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Dez demandas para #VisibilidadeLésbica

Saiu no site  THINK OLGA: 

 

Veja publicação original:  Dez demandas para #VisibilidadeLésbica

 

Neste Dia da Visibilidade Lésbica, mulheres de diferentes vivências respondem à Olga a mesma pergunta: quais as principais pautas do movimento lésbico hoje? A cantora JosyAra demonstrou bem a pluralidade embutida na letra “L” da causa LGBT: “eu, enquanto mulher negra, vinda do sertão da Bahia, acredito na importância do posicionamento crítico acerca do modo que as coisas estão e não posso responder à pergunta de forma individual, universalizando o sentido do ‘ser mulher lésbica’”. Contudo, ainda que cada uma das entrevistadas tenha trazido diferentes pontos de vista, há um um ponto em comum em toda resposta: o sentimento de unidade existe na luta.

# Reconhecer a existência e diferentes demandas das mulheres lésbicas

Josyara

A luta aparece em cada pedido urgente por saúde humanizada e adaptada para as necessidades da mulher lésbica, ou por políticas públicas que provenham segurança e punição em casos de violência. Não é à toa que o dia pede por visibilidade, ou seja, por reconhecimento social, político e cultural de tantas mulheres. Como disse Renata Alves, da Coletiva Luana Barbosa, dedicada ao movimento lésbico: “nossa luta é de nós e por nós. Muitas vezes, não queremos falar com o opressor. Queremos que nossas iguais se vejam em nós e se sintam fortalecidas o suficiente para continuarem resistindo”.

Ao longo deste dia, publicamos em nossas redes sociais, de hora em hora, uma demanda do movimento em relação à data de hoje, trazidas por nossas entrevistadas. Mais do que uma luta por direitos, é um coletivo de vozes diversas – que não irão se calar. Não pretendemos, de forma alguma, encerrar o tema nas demandas publicadas ou elencá-las como mais importantes, e sim jogar luz e estimular a conversa sobre temas tão essenciais. #VisibilidadeLesbica

# Entender a luta das mulheres lésbicas com recorte de raça

joana

A mulher lésbica é ostensivamente objetificada e fetichizada pela indústria cultural, e isso é um enorme obstáculo na luta por direitos e visibilidade do movimento. Uma pesquisa recente do Pornhub, uma das maiores plataformas de conteúdo pornográfico do mundo, apontou que 60% do público masculino do site tem como principal fantasia o relacionamento entre duas mulheres. E as maiores vítimas dessa objetificação são as mulheres negras – que são duplamente oprimidas por uma sociedade que nega sua existência.

Em entrevista para a Think Olga, a cantora JosyAra apontou: “Além de enfrentar a lesbofobia do dia a dia, nós, mulheres negras, temos que lutar contra a objetificação sexual que vem da escravidão, além de outras reverberações do racismo que enfrentamos ainda hoje. E isso vai além das barreiras sociais; atinge desde a mulher da periferia à de classes mais altas”. A redatora Joana Mendes complementa com questão da pressão estética: “existe a padronização da beleza e eu estou fora dos padrões. Isso também se reflete na maneira que muitas mulheres se relacionam”.

A cantora Karla da Silva, também mulher negra e lésbica, concorda, levantando o fator da mulher em situação de vulnerabilidade social. “A maioria das lésbicas negras vivem nas periferias, são marginalizadas perante a sociedade, são escrachadas e oprimidas nos subúrbios e favelas sem acesso ao conhecimento de seus direitos. Quantas já morreram e viraram apenas estatística?”.

Infelizmente, muitas delas sequer são visibilizadas a este ponto: existem poucos dados e estudos focados em violência contra a mulher LBT. Quando há o recorte de raça, há ainda menos fontes sobre o assunto.

Ambas as artistas enxergam a música como um instrumento de resistência e força e criar laços. “A cena da música – assim como toda profissão – é um espaço ainda majoritariamente masculino. O machismo está presente em cada relação e, hoje, isso só é tão visível pra mim graças ao contato com outras mulheres que também vivem esse tipo de coisa na sua carreira”, contou Josyara. “Nada nunca nos foi concedido de bandeja, mas sim conquistado”.

# Fim da invisibilização da violência contra mulheres lésbicas

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Invisibilidade mata. É isso que aponta o Dossiê sobre Violência Contra Mulheres Lésbicas, Bis e Trans do Instituto Patrícia Galvão. Mulheres LBT estão mais suscetíveis à misoginia e violência de gênero. Segundo a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), entre 2012 e 2014, 9% das vítimas de estupro que ligaram no Disque 100, programa do governo federal para recolher denúncias que ferem os direitos humanos. Muitas delas denunciavam “estupros corretivos”.

