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Estas 3 iniciativas conectam mulheres na luta contra a violência doméstica

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Veja publicação original:  Estas 3 iniciativas conectam mulheres na luta contra a violência doméstica

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Por Leda Antunes

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Mete a Colher, Mapa do Acolhimento e ONG TamoJuntas querem mulheres ajudando outras mulheres a romper ciclos de violência.

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Mulheres ajudando mulheres a romper ciclos de violência Essa é a premissa de três iniciativas colaborativas que reúnem voluntárias que oferecem auxílio gratuito à vítimas de violência sexual ou violência doméstica. Juntas, a plataforma Mapa do Acolhimento, o aplicativo Mete a Colher e a ONG TamoJuntas já atenderam mais de 7 mil mulheres em todo o país desde 2016.

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O Brasil teve mais de 220 mil queixas de violência doméstica em 2017, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Isso significa que mais de 600 casos foram registrados por dia. Mas nem todas as vítimas conseguem denunciar seus agressores. Umasérie de fatores podem impedir ou dificultar que uma mulher saia de um relacionamento abusivo ou de uma situação de violência e vulnerabilidade, desde a dependência financeira do parceiro, ao desconhecimento dos próprios direitos e dos canais aos quais pode recorrer, até o preconceito e a falta de apoio familiar.

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Essas três iniciativas nascem na tentativa de mobilizar profissionais voluntárias. O atendimento oferecido abrange o auxílio jurídico para processos judiciais, como pedidos de pensão e medidas protetivas, assessoria para o registro da queixa na delegacia, acolhimento psicológico e até recomendações de emprego.

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TamoJuntas

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NURPHOTO VIA GETTY IMAGES
A ajuda do TamoJuntas pode ser solicitada pelas redes sociais (Facebook e Instagram), por e-mail e pelo Whatsapp.

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O TamoJuntas foi criado em 2016, na Bahia, a partir de uma publicação de Laina Crisóstomo no Facebook. Dentro da campanha #MaisAmorEntreNós, a advogada fez um post se comprometendo a oferecer ajuda jurídica gratuita a uma mulher em situação de violência por mês. A postagem viralizou e ela ganhou o apoio de mais duas advogadas, Carolina Rola e Aline Nascimento. “A gente começou a atender várias mulheres, dividir audiências, peças [dos processos] e o atendimento nas delegacias.”, conta Laina ao HuffPost Brasil. O trabalho ganhou repercussão e o trio viu a necessidade de formalizar o projeto e criar uma ONG.

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Hoje são cerca de 250 voluntárias em 23 estados do país, entre advogadas, assistentes sociais, psicólogas, pedagogas e, em algumas localidades, médicas e enfermeiras, que oferecem uma assessoria multidisciplinar gratuita para mulheres vítimas de violência doméstica. “Eu preciso conhecer a história daquela mulher para fazer com que ela se fortaleça para seguir a vida, e o serviço social ajuda muito disso. A assistência psicológica entra para que ela rompa com essa situação e não continue vulnerável para novos relacionamentos abusivos”, explica Laina.

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“Na verdade o que a gente faz é exatamente o que a Lei Maria da Penha manda, que é entender a mulher como sujeito integral, que inclusive adoece em razão da violência de gênero”, afirma a advogada. O TamoJuntas atende mulheres vulneráveis e hipossuficientes. Ou seja, que não têm condições de pagar por uma assessoria jurídica particular e seriam atendidas pela Defensoria Pública. A triagem é feita com a aplicação de um formulário socioeconômico, explica a fundadora da ONG.

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A ajuda do TamoJuntas pode ser solicitada pelas redes sociais (Facebook e Instagram), por e-mail e pelo Whatsapp. A orientação é que a mulher informe, já no primeiro contato, o número de telefone, a cidade de onde fala e se a demanda é sobre violência – medida protetiva ou ação penal – ou de família – alimentos, divórcio, guarda ou pensão. Isso ajuda o encaminhamento para a profissional responsável ser feito mais rapidamente. O primeiro atendimento é feito com uma advogada e uma assistente social.

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Laina conta que a maioria dos pedidos de ajuda vem da Bahia, onde o projeto surgiu, e do eixo Rio-São Paulo. A advogada afirma que cerca de 5 mil mulheres já foram atendidas de alguma forma pelo coletivo desde 2016, seja com a assessoria completa para abertura de um processo, por exemplo, a uma orientação ou dúvida.

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Mapa do Acolhimento

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NURPHOTO VIA GETTY IMAGES
“Não é simples você romper um ciclo de violência que você viveu por muito anos”, afirma Larissa Schmillevitch.

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Mapa do Acolhimento nasce da indignação e da mobilização de mulheres da ONG carioca Nossas para criar uma rede de apoio à vítimas de violência sexual, após a notícia do estupro coletivo de uma jovem no Rio de Janeiro, em maio de 2016, escancarar a urgência do assunto.

