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Conheça a EMDR, terapia de imersão indicada para vítimas de violência doméstica

Saiu no site EXTRA

 

Veja publicação original:   Conheça a EMDR, terapia de imersão indicada para vítimas de violência doméstica

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Por Louise Queiroga

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Uma técnica terapêutica que pode auxiliar vítimas de violência doméstica a se desvincularem de episódios de sofrimento é o reprocessamento de memória traumática, conhecido também como Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares (EMDR, da sigla em inglês para a expressão Eye Movement Desensitization and Reprocessing). Essa é a sugestão de tratamento dada pelo psiquiatra e neurocientista Diogo Lara. Para ele, as terapias de imersão se enquadram bem ao caso da advogada Luciana Sinzimbra, de 26 anos, que gravou, com um celular escondido dentro do quarto, as agressões do ex-namorado no último dia 15, em Goiânia. O caso gerou revolta entre internautas e celebridades, que se manifestaram por meio das redes sociais.

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Segundo a Polícia Civil de Goiás, Victor Augusto do Amaral Junqueira, de 24 anos, foi indiciado por lesão corporal, injúria, ameaça e violação de domicílio. Ele poderá ser preso caso descumpra as medidas protetivas aplicadas à vítima.

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Embora a denúncia tenha sido feita, e o inquérito concluído, com o caso remetido ao poder judiciário, o que aconteceu com a advogada é o exemplo de um evento traumático, que dificilmente se dissipa de uma hora para a outra. Lara, especialista em neurobiologia do comportamento, frisou que o EMDR pode ter vários enfoques, incluindo o objetivo de superar o abalo emocional decorrente de um trauma.

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— Talvez tenha também (para a vítima) algum desconforto com a exposição toda que recebeu, apesar do lado positivo para a conscientização da sociedade — afirmou. — O apoio da comunidade é um fator favorável.

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‘Bem fisicamente, abalada emocionalmente’

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O EXTRA entrou em contato, na manhã desta sexta-feira, com a irmã da advogada, que preferiu não comentar o caso. Ela afirmou que Luciana também optou por não conversar com a imprensa.

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A vítima se manifestou por meio de seu perfil no Instagram nesta quinta-feira, frisando que não divulgou as imagens nas redes sociais, mas como elas se alastraram pela web, está se fortalecendo para “ajudar no combate à violência doméstica”.

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“Graças a Deus estou bem fisicamente, porém, abalada emocionalmente. Quanto aos vídeos, estes foram divulgados sem o meu consentimento e se tornaram virais, exigindo de mim uma postura que não me sinto ainda preparada, mas estou me fortalecendo para me pronunciar em breve e ajudar no combate à violência doméstica. Espero que tudo se resolva da melhor forma possível”, afirmou a jovem.

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‘Eu vou te bater mais’, diz o agressor no vídeo

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O vídeo, que circula na internet, começa mostrando uma discussão entre o casal que, em pouco tempo, passa para a agressão física. Victor desfere golpes na ex-namorada, apesar de seus pedidos para que ele parasse, e, em determinado momento, aperta o pescoço dela com as duas mãos.

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“Eu tentei fazer uma surpresa”, diz o autor das agressões, com voz de choro.

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Em seguida, Luciana indaga: “E você acha justo chegar aqui e me bater?”.

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O ex-namorado responde que acha “super injusto” e ainda acrescenta: “Mas pelo menos acabou”. Depois ele reclama de certa falta de carinho que sentia da parte dela e volta a agredi-la. A jovem pede que pare, mas Victor responde: “Eu vou te bater mais”.

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Nervosa e com medo, Luciana exclama: “Você vai me matar desse jeito. Para! Para com isso!”.

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Ainda no dia 15, a advogada procurou a Delegacia da Mulher de Goiânia para registrar um boletim de ocorrência contra o ex-namorado e pediu medidas protetivas.

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‘Emoção negativa demais para darmos conta’

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O médico explicou que quando uma pessoa passa por um trauma, a sensação corporal do episódio fica registrada no corpo de alguma forma, como quando uma mulher sai de uma relação em que sofria violência doméstica.

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— Quando passamos por uma situação traumática é porque teve emoção negativa demais para darmos conta dela. Isso fica armazenado. No reprocessamento da memória negativa, é feito um estímulo pelo toque ou pelo campo visual (EMDR) ou auditivo do paciente, em que ele entra em contato com a cena, percebendo como o seu corpo está e o que está aparecendo em sua mente. Quando essa memória é aberta, ela é passível de ser transformada. Se você quer mexer no seu texto, por exemplo, tem que abrir o arquivo. Com a memória, é a mesma coisa. Você tem que abri-la. A gente faz um processo que habilita a capacidade de processar aquele conteúdo traumático — descreveu, ressaltando que, muitas vezes, apenas falar sobre o ocorrido não resolve. — É preciso tirar a raiz do trauma.

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Segundo o especialista, um relacionamento afetivo mexe com uma área muito complexa do indivíduo. Por isso, mesmo para as mulheres que ainda estão presas em um relacionamento abusivo, a terapia pode ser apropriada.

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— Tem uma parte da mulher que está apegada aquela situação de alguma maneira, e outra parte que está sofrendo. (Durante a terapia), ela pode se dar conta do que a está mantendo presa e pode se libertar dessas amarras, que são inconscientes. No EMDR, a consciência mergulha no território do inconsciente que estava deixando-a presa. Com isso, vem uma sensação de alívio muito grande — disse.

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‘O corpo tende a se proteger para não sofrer’

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O psiquiatra frisou ainda que episódios de violência geram reações diferentes para cada pessoa. Ao ser agredida ou abusada sexualmente, uma mulher pode ter uma reação chamada de congelamento.

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— Nessa situação ela se desconecta de suas emoções, como se estivesse num espaço paralelo, fazendo com que não sinta as coisas que estão acontecendo. Nesse quadro de desconexão, ela fica anestesiada, o corpo tende a se proteger para não sofrer — explicou. — Mas depois que sai dessa fase, não sai totalmente, aquilo fica na memória traumática. No reprocessamento dessa memória, o sentimento de congelamento surge novamente, a paciente fica dura, tensa. Mas ao longo da terapia vai descongelando, voltando a ficar saudável.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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