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Mulheres na liderança: executivas contam desafios na carreira

Saiu no site MUNDO MARKETING

 

Veja publicação original: Mulheres na liderança: executivas contam desafios na carreira

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Maternidade, assédio e preconceito ainda são problemas a serem enfrentados, mas que pouco a pouco vem diminuindo. Mais do que salários equiparados, elas querem respeito

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Por Priscilla Oliveira

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Não é de hoje que as mulheres estão à frente de cargos estratégicos dentro das corporações. Atualmente elas tomam decisões de alto comando que influenciam não apenas as estratégias das empresas em relação ao mercado, mas elas também são peças fundamentais do processo de reorganização cultural em tempos de macrotransição como este que vivemos. Mais do que salários equiparados e direitos iguais no mundo corporativo, as mulheres dos dias de hoje anseiam mais.

Elas representam mais de 49% do mercado de trabalho mundial, segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), e o índice delas em cargos de CEOs e de diretorias executivas no Brasil chegou a 16% em 2017, segundo a pesquisa International Business Report (IBR) – Women in Business, da Grant Thornton. Em 2016, o indicador era de 11% e, em 2015, de apenas 5%.

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Apesar da pouca representatividade em cargos de chefia, elas provam que podem ser presidentes tão eficientes quanto homens. Ou até mais. Pesquisa da consultoria McKinsey, lançada no final do mês passado, aponta que empresas que possuem mulheres na liderança têm 21% a mais de chance de ter desempenho financeiro acima da média. Ainda assim, para chegar a um cargo de liderança muitas delas passaram por situações constrangedoras – ora de assédio ora de constrangimento por serem tratadas de forma inferior.

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Essas histórias hoje fortalecem as decisões e trazem visões diferenciadas ao negócio, principalmente quando precisam dialogar com o público feminino. Um exemplo foi a Activia que, em 2016, reposicionou sua linha incluindo as mulheres não apenas na embalagem, mas em comunicações com porta-vozes inspiradoras e mais próxima da realidade da mulher atual, utilizando experiências e vivências de suas próprias gestores, além de pesquisas, para desenhar a estratégia.

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A maternidade, assédio e preconceito ainda são problemas a serem enfrentados, mas que pouco a pouco vem diminuindo e colaborando para o aumento da presença delas nas lideranças. Veja abaixo o relato que algumas das principais executivas brasileiras da área de Marketing deram ao Mundo do Marketing sobre alcançar a cargos mais altos e fazer parte dos 16% de mulheres líderes em companhias no Brasil. Em muitos casos, a tecnologia e atuar em área criativa fez grande diferença para a carreira delas.

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Rabeea Ansari, VP de Marketing & Digital do Club Med para a América do Sul

Rabeea Ansari, VP de Marketing & Digital do Club Med para a América do Sul. 
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A empresa possui um bom equilibro de homens e mulheres em todos os níveis. Estatisticamente, os departamentos de Marketing sempre possuem mais mulheres e por aqui não é diferente. Minha equipe é composta em 95% por mulheres. Sobre a baixa presença feminina em lideranças, eu acho que existem vários fatores que explicam: às vezes a diretoria não seleciona mulheres para cargos da alta gestão supondo que mulheres não conseguem gerenciar a pressão, mais a gestão da família junto com trabalho. Às vezes, são as mulheres mesmo que faltam confiança em se candidatar nesses cargos achando não são capazes de atuar nesses cargos de liderança.

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A questão da maternidade, em teoria não deveria atrapalhar uma promoção. Ela deve se basear sobre as competências e os resultados do profissional, sendo homem ou mulher. Eu estou supondo que em algumas empresas, as avaliações estejam diferentes. Uma boa empresa é uma empresa que eticamente dá uma chance igual para todos independente do seu sexo. O futuro das empresas depende dessa ética: várias multinacionais no mundo se comprometeram a contratar mulheres em posição de liderança e os mercados financeiros avaliam positivamente esses recrutamentos. As empresas precisam olhar para o futuro.

