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Mulher vítima de violência psicológica relata 15 anos para se livrar de ameaças; teste ajuda a identificar abusos

Saiu no site  G1:

 

Veja publicação original: Mulher vítima de violência psicológica relata 15 anos para se livrar de ameaças; teste ajuda a identificar abusos

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Moradora de Campinas era vítima do comportamento possessivo do companheiro. Questionário ajuda a identificar a violência psicológica.

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As palavras acompanhadas de ameaças graves e de sentimentos possessivos se perdiam em meio ao “amor excessivo” declarado pelo companheiro. Essa foi a realidade enfrentada por uma moradora de Campinas (SP) e seu filho de 14 anos junto ao marido. Ela sofria violência psicológica e só conseguiu se libertar dessa rotina após 15 anos.

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“Você não olha pro lado, você não vai sair de casa, não quero ninguém falando com você… Essa roupa não está bem. Eu não podia chegar perto do meu pai”, conta.

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A mulher não quis ser identificada pela reportagem. Participa de grupos de acolhimento no Centro de Referência e Apoio à Mulher (Ceamo), da Prefeitura, ajuda que buscou após tratar quadros de depressão e pânico. Ao final da reportagem, veja uma lista de questionamentos que ajudam a identificar casos de violência psicológica.

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Mesmo após episódios de agressões e ameaças de morte, somente no início deste ano a mãe conseguiu uma medida protetiva na Justiça. Foram três tentativas, sem sucesso, até que o filho tentou tirar a própria vida por não suportar mais testemunhar o sofrimento dela.

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“Pra mim era uma coisa comum porque ele falava que ele amava demais, né. […] A gente ficava com aquele sentimento de culpa”.

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Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram que, de janeiro a maio deste ano, 53.081ocorrências de violência contra a mulher foram registradas no estado de São Paulo. O número equivale a 14 casos por hora. São homicídios, tentativas de homicídios, maus tratos, ameaça e invasão de domicílio, por exemplo.

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De janeiro a maio de 2018, mais de 53 ocorrências de violência contra a mulher foram registradas no estado de São Paulo, segundo dados da SSP. (Foto: Reprodução/EPTV)De janeiro a maio de 2018, mais de 53 ocorrências de violência contra a mulher foram registradas no estado de São Paulo, segundo dados da SSP. (Foto: Reprodução/EPTV)

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Se sentia perseguida

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O sentimento de ciúmes do companheiro da moradora de Campinas envolvia também o filho. Ela preferia ficar na companhia do adolescente para não ficar sozinha com o marido e, assim, tentar evitar os escândalos que ele fazia, conta a mulher.

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“Ele estava o tempo todo por perto, sabe. Ele mandava até no meu jeito de falar. E eu tinha que sair escondida pra faculdade e levando o meu filho”.

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A mãe lembra que quem convivia com ela na época em que sofria violência dizia que ela parecia estar sendo perseguida.

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“Porque eu não conseguia mais sair de casa. Eu suava frio, eu não conseguia me alimentar mais, eu não tinha uma vida mais”.

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Ela procurou ajuda profissional para se livrar do agressor. “Você sozinha, você não consegue”.

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Mulher relata ameaças que sofria do então companheiro, em Campinas. (Foto: Reprodução/EPTV)Mulher relata ameaças que sofria do então companheiro, em Campinas. (Foto: Reprodução/EPTV)

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Como identificar se você é vítima de violência psicológica

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“A violência psicológica, por ter essa forma tão sutil e se desenvolvendo de uma forma gradativa, muitas mulheres passam a vida toda, durante 30, 40 anos, num relacionamento abusivo sem perceber”, alerta a coordenadora do Ceamo, Elza Frattini.

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A presença de um ou mais comportamentos abaixo, sobretudo utilizados para controlar as outras pessoas, pode significar que uma mulher é vítima de violência física, psicológica ou sexual no seu relacionamento.

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  • Tem medo do temperamento do seu namorado?
  • Tem medo da reação dele quando não tem a mesma opinião?
  • Ele constantemente ignora os seus sentimentos?
  • Ri das coisas que você diz para ele?
  • Procura ridicularizá-la ou fazê-la se sentir mal em frente dos seus amigos ou de outras pessoas?
  • Alguma vez ele ameaçou te agredir?
  • Ele já te bateu, deu um pontapé, empurrou ou atirou algum objeto em sua direção?
  • Não pode estar com seus amigos e com a sua família porque ele tem ciúmes?
  • Já foi forçada a ter relações sexuais?
  • Tem medo de dizer “não” quando não quer ter relações sexuais?
  • É forçada a justificar tudo o que faz?
  • Ele está constantemente te ameaçando de terminar o relacionamento, mas nunca permite que você termine?
  • Já foi acusada injustamente de estar envolvida ou ter relações sexuais com outras pessoas?
  • Sempre que quer sair tem que pedir autorização para ele?

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Segundo Elza, esses “sintomas” de violência psicológica podem culminar em violências mais graves, como ameaças e tentativas de homicídio.

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“Isso vai se agravando, até que chegue num ponto onde a mulher muitas vezes vive em situação de isolamento. Então, ela não consegue mais se relacionar com as pessoas, ter as suas atividades individualizadas. Ela acaba ficando refém desse autor de violência”.

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Desde abril deste ano, o não cumprimento de medidas protetivas é considerado crime e pode resultar em prisão do agressor. A SSP reforça que é difícil realizar a prisão quando não há flagrante, que e é preciso reunir provas e registrar boletins de ocorrência.

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Mulher vítima de violência em Campinas (Foto: Reprodução/EPTV)Mulher vítima de violência em Campinas (Foto: Reprodução/EPTV)

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Barreiras para denunciar

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Na Polícia Civil, os boletins de ocorrência são registrados como injúria, ameaça, violência doméstica. Mas a moradora de Campinas, citada no início da reportagem, denuncia a dificuldade de ter um depoimento recebido na delegacia com a importância que ele merece.

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“Ouvi várias coisas assim: que era comum isso no casamento, que era comum e eu não era a única, que eu tinha que aguentar”, lembra a mulher.

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Ela ressalta que ser ouvida por uma mulher no atendimento faz toda a diferença. “O homem não sabe o que realmente a mulher está passando. No seu olhar, no jeito de você falar, as investigadoras já sabem o que você está passando “, diz.

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No entanto, não existe uma regra para que só mulheres trabalhem no atendimento, segundo a delegada responsável pela 2ª Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas, Maria Helena Jóia.

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“Hoje nós temos uma tendência a ter mais mulheres no quadro de atendimento, mas nós precisamos dos homens também. Pode ser um policial feminino, um policial masculino […] O treinamento nosso é o mesmo, pra que se tenha um olhar feminino, um carinho nesse atendimento”, explica.

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“É um crime complicado de se comprovar, mas não deixa de ser um crime grave”, afirma a delegada.

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