Vitória na última segunda-feira (4), onde foi instaurado inquérito policial para apurar os fatos.

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A delegada titular da Deam, Juliana Saadeh, foi procurada pela equipe de reportagem, porém, não foi autorizada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) a falar sobre o caso. Por nota, a Polícia Civil informou que não passará informações até a conclusão do inquérito policial que apura os fatos envolvendo o casal. A polícia não confirmou se o empresário Adriano Scopel, acusado das agressões, já foi intimado.

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OPINIÃO DA GAZETA

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É assustador que diariamente 28 mulheres procurem a Justiça para garantir a própria proteção por estarem expostas a agressões físicas e psicológicas. É chocante e comprova que há uma verdadeira epidemia de violência contra a mulher. Mas também é uma reação: as mulheres estão se calando cada vez menos. É preciso coragem para denunciar um marido, um namorado, um pai, um irmão… A violência doméstica sempre foi estigmatizada, mas mulheres estão tendo mais acesso à informação e tomando posse de seus direitos, independentemente de quão próximo seja o agressor. A lição que fica é que não é vergonha pedir socorro antes que o pior aconteça. O silêncio não pode vencer.

 

 

 

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