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Em campanha contra machismo nos games, youtubers sentem assédio na pele

Saiu no site ESPN :

 

Veja publicação original:   Em campanha contra machismo nos games, youtubers sentem assédio na pele

 

Apesar de parecer mais inclusivo, o mercado de games sofre do grande mal do machismo. Enquanto mulheres já são 53,6% do público no Brasil, segundo a Pesquisa Game Brasil realizada em 2017, a maioria não escapa dos assédios e xingamentos quando jogam online.

De fato, um estudo publicado pela Universidade Estadual de Ohio (EUA), 100% das mulheres que jogam games por pelo menos 22 horas semanais já sofreram algum tipo de assédio. Para fugir disso, muitas jogadores acabam escondendo sua identidade ao escolherem nicknames neutros ou masculinos. E foi pensando exatamente nesta questão que surgiu a iniciativa #MyGameMyName.

Encabeçado pela ONG Wonder Women Tech (WWT) e em parceria com a Women Up Games, o projeto convidou youtubers gamers brasileiros para sentir na pele o que as mulheres enfrentam ao jogarem online. Os participantes foram incentivados a usarem nicks femininos – alguns deles até o nome de mães, irmãs e namoradas – em partidas online e gravarem o experimento.

SENTINDO NA PELE

Rolandinho, do canal Pipocando Games, foi um dos participantes da ação. Em entrevista à ESPN, o youtuber afirmou que já sabia como a comunidade de jogos pode ser muito violenta e que costuma repreender jogadores tóxicos. Entretanto, confessa que a experiência o fez ver a situação com outros olhos.

“A experiência foi diferente. Chamei uma amiga para fazer a voz feminina no chat das partidas, e durante uma delas aconteceu uma agressão bem séria, um assédio mesmo. Minha amiga perguntou se ela poderia ajudar o time em mais alguma coisa e um cara solicitou sexo oral para ela. Foi totalmente gratuito, fora de contexto, simplesmente para acanhar”, conta Rolandinho.

O youtuber também detalhou a experiência que teve ao ver o ânimo da amiga se esvair. “Ela estava jogando Counter-Strike pela segunda vez, e vi o ânimo dela com o jogo sumir de sua cara. Mudou de alegria e euforia para uma sensa;ção de impotência e desânimo”, lembra. “Senti isso também, a impotência de não poder fazer nada contra esse cara, de não poder descobrir quem é e, de alguma forma, fazer com que ele fosse penalizado.”

Para Rolandinho, a iniciativa o fez sentir na pele o que as mulheres passam e aumentou sua admiração por jogadoras. “Passei a admirar muito mais minhas amigas que jogam os games online competitivos que levam para um lado mais profissional, nos quais você precisa jogar muito para chegar em um bom nível. Deve ser mais difícil para elas, além de encontrar os obstáculos normais, ter que encontrar esse obstáculo do clima hostil”.

Jogadora de Counter-Strike, Ami “LittleGirl182” Garcia também participou do projeto e apontou a importância do mesmo para a ESPN. “Considero extremamente importante a ação de conscientização do projeto, pois o assédio que nós mulheres sofremos diariamente nos jogos multiplayer é algo muito sério. Sofremos desde cantadas até xingamentos de baixo calão simplesmente por sermos mulheres. Não é pela nossa habilidade, é uma questão de misoginia”, afirma.

Apesar de achar que ainda vai levar um tempo até que o ambiente dos jogos online se torne menos hostil para mulheres por isso estar atrelado à sociedade patriarcal em que vivemos, Ami não desanima. “A moral é que não podemos desistir. O #MyGameMyName está querendo trazer cada vez mais essa discussão à tona e mostrar pra todas as jogadoras que elas não estão sozinhas. Que unidas podemos tornar esse universo que atualmente é tão masculino, em algo sem gênero, em algo que todos se sintam a vontade de jogar e serem quem realmente são”, explica.

Para Ami, a melhor forma de ajudar o movimento é “não ser omisso”, ou seja, denunciar pessoas que cometem ofensas mesmo quando você não for o ofendido. “Acredito que quanto mais pessoas souberem que isso existe e que isso desestimula muitas mulheres, as pessoas vão passar a criticar a atitude do agressor. Espalhar a ideia e conscientizar, acredito que essa é a chave do projeto My Game My Name”, diz.

Segundo as idealizadoras da campanha, a iniciativa foi tão grande que atingiu 14 países organicamente só nas primeiras 12 horas, impactando mais de 12 milhões de pessoas. “A ideia é que esse se torne um movimento global e contínuo”, explica Ariane Parra, do Women Up Games. “A primeira fase do movimento foi a ação da troca de nomes para trazer o assunto a tona, a segunda fase será convidar as maiores empresas de games para tomarem medidas efetivas em relação a esse assunto”.

Para saber mais sobre o #MyGameMyName e ver outros vídeos da primeira iniciativa do projeto, acesse o site oficial.

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