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Eu não sou mãe, mas eu vi várias mães nas minhas equipes correndo de todos os lados para poder conciliar a vida profissional e pessoal. Na minha experiência, essas mulheres sempre se envolvem mais, sempre rendem mais, sempre se desenvolvem mais. É impressionante! Eu acho que algumas devem sentir a pressão de “eu preciso fazer mais porque eu sou mãe”. Eu pessoalmente sempre apoio as mães, dando flexibilidade e adaptabilidade nas condições de trabalho. Apoiar as minhas mães é a melhor coisa que uma empresa pode fazer, eu garanto o retorno sobre o investimento, essas mulheres são as mais eficientes.

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Acho que várias mulheres passaram por episódios difíceis. Alguns anos atrás, eu lembro ter participado em reunião com homens em que eu tive dificuldade em expressar a minha opinião, cada vez que eu tentava falar, eu era cortada. Era uma maneira de desvalorizar a minha opinião que era “menor” do que os outros. Lembro também, participar de uma negociação de contrato junto com um homem da minha equipe e o parceiro só tratava do assunto com o outro rapaz da minha equipe, quando eu era a chefe, desvalorizando a minha capacidade de liderar a negociação. Eu acho que as mulheres nunca devem deixar se abalar com esses momentos, ao contrário eu sempre respondi nesses casos, me posicionando com muito profissionalismo.

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Juliana Carvalho, Diretora de Marketing de Hair da Unilever Brasil.

Juliana Carvalho, Diretora de Marketing de Hair da Unilever Brasil.

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A Unilever é uma empresa que valoriza e reconhece as mulheres profissionalmente. Atualmente, 51% dos nossos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Das 10 fábricas que temos no país, quatro delas (40%) são lideradas por mulheres. Isso demonstra que a equidade de gênero é prioridade. Internamente, desenvolvemos várias iniciativas que ajudam a mulher a conciliar carreira e vida pessoal – “part-time job”, “job-sharing”, berçário, “flexi-time”, home-office, entre outras. Sem falar de mentoria e coaching para ajudá-las no progresso de suas carreiras.

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Também é importante dizer que hoje nossos produtos estão presentes em dois bilhões de lares no mundo e 70% dos consumidores Unilever são mulheres. E, por isso, queremos cada vez mais que as nossas iniciativas sejam em prol da inclusão econômica da mulher. Mas é importante ressaltar que diversidade para Unilever vai além de gênero. Defendemos o empoderamento feminino e o protagonismo profissional internamente, institucionalmente e por meio das nossas marcas.

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Tenho dois terços da equipe composta de mulheres e um terço de homens reportando atualmente para mim. Marketing é um território de oportunidade para avançarmos na equidade de gêneros com maior participação dos homens.

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Quando encomendamos o Relatório de Presença de TRESemmé, um dos dados que pudemos constatar foi que um número muito baixo de mulheres (apenas um terço das entrevistadas) declararam ter autoconfiança, autoconsciência, e clareza dos seus objetivos e ambições. Essa é uma das possíveis causas que podemos considerar para as mulheres não ocuparem cargos de liderança.

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Queremos ajudar as mulheres e capacitá-las para estarem mais preparadas para o ambiente profissional, e por isto criamos com TRESemmé o “Programa Toque de Expert”, em parceria com a plataforma de empregabilidade Bettha. Os conteúdos lá disponíveis têm o objetivo de ajudar as mulheres a desenvolverem habilidades que são chave para aumentar sua autoconfiança, autoconsciência, senso de objetivos e ambições.

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Sobre a maternidade, a curto prazo, acredito que o fato das mulheres se distanciarem da empresa por seis meses pode diminuir a chance de participar de uma oportunidade que apareça nesse período específico. Entretanto, quando olhamos no longo prazo, vejo diversas vantagens que a maternidade pode trazer para as carreiras. A geração de insights a partir de um novo repertório pessoal e o senso de foco e objetividade que as mulheres desenvolvem nesse período podem contribuir positivamente em oportunidades futuras.