Contudo, são poucos os dados sobre agressões e mortes de mulheres lésbicas. Parte disso vem do medo de denunciar – muitas vezes, essas violências acontecem dentro do ambiente familiar. Somada a isso, está a intolerância e o machismo da nossa sociedade, que nega o direito à identidade das mulheres lésbicas.

Mas há também uma falha da parte da imprensa em noticiar os raros casos que vêm a público. Em nosso Minimanual de Jornalismo Humanizado LGBT, há diversos exemplos de como a imprensa, muitas vezes, desumaniza a vítima, reduzindo-a ao crime cometido contra ela. Além disso, ao chamar de “homofobia” casos de lesbofobia ou dar mais voz ao agressor do que à vítima, a comunicação comete outro tipo de violência: a indiferença em relação à vítima, seus familiares e amigos.

Segundo Renata Alves, da Coletiva Luana Barbosa: “nós não somos gays e nem mulheres heterossexuais. Morremos por motivos específicos: a combinação de misoginia e lesbofobia”. Sem informações precisas sobre o tamanho da violência, é muito mais difícil combatê-la. É por isso que é tão essencial incluir esses temas em pauta.

Muitas produções culturais já estão enveredando este caminho. Em pesquisa levantada pela Glaad, uma organização americana voltada para os direitos LGBT, 4.8% dos personagens presentes em seriados americanos de grande audiência são parte desse grupo. Contudo, Sarah Kate Ellis, diretora da organização, levanta um ponto importante: 25 personagens femininas queer foram mortas nas histórias, com o pretexto de que serviriam como um artifício de narrativa. Para Ellis, isso passa uma mensagem tóxica sobre a participação da mulher lésbica nessas histórias. A luta está apenas começando.

# Debater maternidade lésbica nas escolas

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Nos últimos anos, as redes sociais possibilitam que muitas mães compartilhassem suas experiências e quebrassem os “mitos” relacionados à experiência da maternidade. Não foi diferente para as mães lésbicas, que formaram grupos de apoio para falar sobre suas angústias e desafios específicos. Mas ainda estão longe de serem acolhidas nos espaços de convívio.

Elizandra Delon, da Coletiva Luana Barbosa, diz que a verdadeira maternidade lésbica é muito distante da versão idealizada e romântica que costuma ganhar manchetes e posts nas redes sociais. “Quando se é lésbica e tem um filho fruto de uma relação heteronormativa, sua lesbianidade é colocada a prova a todo momento”, dividiu ela. “Se não há um trabalho efetivo na escola, há rejeição e invisibilidade por parte dos professores, coleguinhas… e a mãe solo lésbica é quem sofre a pressão maior”.

Embora muitas pesquisas apontam que crianças com duas mães tendem a ter um desempenho melhor na escola e serem menos agressivas, não é o suficiente para combater o machismo estrutural que minimiza a maternidade da mulher lésbica. Em um artigo para o HuffPost Brasil, Natacha Orestes diz que a exclusão do tema da maternidade nos espaços de debate é uma violência contra as mães lésbicas. “A maternidade lésbica representa um local social e uma história de potência política que não pode simplesmente ser ignorada”. Como toda luta, a aceitação da maternidade lésbica também é um ato político.

# Cuidados específicos para saúde da mulher lésbica

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Desinformação e constrangimento. Por esses dois motivos, a saúde da mulher lésbica não recebe tratamento adequado no Brasil e no mundo. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh, 93,3% das mulheres lésbicas acima de 40 anos ainda não haviam feito exames de mamografia. Segundo o estudo, o medo de passar por situações constrangedoras afasta mulheres lésbicas das mesas de exames – enquanto mulheres heterossexuais ou bissexuais, por usarem pílulas anticoncepcionais, são mais comumente submetidas a esses exames.

Além disso, o mesmo estudo apontou que mulheres homossexuais têm tendência a fumar e beber com mais frequência. O uso de psicotrópicos também desponta como uma opção de fuga para questões de autoestima entre as mulheres lésbicas.

Em 2015, o governo federal brasileiro lançou um projeto voltado para a saúde de mulheres lésbicas e bissexuais. A pesquisa traz informações essenciais – aponta, por exemplo, que “questões de gênero e sexualidade não costumam ser pautadas durante a formação profissional em saúde”. Também desmistifica ideias equivocadas, como a de que mulheres lésbicas não correm riscos de ter câncer de mama ou de colo de útero.

Mas iniciativas isoladas não são suficientes para transformar uma mentalidade; ainda faltam mais pesquisas voltadas essencialmente para este público, com acompanhamento humanizado e mudança estrutural já no ambiente de ensino da medicina. Boa parte das entrevistadas da Think Olga para este Dia da Visibilidade Lésbica pediu por mais saúde, fisiológica e mental.

