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Feminicídio: 67,8% dos autores do DF são criminosos reincidentes

Saiu no site METRÓPOLES

 

Veja publicação no site original:   Feminicídio: 67,8% dos autores do DF são criminosos reincidentes

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A Polícia Civil concluiu 93% dos inquéritos de feminicídio registrados no Distrito Federal, mas “prende e solta” ainda preocupa

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Por Mirielle Pinheiro

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A cada 10 dias, uma mulher é vítima de feminicídio no Distrito Federal. A maioria dos algozes têm histórico criminoso, são presos e, quando são soltos, matam as vítimas. De 1º janeiro a 7 de novembro, foram registrados 28 casos, número equivalente a todo o ano passado. Entre eles, 67,8% dos autores já tinham passagens por delegacias, segundo dados inéditos da Polícia Civil do DF (PCDF), obtidos pelo Metrópoles. Sete já haviam sido detidos pela Lei Maria da Penha e 12 por outros delitos.

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Ainda de acordo com o último levantamento feito pela PCDF, dos 28 assassinatos, os responsáveis foram indiciados em 23 ocorrências. Duas investigações seguem sem conclusão e três homens tiraram a própria vida após o crime. O índice de 93% dos inquéritos finalizados se deve, em boa parte, ao protocolo especial aberto pela polícia.

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O procedimento parte do pressuposto de que qualquer crime que envolva um homem e uma mulher é um feminicídio. “Os investigadores são preparados para identificar situações, recolher provas e tomar depoimentos, buscando entender se o preconceito contra a mulher está por trás do crime cometido”, diz a chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Sandra Melo. Além do DF, apenas o estado do Piauí utiliza um conjunto de regras semelhantes.

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Um levantamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) mostra que, desde a adoção do protocolo, cresceu o número de casos enquadrados como tentativas de feminicídio. No primeiro semestre de 2016, quando já existia a lei mas não havia o procedimento, foram 12 casos. No mesmo período de 2017, quando já estava implantado, o número triplicou, passando para 36.

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Em relação aos feminicídios, a comparação não é a mesma porque a quantidade de assassinatos de mulheres caiu. No primeiro semestre de 2016, foram 12 casos, enquanto no mesmo período de 2017, quando já existia o protocolo, 11 mortes foram registradas.

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A Justiça solta e eles matam

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O último feminicídio registrado no Distrito Federal foi o de Renata Alves dos Santos, 26 anos. Ela foi assassinada na frente da mãe, Judite Alves dos Santos, 68, em São Sebastião. Em clima de comoção e revolta, a mulher enterrou a filha na última terça-feira (05/11/2019) (foto em destaque).

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Brigas e agressões marcaram o relacionamento entre a vítima e Edson dos Santos Justiniano Gomes, 43. Havia, contra ele, dois boletins de ocorrência registrados. Em janeiro deste ano, o homem se tornou suspeito de queimar as costas de Renata. Em setembro, Edson teria batido na mulher, que ficou com hematomas no corpo.

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Edson chegou a ser preso em flagrante e encaminhado ao Departamento de Controle e Custódia de Presos, no Complexo da Polícia Civil. Em 24 de setembro, passou por audiência de custódia e ficou em liberdade sem pagamento de fiança. Na decisão, a juíza Lorena Alves Ocampos afirmou que não seria razoável mantê-lo preso provisoriamente, enquanto responde ao processo.

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“A conduta em si não causou significativo abalo da ordem pública nem evidenciou periculosidade exacerbada do seu autor, de modo a justificar sua segregação antes do momento constitucional próprio. O indiciado é primário, possui residência fixa no distrito da culpa e trabalho lícito. Não há histórico de violência doméstica e familiar e não há indicativos concretos de que o suspeito pretenda furtar-se à aplicação da lei penal, tampouco que irá perturbar gravemente a instrução criminal”, pontuou a magistrada.

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“A hipótese trazida à apreciação indica ser cabível a liberdade provisória, até mesmo por que, muito provavelmente, mesmo em caso de futura condenação, tudo indica que o regime de cumprimento da pena será o aberto”, completou.

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“Quero que ele seja preso”

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Antes de ser assassinada pelo companheiro na noite de sexta-feira (01/11/2019), Renata enviou um áudio para a irmã, por volta de 20h. Na gravação obtida pelo Metrópoles, a dona de casa diz que queria que Edson fosse preso. A mãe da vítima confirmou o perfil agressivo do genro ao revelar que ele já havia tentado queimar a filha viva.

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A vítima de feminicídio foi espancada até a morte em casa, na Rua 8 da Quadra 19 do Residencial Morro da Cruz, em São Sebastião. Momentos antes de ser morta, ela disse à irmã que “sabia” que o homem seria detido naquela data. “Só sei que o outro daqui vai preso é hoje. Eu quero que ele seja preso.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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