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Mulheres que passaram por problemas financeiros ensinam a sair do vermelho

Saiu no site REVISTA CLÁUDIA:

 

Veja publicação original: Mulheres que passaram por problemas financeiros ensinam a sair do vermelho

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Por Carol Salles

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Elas também revelam o que as fez perder o controle e como encontrar o caminho para a saúde financeira

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Se você se sente perdida no labirinto da insolvência e acredita que não há saída, precisa saber que não está sozinha. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas mostram que 38% dos consumidores brasileiros se encontravam no vermelho no final de 2017. “Os gastos por impulso são a maior causa do endividamento”, diz Kelly Carvalho, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo. “Há um bombardeio de apelos, principalmente sobre as mulheres. Por isso, é necessário que se atenham ao planejamento para não cair em tentação.”

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Mas outro fato aumenta a esperança de alcançar a saúde financeira. São elas que mais colocam o orçamento em dia. Em fevereiro, as mulheres correspondiam a 52% dos que quitaram seus débitos, ante 48% dos homens.

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Cinco entrevistadas explicam como encontraram a receita de equilíbrio depois de se verem no sufoco. E revelam o que as fez perder o controle – sinal de alerta para quem está à beira do caos.

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1. Descontava as frustrações em compras

Patricia Poyatos, 46 anos, empresária, de São Paulo 

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“Quando eu era adolescente, tinha compulsão alimentar. Adulta, o foco passou para as compras. Estava acostumada a viver com dívidas, que eram quitadas com o 13º salário e o dinheiro das férias. Em 2001, perdi o emprego e meu namorado terminou comigo. Pedro, meu filho, tinha apenas 2 anos.

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A ansiedade causada pela instabilidade era compensada com gastos. Estourei o limite de três cartões de crédito e comprei um carro financiado. Meu nome ficou sujo e cortaram meu limite no banco. Notei que meu comportamento era repetitivo e decidi procurar terapia para me tratar.

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Alguns meses depois, já estava empregada novamente e aceitei serviços autônomos para aumentar a renda. Recusei o cheque especial e descartei os cartões. Também criei uma planilha de entrada e saída do dinheiro.

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Aos poucos, paguei as dívidas e financiei um apartamento. Quando conheci meu atual marido, vendemos esse imóvel e usamos uma parte, cerca de 15 mil reais, para quitar o que ainda faltava do débito. Foram oito anos até zerar tudo – em uma jornada na qual expandi minha autoconsciência. Hoje tenho cartão de crédito e cheque especial, ambos com limites muito baixos. Só que já estou vacinada e não caio mais nas armadilhas.”

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Dicas da Patricia

  • Não compre nada de imediato. Nem supérfluos. Avalie se precisa mesmo do produto. Dias depois, se ainda quiser aquilo e fizer sentido no orçamento, volte para buscar.
  • Liquide primeiro as dívidas com juros mais altos. E só vá ao banco negociar sabendo quanto poderá pagar a cada mês.

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2. Investiu todo o dinheiro em um negócio que deu errado

Fábia Máximo, 35 anos, personal shopper, de Santo André (SP)

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“Abri um salão em um bairro nobre da minha cidade, mas estava sempre vazio. Os profissionais diziam que era culpa da localização, do preço… Tive problemas com a administração das manicures e dos cabeleireiros. Queimei minhas reservas tentando manter o funcionamento normal.

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Em um curso voltado para empreendedores, me disseram que eu deveria considerar a possibilidade de vender o negócio. Sete meses depois da inauguração, passei o ponto por 38 mil reais. O dinheiro quitou 80% do que eu devia ao meu pai – ele havia me ajudado com o investimento inicial. Ainda pesava o prejuízo de 12 mil reais com cartões de crédito e cheque especial. Sem enxergar saída, entrei em depressão. Um dia, surgiu a ideia de vender produtos de beleza de catálogos.

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Também arrumei um emprego com salário baixo, que usava para fazer um pequeno estoque. As vendas me permitiram negociar as dívidas e pagá-las em dois anos. Hoje, não vendo mais os cosméticos, mas atuo como consultora de compras.”

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Dicas da Fábia

  • Cuide para que a insolvência não afete sua saúde. Deprimida ou ansiosa, não achará alternativas.
  • Ofereça o valor máximo para quitar os débitos. Mas não contraia novas dívidas para enfrentar o pagamento.
  • Segure-se com uma fonte extra, como fazer e vender docinhos.

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3. Pediu demissão e não conseguiu emprego após a gravidez

Dayane Vieira, 43 anos, empreendedora, de Curitiba

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“Sou enfermeira e, ao ficar grávida, deixei o emprego. Quando minha filha completou 1 ano, participei de vários processos seletivos. Nunca olhavam meu currículo. Só perguntavam quem ficaria com a criança e se eu sairia do trabalho para levá-la ao médico.