# Falar sobre sexo lésbico e proteção
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Em um estudo publicado em 2008 pela organização Stonewall, voltada para direitos LGBT, aproximadamente 50% das mulheres lésbicas inglesas que passaram por exames ginecológicos haviam contraído algum tipo de DST. Em resposta a esta pesquisa, o sistema de saúde britânico criou um manual online de cuidados básicos para a saúde sexual da mulher lésbica. Enquanto isso, em 2013, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais, que deveria ser gradualmente integrada às políticas do SUS.
Embora algumas ações de conscientização tenham surgido desde então, a realidade ainda é hostil à saúde da mulher lésbica. Como pontuou Josyara em entrevista à Olga, ainda que existam ações para a saúde da mulher LBT, muitas vezes são esquecidas em campanhas de conscientização nacional. A pior parte, é claro, é que embora essas medidas já existam, a implementação delas está longe de ser ideal.
Em um artigo preparado para o CONAGES (Colóquio Nacional Representações de Gênero e Sexualidades), as autoras Sandra Aparecida de Almeida, Josefa Eliziana Bandeira Crispim, Ivoneide Lucena Pereira e Jordana de Almeida Nogueira fizeram um levantamento de artigos publicados sobre a saúde da mulher lésbica entre 2010 e 2014. Entre suas constatações, estão o despreparo da equipe médica, que não sabe como lidar com a declaração da mulher como lésbica; a intimidação sentida pela própria paciente, que prefere não abrir sua sexualidade; a falta de informação direcionada à mulher lésbica em relação a DSTs às quais ela é suscetível; e também ao fato de que a grande parte das iniciativas relacionadas à saúde da mulher no Brasil tem fundo reprodutivo. As autoras apontam, então, “a necessidade de mudanças desde a formação acadêmica até o cotidiano desses profissionais de saúde, sensibilizando-os para a diversidade sexual, e eliminando a discriminação e o preconceito institucional”.
# Representatividade em pesquisas e estudos
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Basta procurar pesquisas relacionadas ao lesbianismo no Google para notar um padrão: abundam reportagens com títulos caça-clique como “toda mulher é lésbica ou bissexual” ou “lésbicas tem mais orgasmos”, mas há pouca informação real sobre bem estar, saúde e garantia de direitos da mulher lésbica. Institutos como o Patrícia Galvão, por exemplo, reúnem informações essenciais sobre violência entre mulheres LBT e prestam serviços importantes. Mas ainda estamos muito longe de compreender o cenário completo, em especial sobre a violência, principalmente com camadas extras de dificuldade: o silêncio e a baixa produção de pesquisas focadas nesse tema.

Durante a produção do documentário “Eu Sou a Próxima” da Coletiva Luana Barbosa, que registrou casos de mulheres vítimas da lesbofobia e os transportou para as telas, ficou claro para as organizadoras que a falta de informação deixa marcas profundas. “A invisibilidade é tanta que [as vítimas de lesbofobia] não são nem a estatística”, diz Renata Alves. Em geral, os levantamentos sobre violência de gênero agrupam estatísticas muito diversas em um único guarda-chuva muito abrangente: o movimento LGBT. É urgente que se criem mais núcleos de pesquisa focados na mulher lésbica.

Para a cantora Marcia Castro, que mencionou a urgência por políticas públicas específicas para mulheres lésbicas como uma de suas demandas para o dia de hoje, a arte pode contribuir para levar atenção a essas pautas. “Nós, artistas trazemos luz às questões, mas para implementar ações, se faz necessária a elaboração de um plano, com objetivo e diretrizes”.