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Sou mãe. Felizmente, na Unilever, temos diversas políticas e práticas que favorecem bastante esse papel duplo. Temos horários flexíveis de trabalho, home-office e diversas tecnologias que nos ajudam na conexão com as equipes, independentemente de onde estivermos. Durante a integração dos meus filhos na escola, por exemplo, trabalhei uma semana da própria escola. Acho que com uma boa combinação de energia, criatividade e flexibilidade, é possível exercer esses papeis com mais leveza, sem muita pressão interna.

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Honestamente nunca vivi problemas de assédio ou de me sentir menor por ser mulher, porém tenho consciência de que o fato de a Unilever ter um ótimo equilíbrio de gêneros, em posições de liderança, contribui bastante para esse contexto favorável.

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Carla Assumpção, Diretora Geral Swarovski Brasil, Chile e Argentina.

Carla Assumpção, Diretora Geral Swarovski Brasil, Chile e Argentina.

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Na Swarovski tenho vários pares que são mulheres em outros mercados, trata-se de uma empresa onde o produto final está voltado ao mercado feminino. Temos no Top management uma equidade entre homens e mulheres. Por conta desse entre outros fatores, é que tenho profunda admiração pela Swarovski, uma empresa adiante do tempo nessas questões ainda tão em voga. Na equipe temos 90% mulheres e 10 % homens.

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Sobre a baixa presença em lideranças, vejo que esse assunto ainda é muito recente no mercado brasileiro, uma sociedade que preza por valores conservadores em relação ao papel da mulher. E por isso, a mulher ainda está em fase de transformação quanto ao seu papel, tanto na sociedade, na família e mesmo em relação a sua própria carreira.

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A maternidade influencia sim e muito em uma promoção. No meu caso, a maternidade me deu um senso de propósito maior em relação ao futuro, acrescentando a responsabilidade do desenvolvimento da minha filha em vários aspectos. Esse proposito me proporcionou mais tenacidade e perseverança ao longo da minha trajetória.

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Senti muita pressão, pois sempre tive que administrar minhas expectativas em relação ao meu papel de mãe em comparação a outras mães próximas, no caso mais disponíveis para seus filhos do que eu. Tive que trabalhar essa sensação de ausência através de uma relação de confiança e baseada em novas perspectivas para minha filha, sendo eu uma mãe multitarefa e dona de suas escolhas. Por outro lado, nunca sofri preconceito ou assédio, pois minhas oportunidades aconteceram por meio da dedicação, constante, aprimoramento técnico, liderança e obstinação.

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Luciana Marsicano, Diretora Geral da Tiffany&Co no Brasil

Luciana Marsicano, Diretora Geral da Tiffany&Co no Brasil.

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A presença feminina na Tiffany é gigantesca! O mundo do Varejo de Luxo é recheado de mulheres! Somos muito comerciais, gostamos de nos relacionar, amamos design e história. Faz muito sentido a grande presença de mulheres neste segmento. Especialmente na nossa marca, sinônimo de Amor e Celebração, a emoção das mulheres é chave para que honremos o legado da Tiffany. Atualmente, temos na equipe 80% mulheres, 20% homens.

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Acredito que nem todas as mulheres da minha geração tiveram apoio familiar para crescer profissionalmente, se especializar, além de terem ficado muito divididas entre trabalho e família, sem recursos extras que pudessem facilitar esta angústia. Outras mulheres não tiveram este interesse. E não tem nada de errado com isto. Construíram famílias maravilhosas, fazem trabalho social, tem outros tantos papeis. Contudo, acho que a geração atual tem tudo para fazer melhores escolhas e crescer profissionalmente. O ambiente corporativo é muito mais equilibrado hoje, mais inclusivo, com maior suporte para as mulheres que tem filhos, sem falar na tecnologia que facilita tudo!

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Não acredito que a maternidade influencia uma promoção. Conheço muitas mulheres competentíssimas que tem vários filhos e mantém posições altíssimas em grandes organizações. Tudo é uma questão de organização. Sou mãe de um menino maravilhoso de 16 anos e não foi nada fácil conciliar sua educação com o volume de trabalho que sempre tive. Sempre me senti pressionada e de alguma maneira julgada por valorizar tanto minha carreira e independência financeira, mas, ao mesmo tempo, fui uma mulher educada para isto. Portanto, a pressão sempre foi mais externa do que do meu próprio núcleo familiar, que pelo contrário, sempre me apoiou em minha escolha. Obviamente sempre soube que não seria excepcional em todos os papeis que uma mulher carrega, mas decidi ser muito boa em todos aqueles que eu tinha talento e interesse e abri mão de perfeição há muitos anos.

