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COLUNA | DISCURSO DE CRISTINA, COTADA À VITÓRIA, SIMBOLIZA AVANÇO DO FEMINISMO NA ARGENTINA

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Veja publicação original: COLUNA | DISCURSO DE CRISTINA, COTADA À VITÓRIA, SIMBOLIZA AVANÇO DO FEMINISMO NA ARGENTINA

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Ex-presidente e senadora pode passar a ocupar um lugar único na história da representatividade feminina na política na América Latina

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Neste domingo, a Argentina vai às urnas, na eleição presidencial que pode levar Cristina Kirchner, de 66 anos, a um lugar único na história da representatividade feminina na política na América Latina. Até hoje, nenhuma mulher foi eleita três vezes compondo chapas presidenciais na região. Atualmente senadora por Buenos Aires, cargo que já ocupou outras três vezes (sendo uma por Buenos Aires e duas por Santa Cruz), Kirchner é a vice de Alberto Fernández. Nome mais tradicional na política que Fernández, ela refutou a possibilidade de liderar a chapa e diz que não tem pretensões de ser novamente chefe de Estado, mas tem o compromisso com a reconstrução do projeto peronista no país. Dessa vez, mais aberta à agenda feminista. Em 2007, foi a primeira presidenta eleita na Argentina, e reeleita em 2011 ainda no primeiro turno. Mas há um marco anterior, de 1974: a Argentina foi o primeiro país no mundo presidido por uma mulher, María Estela Martínez de Perón — mais conhecida como Isabelita Perón —, então vice do marido, Juan Domingo Perón. Assumiu quando ele morreu e esteve por dois anos no poder.

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A Kirchner que vai concorrer neste domingo se diz feminista, diferentemente da que venceu em 1997, que se dizia “feminina, e não feminista”. Ela afirma que foi sua filha, a ativista Florencia, de 29 anos, a maior responsável por fazê-la reconhecer a importância de ser parte do feminismo. Ainda assim, Kirchner não faz o estilo “levantar bandeira” e por vezes ainda é criticada pelas feministas organizadas. Em 2018, num dos momentos mais marcantes da luta das mulheres no país, quando o Congresso votou projeto que descriminalizaria a interrupção da gravidez até a 14ª semana, ela votou a favor. A lei não foi aprovada por sete votos, com placar de 38 votos contra e 31 a favor.

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O acesso ao aborto legal está na pauta do país, no centro do debate político e conta com um ativismo forte. Foi usado ao longo da campanha, inclusive, para atacar a chapa peronista, com campanhas virtuais e memes que circulam sugerindo que caso Alberto Fernández seja eleito, medicamentos abortivos serão distribuídos “como balas”. Diferentemente das eleições de 2018 no Brasil, temas de moral e costumes já não parecem mobilizar tanto os ânimos do eleitorado conservador argentino, mais preocupado com a pauta econômica, como têm indicado os poucos institutos de pesquisas que indicam vitória de Alberto Fernández.

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Nos anos 1990, era bem diferente. Mas a Argentina, não à toa, tem sido uma referência para os movimentos de mulheres na América Latina. O país caminhou bastante na agenda feminista. Atualmente, a representatividade feminina na política não é uma questão crítica por lá, como no Brasil, onde as mulheres ocupam apenas 15% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 16% no Senado. Houve uma forte construção, embasada pelo movimento feminista, que levou o país a beirar a paridade no Senado (42% são mulheres) e a chegar aos 39% de ocupação de cadeiras por mulheres na Câmara dos Deputados. A primeira lei de cotas da Argentina entrou em vigor em 1991, reservando 30% dos nomes em listas de candidaturas às mulheres. No Brasil, cota semelhante passaria a valer a partir das eleições de 2002. Neste domingo, as eleições gerais incluem ainda votações para a Câmara. Existe a expectativa de uma renovação no Senado, onde há um conservadorismo ainda latente e 24 nomes serão eleitos. É possível que a Argentina, na segunda-feira, amanheça ainda mais otimista quanto às possibilidades de avanços em votações importantes relacionadas aos direitos das mulheres no Congresso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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