# Criação de políticas públicas para mulheres lésbicas
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Quando a Lei Maria da Penha foi consolidada, em 2006, passou a contemplar não apenas denúncias de violências cometidas em relacionamentos heterossexuais, mas também homoafetivos. Contudo, onze anos após sua aplicação, a lei parece distante da realidade das mulheres lésbicas. Na Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal, nem 1% dos casos de violência doméstica reportados vieram desse grupo. Este é um forte indicativo que políticas públicas específicas para o movimento lésbico são necessárias.
Maria Berenice Dias, advogada e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, disse ao Dossiê do Instituto Patrícia Galvão sobre Violência Contra a Mulher: “A Lei Maria da Penha não deixa lacunas, ela é muito expressa neste sentido, mas há todo um preconceito muito severo associado a uma omissão legislativa muito grande”. O risco de exposição, somado à LGBTfobia estrutural de muitos órgãos reguladores, afasta as mulheres lésbicas desta ferramenta.
Mas para haver políticas específicas, é preciso informação suficiente – algo que está em falta. Muitas vezes, violências cometidas contra mulheres lésbicas são classificadas como “homofobia” ou “feminicídio” – e embora a segunda opção seja correta, não entrega todo o contexto necessário para compreender as motivações daquele crime específico. Para a Coletiva Luana Barbosa – que leva esse nome em homenagem a uma vítima de lesbofobia, espancada por seis policiais em 2016 – “isso só atrapalha no momento de fazer esse recorte e conseguirmos dados estatísticos”. Imprensa, academia e sociedade devem agir conjuntamente, produzindo informação e pesquisa apuradas, para criar uma base de dados real sobre a mulher lésbica no Brasil, e não apenas pesquisas pontuais.
Consolidar políticas públicas específicas para as demandas das mulheres lésbicas não é apenas atender melhor a uma parcela da população que não se sente representada; é também legitimar a luta, reconhecê-las como parte importante da sociedade, que não deve tolerar mais violência. Como disse a cantora Aíla, que lança hoje seu clipe “Lesbigay”, em entrevista para a Olga: “Precisamos assumir quem somos e todas as violências que sofremos; não calar, expor”.
# Fim da fetichização do lesbianismo
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Mulheres lésbicas são objetificadas e fetichizadas em todos os espaços sociais, da indústria cultural à pornográfica. Para Joana Mendes, redatora, a fetichização é problemática porque abre caminho para pensamentos ainda mais perigosos. “Mulher lésbica, muitas vezes, é vista como alguém que tá numa fase, que ainda não arranjou um cara legal, que foi maltrada. Não é alguém que tem o desejo por outra mulher, e sim que teve um relacionamento ruim com os homens”. Em muitas ocasiões, a comunicação endossa isso, ao colocar mulheres hétero em posições sensuais umas com as outras; quantos programas de comédia não reforçam a ideia de que mulheres jovens “experimentam” sua sexualidade, como se fosse uma escolha?
Esses dois estereótipos nocivos – a sexualidade como escolha e a narrativa autocentrada, que vê o homem como principal componente da sexualidade da mulher – não estão apenas causando uma violência de gênero; os homens passam a se sentir donos do corpo da mulher. Não à toa, quando não atendem às expectativas de feminilidade e afetividade dos homens, mulheres lésbicas correm riscos de serem violentadas e agredidas.
Não é à toa que quando entrevistamos a publicitária Vanessa Goldmacher sobre suas demandas para o Dia da Visibilidade Lésbica, ela foi categórica: segurança. “Me sinto insegura e vejo como ameaça todo homem hétero, principalmente desconhecidos”. Em tempos de grande retrocesso em relação a direitos já conquistados para a mulher, o medo é bastante compreensível: se as políticas que combatem a violência contra a mulher já não são efetivas o suficiente, pode-se esperar ainda menos efetividade de punição em violências de nicho – embora essa também seja uma demanda urgente do movimento.
Mas Vanessa acredita na validade do dia de hoje: “as estatísticas mostram quanto a luta pela visibilidade e proteção das mulheres no Brasil precisa ganhar força”. Pelo fim da fetichização da mulher lésbica, votamos sim.
# Identificação com a luta
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Em todas as perguntas que Olga fez às entrevistadas deste especial, apenas uma demonstrava centelhas de esperança. “Por que o Dia da Visibilidade Lésbica é essencial em tempos de intolerância?” se desdobrou em confiança na luta que é conduzida diariamente por tantas mulheres.
A cantora Josyara não vê opção: uma vez que nasceu mulher e lésbica, sabia o que estava por vir. “A opressão mais dolorosa é o silenciamento de quem somos. É não poder existir sem estar sujeita a violências de todo tipo quando saímos na rua de mãos dadas com quem amamos”. A também cantora Karla da Silva divide uma opinião similar, incluindo sua profissão como espaço para militância: “Estamos aí, queremos nosso espaço, somos fortes, somos resistência e não aprendemos a desistir fácil. Da nossa forma, com a nossa arte, temos que ir contribuindo pelas mudanças”.
Para Joana Mendes, o Dia da Visibilidade Lésbica também tem tudo a ver com o eu, e não apenas com o sentimento de coletividade. “Você pode aprender um pouco sobre cuidado com seu corpo, com sua mente. Ver a resistência de mulheres de diferentes lugares da cidade e como isso reflete em você”.
A militância pode ser exaustiva, mas também recompensadora. E essa parece ser uma das maiores motivações para continuar na batalha. As representantes da Coletiva Luana Barbosa são otimistas: “esse está sendo o primeiro ano em que estamos vendo muitos eventos da visibilidade, em sua maioria puxados por nós mesmas, mulheres lésbicas”. Como cada mulher disse à Olga, à sua maneira, a luta não pode tardar. “Não podemos esperar isso vir de outros.”

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