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Antigamente as mulheres não participavam de todas as conversas e reuniões masculinas pois havia um “segundo expediente”. Tínhamos muita dificuldade em penetrar nas organizações, pois em muitos momentos, estávamos fora das discussões e decisões. Contudo, acho que fui bastante persistente em buscar minha maior participação, opinião e sendo muito vocal a ponto de ter sido efetivamente incluída nos momentos de decisão. Senti sim o forte machismo latino americano em muitas de minhas viagens internacionais e o Brasil, por incrível que pareça, era menos machista, tendo o maior número de mulheres trabalhando no universo corporativo.

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Luciane Neno, Gerente de Marketing e plataformas digitais da Unidade Infantil da Globosat

Luciane Neno, Gerente de Marketing e plataformas digitais da Unidade Infantil da Globosat.

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A Globosat é uma empresa diversa com grande presença de mulheres. No entanto, elas ainda não têm tanta representatividade em cargos de liderança. É um processo em evolução no mercado em geral. Se pensarmos que cargo de gestão incluem os coordenadores, temos uma boa representatividade de liderança feminina de 45%. No Marketing, ainda vemos uma dominância feminina. Na minha equipe não é diferente: elas representam 65%.

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Essa baixa presença em lideranças eu acredito que ocorra por conta de uma série de vícios, nossa sociedade induz a mulher a um papel que acaba limitando suas escolhas profissionais. Estudos sobre o tema sugerem que essa baixa presença de mulheres em cargos de liderança se relacionada a diversos fatores, que passam por exemplo pela família, falta de orientação e de confiança, cultura corporativa e até mesmo motivação. Existem vários aspectos que restringem a ascensão feminina, e há fortes indícios que a maioria deles tem sim raízes sexistas.

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Romper com esses vícios sociais é muito difícil, porque eles permeiam a nossa rotina, estão presentes nas nossas famílias, nas nossas histórias, nos pequenos comportamentos do dia a dia e até mesmo em nós mulheres. Disfarçadamente, nossa sociedade acaba perpetuado certos padrões. Para mudarmos a realidade a nossa volta, precisamos urgentemente repensar nossos comportamentos e atitudes.

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A maternidade de alguma forma acaba influenciando. Com certeza, a preocupação em conciliar a vida profissional com as tarefas de casa e o cuidado com os filhos ainda é muito mais comum entre as mulheres e, muitas vezes, isso acaba influenciando a escolha da carreira ou até mesmo uma eventual busca por promoção por uma questão de autoestima e confiança. Outro comportamento comum é mulheres priorizarem a ascensão do marido pela diferença salarial. Nesse cenário, o gestor tem grande responsabilidade, o estímulo ao crescimento destas profissionais é peça fundamental para uma transformação.

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O nascimento da minha segunda filha foi um desafio, pois fui chamada pra voltar ao trabalho antes da licença acabar, em função de um grande projeto que estava acontecendo. Foi um momento tenso, de pressão sim, mas a gente vai aprendendo a dar conta de tudo e gerenciar da melhor forma possível profissão e família. Será mesmo que aprendi? Creio que não. Hoje, talvez eu não voltasse antes, respeitando este tempo tão importante de construção de vínculo e afeto com um bebê que acaba de chegar ao mundo, sob a sua inteira responsabilidade.

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Em relação ao assédio ou preconceito por ser mulher no ambiente corporativo, penso que a maioria de nós já passou por momentos que parecem inofensivos – mas não o são – em grupos de com predominância masculina, em que são levantados assuntos e piadas machistas.

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Paula Sarquis, Head do coworking ON Offices.

Paula Sarquis, Head do coworking ON Offices.