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Meu marido assumiu as parcelas do financiamento da nossa casa – o valor de cada uma equivalia ao salário que perdi. Foi um impacto. Cortamos viagens, passeios, restaurantes… Sem dinheiro, entrei no cheque especial.

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Um dia, vi objetos de crochê em uma revista e tive um insight. Na infância, havia aprendido os pontos com minha mãe. Comprei 100 quilos de linhas, porque era a quantia mínima permitida. Fiz um cesto e um jogo de tapetes. Postei as fotos no Facebook, e a reação foi incrível.

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Em uma semana, consegui dez encomendas. No começo, tive prejuízo por não saber precificar os produtos. Então fui atrás de cursos. Hoje, além dos pedidos e das vendas para lojas, dou aulas de crochê. Ganho o dobro do que recebia como enfermeira, meu padrão de vida melhorou e estou livre do pesadelo.”

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Dicas da Dayane

  • Corte o crédito. Só faça compras necessárias e à vista.

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4. Perdeu o emprego e torrou as economias de anos

Tais Gonçalves, 37 anos, designer, de São Paulo

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“Em 2015, eu morava sozinha e tinha um salário que cobria todos os meus gastos, inclusive o aluguel. Tudo ia bem até que fui demitida. Procurei frilas na minha área, mas não consegui nada. Como havia passado muitos anos contratada, não tinha bons contatos. Recorri à quantia que juntara na poupança.

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Cortei gastos, mas, mesmo assim, entrei no cheque especial para pagar contas básicas e sobreviver. O rombo foi crescendo com os juros e chegou a 8 mil reais. Minha mãe sugeriu que eu voltasse a morar com ela até me estabilizar. Não era exatamente o que eu desejava, mas não encontrei outra opção. Foi ela quem me orientou dali em diante.

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Conseguiu um empréstimo consignado, que tem juros mais baixos, para me ajeitar. Sem a despesa do aluguel, aos poucos paguei o que devia, até mesmo o último empréstimo, e recuperei minha poupança. Arrumei outro emprego e hoje aplico 30% da minha renda para dar entrada em um apartamento.”

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Dicas da Tais

  • Mantenha contatos, envolva-se em projetos e invista em cursos mesmo contando com carteira assinada. Se for demitida, terá um ponto de partida para o recomeço.
  • Não tenha vergonha de admitir que não está dando conta e que precisa de ajuda. Algumas pessoas entendem melhor do assunto ou já passaram por situação semelhante.

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5. Vivia apertada, mudou de cidade, de atividade e faliu

Cristiane Cintra, 39 anos, empresária, de São Paulo

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“Eu e meu marido sempre tivemos uma situação financeira apertada. O que ganhávamos não era suficiente para nos manter. Mudamos para o interior na tentativa de reduzir gastos e decidimos virar corretores de imóveis. Não deu certo. Então arranjei um emprego, mas o salário não pagava nem o aluguel. Ficamos sem fundos, com o nome sujo e os cartões estourados.

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Voltamos para São Paulo e passei a ajudar minha mãe no salão de beleza dela. Reparei no modo como trabalhavam os representantes das marcas que iam vender os produtos e resolvi me dar uma chance. A essa altura, já acumulava 10 mil reais em dívidas. No início, ganhava apenas 20% sobre o valor de cada venda, mas me dediquei muito e, aos poucos, deslanchei. Limpei meu nome, juntei capital e me tornei distribuidora.

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Meu marido, que estava atuando como taxista, foi trabalhar comigo. Tudo parecia um sucesso até começarem a falsificar os produtos e a vendê-los por um valor bem mais baixo. Perdi clientes e fiquei devendo 100 mil reais para a fábrica. Isso me abalou emocionalmente; senti medo de entrar em outro poço profundo. Sem muita opção, vendi um terreno que tinha comprado e cobri o valor do débito. Com o pouquinho que sobrou, investi na minha marca de cosméticos.

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Havia guardado os contatos dos clientes, sabia das necessidades e reclamações em relação aos produtos antigos. Adaptei as fórmulas e o negócio deu certo. Um dia, recebi um e-mail de um egípcio interessado em importar o que eu oferecia. Com a oportunidade, expandi para Egito, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Iraque. Além de pagar as dívidas, consegui uma reserva e estou à frente de um negócio que me traz orgulho e autoconfiança.”

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Dicas da Cris

  • Nada se resolve de repente. Então é preciso ter foco no resultado. Quando comecei a vender produtos, meu marido me emprestava 20 reais por dia. Eu colocava 19 de gasolina para rodar e com a sobra, 1 real, comprava uma coxinha no posto. Era meu lanche até voltar para casa.
  • Sempre que tiver uma quantia reservada, invista em algo sólido, que valorizará, como um terreno, uma sala comercial ou uma casa. Isso salva em emergências e ajuda a iniciar um negócio.

 

 

 

 

 

 

 

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