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A plataforma conecta mulheres que precisam de apoio jurídico e psicológico à terapeutas e advogadas voluntárias em todos os Estados do Brasil. No ano passado, uma campanha de financiamento coletivo levantou R$ 95 mil para contratar uma equipe dedicada ao projeto. O site foi reformulado e relançado em julho. Desde então já recebeu mais de 900 pedidos de ajuda e a inscrição de 3.700 voluntárias em 590 cidades no país.

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Para ser voluntária na plataforma, a profissional responde a um questionário e tem seu registro verificado no órgão responsável, o Conselho Regional de Psicologia, no caso das terapeutas, e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), para as advogadas. “Criamos um formulário para ter certeza que a profissional tem um local de atendimento, que vai fazer o serviço de forma gratuita e que vai respeitar as identidades de gênero e as orientações sexuais”, explica a psicóloga e articuladora do Mapa do Acolhimento, Larissa Schmillevitch.

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A mulher que busca ajuda na plataforma informa apenas os dados da sua localização e que tipo de apoio precisa: psicológico, jurídico, ou ambos. A equipe então localiza a voluntária mais próxima e fornece os dados de contato para a usuária que solicitou o apoio. Esse processo costumava levar um ou dois dias, mas com o aumento no número de pedidos desde o lançamento do novo site, está demorando cerca de uma semana, afirma a articuladora.

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Apesar de a plataforma não perguntar quais foram as situações de violência que levaram a usuária a pedir ajuda, a equipe recebe relatos. “A gente consegue perceber que tem muita gente que sofreu violência a vida toda e agora está criando coragem para buscar algum tipo de ajuda”, conta psicóloga.

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“Não é simples você romper um ciclo de violência que você viveu por muito anos”, completa Larissa. O objetivo do Mapa do Acolhimento é ajudar nesse processo de fortalecimento, para que mais mulheres se sintam amparadas para quebrar o silêncio e denunciar seus agressores.

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Mete a Colher

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PAULO WHITAKER / REUTERS
A ferramenta, atua em três frentes: apoio emocional, ajuda jurídica e oportunidade de trabalho.

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Foi com o intuito de reunir, na palma da mão, uma rede inteira de acolhimento a mulheres vítimas de violência, que cinco feministas de Recife criaram o Mete a Colher, em março de 2016. “A rede é formada apenas mulheres. Qualquer mulher pode entrar para pedir ou oferecer a ajuda”, explica Lhaís Rodrigues, desenvolvedora do app que hoje tem 9 mil usuárias ativas em todo o país.

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A ferramenta, disponível para download gratuito para sistema Android, atua em três frentes: apoio emocional, ajuda jurídica e oportunidade de trabalho. Ao fazer o cadastro, a equipe verifica seu gênero nas redes sociais e confirma o e-mail. Depois é só solicitar o que precisa. Uma equipe analisa a mensagem e publica na lista de pedidos em aberto. Do outro lado, a usuária que clicar na opção “Quero ajudar” tem acesso a essa lista e pode iniciar uma conversar com a mulher que solicitou o apoio.

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Lhaís conta que nem todas as usuárias que oferecem ajuda são psicólogas ou advogadas. Algumas são mulheres que já passaram por uma situação de violência e sabem como ajudar nessa situação. “Muitas vezes algumas mulheres continuam em uma situação de vulnerabilidade porque dependem financeiramente do parceiro”, afirma desenvolvedora. Por isso, além de conectar mulheres com a oferta do apoio jurídico e emocional, o app também possibilita que sejam solicitadas e oferecidas oportunidades de emprego.

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Há ainda uma aba de serviços, que concentra informações de contato e endereço de Delegacias da Mulher, hospitais e centros de apoio psicológico. “Hoje temos os dados da região metropolitana de Recife. Mas a próxima versão do app, que planejamos lançar no ano que vem, deve trazer dados de outras regiões do Brasil”, conta Lhaís.

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“O intuito é criar uma rede onde essas mulheres possam conversar, desabafar e ajudar uma as outras”, completa a desenvolvedora. Para se conectar à rede, basta baixar o aplicativo e fazer o cadastro.

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Não silencie!

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“Foi só um empurrãozinho”, “Ele só estava irritado com alguma coisa do trabalho e descontou em mim”, “Já levei um tapa, mas faz parte do relacionamento”. Você já disse alguma dessas frases ou já ouviu alguma mulher dizer? Por medo ou vergonha, muitas mulheres que sofrem algum tipo de violência, seja física, sexual ou psicológica, continuam caladas.

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Desde 2005, a Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, funciona em todo o Brasil e auxilia mulheres em situação de violência 24 horas por dia, sete dias por semana. O próximo passo é procurar uma Delegacia da Mulher ou Delegacia de Defesa da Mulher. O Instituto Patrícia Galvão, referência na defesa da mulher, tem uma página completa com endereços no Brasil. Clique aqui.

 

 

 

 

 

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