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Somos uma empresa majoritariamente feminina. Não foi muito intencional, mas se fez dessa maneira. Talvez porque o nosso foco seja o atendimento ao cliente. Mas, no geral, a meu ver, a baixa presença em lideranças vem da dificuldade de conciliar casa e filhos com trabalho. Enquanto meus filhos eram pequenos, optei por ser consultora. Quando viraram adolescentes voltei a me dedicar mais ao trabalho. Além disso, atualmente, a imagem da liderança ainda é de uma liderança agressiva. Nem todas as mulheres estão dispostas a se colocar dessa maneira.

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A maternidade sempre vai influenciar. Na minha experiência, mulheres com filhos sobem menos na carreira. Quando sobem é porque possuem uma boa retaguarda em casa e muitas vezes porque abrem mão de um convívio mais próximo com os filhos, principalmente pequenos. Com a maternidade a mulher fica mais potente, versátil, capaz de entender melhor o ser humano. A mulher cada vez conquista mais espaços, o mundo está evoluindo e precisará de mulheres na liderança.

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Sou mãe de dois filhos adolescentes. Conciliar maternidade e trabalho foi um dos maiores desafios que encontrei. Só consegui dar conta porque passei a ser consultora e podia controlar parte do meu horário. A maior pressão é a que temos conosco. É ficar desapontada por não dar conta de tudo.

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Ana Fontana, Gerente de Marketing na Aramis Menswear

Ana Fontana, Gerente de Marketing na Aramis Menswear.

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Venho percebo um crescimento muito bom de mulheres na Aramis, principalmente nos cargos de liderança. Minha equipe é composta 100% por mulheres. Creio que a baixa presença de líderes femininas no mercado seja passageira. Estamos passando por um movimento contrário e acredito que isso vá mudar. Mas infelizmente, ainda temos grandes corporações com visões míopes e atitudes machistas. Enquanto uns aumentam a licença paternidade, outros ainda optam por homens na escolha dos candidatos para que não precisem sofrer a ausência que uma licença maternidade exige de uma colaboradora mulher.

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Em alguns mercados a maternidade afeta na escolha ou promoção, ainda assistimos esse tipo de situação acontecer em setores onde prevalece a presença masculina. Mas posso dizer que já vi e tenho pessoas próximas que foram contratadas gravidas, mostrando que a empresa estava contratando um talento sem se preocupar com a ausência da licença maternidade.

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Sou mãe de duas meninas: uma nasceu em 2008 e outra em 2010. Consegui trabalhar até o final das duas gestações e consegui cumprir quatro meses mais um mês de férias como licença maternidade de forma plena e dedicada. Conciliar as funções é sempre difícil. É uma procura constante pelo equilíbrio. Em campinas, no grupo Iguatemi tive anos de muito desequilíbrio e a divisão de tarefas com meu marido era crucial para que as coisas acontecessem e as meninas pudessem ter nosso suporte e atenção. Além disso contei com staff em casa de duas pessoas por mais de três anos.

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Quando meu marido veio trabalhar em São Paulo, as meninas ainda tinham 2 e 5 anos, o desequilíbrio veio e eu acabei deixando o shopping e vim para São Paulo para que a família estivesse novamente convivendo diariamente. Aqui na capital, o trânsito e algumas distâncias atrapalham muito, porém, o trabalho na Aramis é muito flexível e busca a felicidade e equilíbrio do colaborador. Com a tecnologia, podemos trabalhar de onde estivermos e isso facilita muito a vida de mãe que precisa cuidar da agenda de outras duas pessoinhas, além de sua agenda profissional.

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O assédio, no entanto, é algo que existe precisa ser combatido. Há anos atrás, senti preconceito em atitudes ou comentários de lojistas antigos que não davam credibilidade para o meu trabalho ou para o que estava defendendo. Ao mesmo tempo, sempre tive gestores que me defendiam e abominavam esse tipo de atitude. Tenho sorte de ter tido gestores humanos, respeitosos e que me ajudaram a crescer. Mas sei que é uma questão de sorte, pois infelizmente ainda existem homens preconceituosos no mercado. Ainda bem que assistimos à queda exponencial desse tipo de líder hoje nas empresas.

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Juliana Alves, Marketing Manager da Grand Cru

Juliana Alves, Marketing Manager da Grand Cru.

