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Dona de Si: Um homem não é Deus

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original: Dona de Si: Um homem não é Deus

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Em sua coluna desta semana, a atriz e autora Suzi Pires conta sua experiência em frequentar a Casa Dom Inácio em Abadiânia e relação com o médium João de Deus

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Por Suzana Pires

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Lembro a primeira vez em que fui a Casa Dom Inácio em Abadiânia. Foi em 2016, final do ano, buscando ajuda espiritual para uma grave doença que acometia uma pessoa da minha família. Ao chegar lá, experimentei o relaxamento e o bem estar provocados pela energia de amor que existe na casa e nas pessoas que lá trabalham. Fui atendida pelo senhor João Teixeira de Faria, o médium João de Deus, incorporado pela entidade, na sala onde mais de cem pessoas oram em corrente. Foi uma experiência única.

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Nesta primeira ida, me foi oferecido a possibilidade de conhecer o sr João e conversar com ele. Não, nada de salinha fechada. Apenas conhecê-lo, mas eu neguei. Numa boa. Eu estava sob o efeito do amor que a entidade havia me dado e da consciência que a meditação na corrente havia me concedido. Era o que me bastava naquele momento, preferi voltar para o Rio de Janeiro com a impressão divina da casa e não com a impressão humana.

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Somente na terceira vez em que estive na Casa, conheci o sr João pessoalmente. Um homem do campo, da terra, com uma maneira de falar absolutamente característica de um homem rústico e, ao mesmo tempo em que possuía uma voz forte, havia um olhar de amor profundo. João de Deus me tratou com imenso respeito, ouviu minha angústia sobre a doença grave que abalava minha família e se comprometeu em me ajudar. E, com seu trabalho, me ajudou a vencer um desafio de vida ou morte.

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A pessoa que estava doente começou a melhorar, saindo de um estado perigoso de saúde, para um estado estável e assim pode viajar até lá, pela primeira vez. Toda a minha família começou a frequentar a Casa de Dom Inácio e com isso nós experimentamos uma unidade espiritual que jamais havíamos sentido: uma união, um amor e uma certeza de que cada um ali estava pelo outro. Cada um de nós viveu experiências belíssimas na Casa de Dom Inácio, seja em cirurgias espirituais ou fazendo parte da corrente de oração. Eu sentia que havia descoberto o meu lugar espiritual. Ufa. Depois de tanta procura, minha fé tinha, finalmente, um terreno para prosperar e crescer. Estávamos muito felizes com nosso destino espiritual. Nós mantivemos uma relação simpática e de gratidão com o médium, que sempre nos recebeu com imenso carinho e cuidou de cada um de nós.

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Nós o tínhamos em grande conta, mas jamais o vimos como um homem Santo. Um médium não é Deus. Um médium é aquele que faz a mediação entre dois mundos e sempre entendi que o João Teixeira de Faria é um homem, mortal e com falhas. E que, inclusive, trabalha como médium para atenuar tais falhas diante de Deus. Na minha concepção, a verdade sempre esteve com DEUS e era para reforçar a minha relação com a divindade que eu ia até Abadiânia.

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Não é a primeira vez que um homem que ocupa um lugar espiritual de destaque é acusado de fazer algo tão terrível. Sri Prem Baba, Osho, Pastores Evangélicos, Padres Católicos, etc. Não há uma religião ou instituição religiosa que não tenha enfrentado tal problema. E diante disso entendo a grandiosidade da armadilha de colocarmos o médium antes de DEUS; ou de equipará-lo a DEUS; ou de considerarmos que um humano seja divino. Os homens, mesmo que líderes religiosos, também travam suas batalhas internas.

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João de Deus beneficiou milhares de pessoas com seu trabalho de mediador entre a divindade e nós, humanos. Ele também beneficiou uma cidade inteira que sobrevive através da existência da Casa de Dom Inácio. Ele fez milhares de ações boas, mas, nem por isso, ele pode ser colocado “acima da lei”. Se há denuncia, deve haver investigação. Essa é a lei dos homens e é a ela que nos submetemos em sociedade e é em busca dessa justiça que sempre estamos.

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Eu vi as curas, eu vivi as cirurgias, eu recebi as graças e hoje eu luto para não deixar adoecer o que dentro de mim conseguiu se tornar saudável. Hoje, eu luto para manter minha FÉ em DEUS inabalável. Pergunto-me como é possível um homem trabalhar com uma energia tão iluminada, ser acusado de atitudes tão sombrias. E por tantas mulheres! Penso nas mulheres denunciantes e nas situações que elas reportam e me solidarizo com a dor delas. Percebo meu coração desiludido, em real decepção, em dor. Não só por mim, mas por elas. E me apego a minha FÉ. Na minha fé de que DEUS é quem sabe de tudo e confio na justiça.  Sou e serei, sempre, grata, do fundo do meu coração, ao trabalho que João Teixeira de Faria realizou sendo o mediador entre nós e as divindades, facilitando nosso diálogo com entidades de luz. Sou grata. Mas não sou cega ou surda. Escuto as mulheres denunciantes e exijo justiça.

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Estou arrasada, caras leitoras. Lamento profundamente tudo isso.
Contem com minha sororidade.
Amor.
Suzana Pires.

 

 

 

 

 

 

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