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Mais que profissão de manicure, capacitação em presídio estimula resiliência e empoderamento entre detentas

Saiu no site METRÓPOLES

 

Veja publicação original: Mais que profissão de manicure, capacitação em presídio estimula resiliência e empoderamento entre detentas

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Muito além do conhecimento técnico necessário para ser uma profissional da área, a qualificação buscou despertar nas internas mudanças de comportamento, incentivadas pela melhoria da autoestima e empoderamento feminino

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Acostumada com o tráfico de entorpecentes, Ana Lídia Souza Cardozo, 20 anos, que desde o início da sua maioridade conhece o que é estar em uma prisão, agora sonha com um futuro diferente. Em sua árvore da vida, desenhada durante um curso realizado no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ), ela traçou como meta de futuro construir uma família e ganhar seu sustento de forma digna.

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Há dois anos na unidade penal, a detenta acaba de ser certificada como manicure e pedicure, por meio de uma capacitação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que em Mato Grosso do Sul está qualificando profissionalmente cerca 430 internos em 23 presídios da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

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Em sua árvore da vida, Ana Lídia traçou como meta de futuro construir uma família e ganhar seu sustento de forma digna

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“Tenho algo me esperando lá fora, eu posso vencer. Com esse curso descobri que não é só crime que dá dinheiro, fazer unha dá dinheiro, trabalhar honestamente dá dinheiro, e sem o peso que é estar fora da lei”, comentou Ana Lídia. “Hoje posso dizer que mudei de vida, quero andar para frente, quem sabe um dia ter uma empresa, e desta vez ralando, com um trabalho digno”, garantiu.

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Ministrada pelo Centro de Educação Profissional Ezequiel Ferreira Lima (CEPEF), a qualificação teve carga horária de 160 horas/aula e envolveu desde cuidados com as unhas – de como cuticular e esmaltar – as noções de biossegurança, ergonomia postural, orçamento, saúde e direito da mulher, entre outros. No total, 10 internas concluíram o curso e a cerimônia de certificação foi realizada nessa quinta-feira (29.8).

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Mas, muito além do conhecimento técnico necessário para ser uma profissional da área, a qualificação buscou despertar nas internas mudanças de comportamento, incentivadas pela melhoria da autoestima e empoderamento feminino, com resiliência e novas possibilidades de acreditarem em uma vida diferente quando estiverem em liberdade.

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Para isso, além do Pronatec, as custodiadas participantes foram inseridas no programa nacional “Mulheres Mil”, que busca dar autonomia a mulheres em situação de vulnerabilidade social, através da capacitação e sustento próprio. Uma equipe multidisciplinar do CEPEF – composta por psicóloga, assistente social e pedagoga – trabalhou, entre outras ações, um mapa da vida entre as alunas, abordando desde as escolhas do passado, ações no presente e construção do futuro. “Percebemos que elas estão mais receptivas às mudanças”, destacou a pedagoga Cleonice Gomes. “Está bem claro para gente que hoje elas têm sonhos e possibilidades, graças à profissionalização que conquistaram”, complementa a psicóloga Jucilene Dourado.

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Com muitas perspectivas no mercado profissional da beleza, uma aérea em plena expansão, a profissão de manicure pode gerar uma renda média de R$ 2 mil, conforme calcula a instrutora do curso técnico, Linéia Costa. “Elas estão altamente capacitadas, abordamos o passo a passo das técnicas de trabalho, novas tendências e empreendedorismo”, informou.

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A diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boleti Carrilho, também acredita que a profissionalização poderá abrir portas para as capacitadas. “Esse curso teve um diferencial também por que trabalhou muito a parte humana e vejo que as internas estão muito felizes. Para nós da unidade, é mais uma capacitação e consciência do nosso dever que está sendo cumprido, pois elas sairão daqui com uma profissão que está em crescimento”, disse.

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É o que deseja a reeducanda Keila Aparecida Batista, 41 anos, através do conhecimento oferecido pelo curso. “Aprendi muito mais que cuidar de unha, aprendi a ser uma mulher empreendedora. Saindo daqui quero formar uma família e ser feliz, e ser feliz para mim é ter um trabalho digno e que eu não volte mais para a prisão”, garantiu, revelando que projeta abrir seu próprio negócio.

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Segundo a diretora do Centro de Educação Profissional, Chiara Goes Barbosa, a qualificação procurou trabalhar as competências socioemocionais e como ser uma boa profissional no mercado. “No CEPEF já temos em nosso projeto político-pedagógico trabalhar tanto a parte técnica como o lado humano, pois se queremos formar um aluno integral precisamos trabalhar ambos os lados”, declarou. “Hoje a impressão que nós temos é que elas realmente conquistarão a ressocialização”, complementou.

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Equipes da SED e da Agepen comemoraram junto às formandas

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Pronatec Prisional

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O “Educação Profissional nas Prisões: Pronatec como estratégia de promoção à cidadania” é uma ação conjunta entre o Ministério da Educação, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Ministério Extraordinário da Segurança Pública, com financiamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

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Em Mato Grosso do Sul, a organização para promoção dos cursos ocorre por meio de parceria entre Agepen e a Secretaria de Estado de Educação (SED). A educação profissional de detentos é coordenada pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio da Divisão de Educação.

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De acordo com a chefe da Divisão de Educação da Agepen, Rita de Cássia de Souza Argolo Fonseca, as qualificações do Pronatec junto à população carcerária envolve também áreas como barbeiro, garçom, manicure e pedicure, padeiro, pedreiro de alvenaria e recepcionista. Os cursos são executados por seis centros estaduais de educação e suas 11 coordenadorias regionais.

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“Com esses cursos conseguimos fazer com que a missão da Agepen, que é a ressocialização, esteja presente, contribuindo para que esse público possa vencer os obstáculos, e buscar um recomeço”, finalizou.

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Também estiveram presentes na cerimônia de certificação, a supervisora do Pronatec pela SED, Taís Raquel Eberhard e a coordenadora de curso do CEPEF, Julyana Suieme Oshiro Galindo, além de professores que participaram da capacitação e servidores da Agepen.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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