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A presença feminina na Grand Cru ainda é pequena, mas este cenário está mudando. Atualmente vejo a chegada de mulheres para atuar em cargos estratégicos na empresa. Dentre meus subordinados, hoje 67% são mulheres e 33% são homens. Analisando o mercado em geral, acredito que ainda haja, sim, um pouco de preconceito para algumas áreas e posições. As áreas comerciais, por exemplo, ainda são dominadas pelos homens, mas vejo que este cenário vem mudando. Lentamente, mas vem mudando! Nunca sofri preconceito ou assédio, mas percebo que algumas vezes os homens têm mais voz ativa nas reuniões e as pessoas levam muito mais em consideração suas opiniões.

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Já a maternidade não deveria influenciar em uma promoção, mas infelizmente ainda vejo este fato atrapalhar a evolução da mulher dentro da empresa e impedir que ela seja promovida. Ainda não sou mãe, mas acompanho a trajetória das minhas amigas e vejo de perto a dificuldade que elas têm para conciliar as funções da maternidade e da vida conjugal com a carreira. Existe, sim, uma pressão muito forte ainda em torno disso e, muitas vezes, essa pressão é colocada pela própria mulher nela mesma.

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Ângela Carboni, Gerente de Atendimento – Central Nacional Unimed

Ângela Carboni, Gerente de Atendimento – Central Nacional Unimed.

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Quando recebi o convite para atuar como gerente, na época, havia somente duas mulheres gestoras. Hoje, a Central Nacional Unimed conta com 26 posições de gerência, sendo que 15 mulheres ocupam esse cargo. Realmente houve uma evolução em dez anos. Atualmente a Central Nacional Unimed possui 1.442 colaboradores. Deste total, 1.072 são mulheres, sendo 68 gestoras em cargos de direção. Temos dois superintendentes, 15 gerentes, 39 coordenadoras e 12 supervisoras. Desde 2002, temos 18 mulheres que iniciaram suas funções como auxiliares e hoje exercem cargos de direção. Entre meus subordinados tenho 421 funcionários. Em nossa equipe contamos com 360 mulheres e 61 homens. Em percentuais, são 83% de mulheres e 17% de homens.

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Vejo que vem mudando muito a participação de mulheres nas empresas. É uma evolução. Vejo essa cultura mudando ao longo dos anos de trabalho e percebo que vai mudar ainda mais. Infelizmente estamos em um país com muito preconceito contra as mulheres. A pesquisa Global Woman in Business mostra que a América do Sul tem os piores indicadores de mulheres em cargos de liderança. Precisamos mudar essa imagem de que a mulher é frágil e incapaz. Diferente disso, a sensibilidade da mulher faz diferença na tomada de decisão. Penso que a mulher possui muitas competências assim como os homens. É uma superação a cada dia.

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Fala-se de como a maternidade influencia negativamente. Na minha experiência, tive um suporte familiar muito bom. Então nunca foi impeditivo para mim. Por exemplo, nos dias em que precisei estender meu horário do expediente, sempre tive apoio. Hoje as empresas estão cada vez mais flexibilizando essa questão da jornada para poder trabalhar em casa.

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Foi sempre muito tranquilo conciliar maternidade com o trabalho. Sou imensamente agradecida pelos filhos que eu tenho. A Thais de 26 anos e o Thiago que completou 18 anos. Digo até que meus filhos me servem de inspiração para o meu desenvolvimento profissional. Uma mãe estar no mercado de trabalho é muito positivo. Só tenho a agradecer como mãe e como profissional.

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E nunca percebi momentos de preconceito comigo. Sempre tive respeito no ambiente de trabalho. Até mesmo a questão da igualdade salarial tem relevância na Central Nacional Unimed. Temos uma iniciativa que promove essa visão e mudança de cultura. Se chama “Mulheres Gestoras”. Esse grupo promove ações de fortalecimento da atuação das gestoras dentro da empresa. Temos acompanhamento motivacional, palestras com profissionais renomados e com isso, juntas incentivamos mudanças e melhorias. Unidas melhoramos nosso desempenho e a empresa só tem a ganhar.

 

 

 

 

 

 

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